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O italiano de 65 anos conduziu o seu primeiro treino na segunda-feira em Guayaquil, no Equador, antes daquele que deverá ser o seu primeiro jogo, se a sua transferência do Real Madrid for aprovada pela FIFA.
A AFP identifica cinco problemas que Ancelotti enfrenta:
1. Qualificar-se para o Mundial
"O único objetivo é ganhar o Mundial-2026", disse Ancelotti quando assumiu o cargo. Primeiro, tem de lá chegar.
O grupo sul-americano é uma maratona de dois anos e 18 jogos. A campanha do Brasil incluiu a primeira derrota em casa na qualificação para o Mundial, 0-1 no Maracanã para a velha inimiga Argentina, parte de uma série de três derrotas seguidas em 2023 que encerrou o reinado do técnico Fernando Diniz.
A última partida foi uma humilhação de 4-1 na Argentina, em março, que acabou com o antigo técnico Dorival Júnior. No entanto, o formato não perdoa.

Os seis primeiros do grupo de 10 seleções apuram-se diretamente para o Mundial. O Brasil está em quarto lugar, seis pontos à frente da Venezuela, que está em sétimo, a quatro jornadas do fim.
O Equador é o segundo do grupo, mas está apenas dois pontos à frente do Brasil, que recebe o Paraguai, quinto classificado.
A qualificação termina em setembro, com uma visita ao Chile, último classificado, e um jogo em casa contra a difícil Bolívia.
2. Encontrar um avançado
O Brasil continua a produzir atacantes talentosos, mas a fábrica de avançados clássicos parece ter estagnado. Neste século, Romário, Ronaldo e Adriano lideraram o ataque com muitos golos.
O jogador mais próximo de um camisola 9 clássico na equipa de Ancelotti é um jogador que o italiano treinou no Everton, Richarlison, agora no Tottenham.
No entanto, Ancelotti já venceu sem um avançado de raiz. A sua equipa vencedora da Liga dos Campeões de 2024 era liderada por dois brasileiros: Vinicius Jr, que está no plantel de Ancelotti, e Rodrygo, que não foi convocado. Ancelotti conta ainda com Raphinha, do Barcelona, que foi o melhor marcador da Liga dos Campeões desta época.
3. Organizar o meio-campo
O maior problema pode estar na capacidade de alimentar o ataque, disse o veterano jornalista desportivo brasileiro Juca Kfouri à AFP.
Com as academias brasileiras a privilegiarem médios defensivos e extremos rápidos em vez de criativos clássicos, a seleção enfrenta uma escassez de ideias no meio-campo.
Nos últimos dois jogos, Dorival Júnior testou Bruno Guimarães, Gerson, André e Joelinton na função. Nenhum convenceu.
No Real, Ancelotti "tinha Toni Kroos como linha de apoio para Vini". "O Brasil não tem um Toni Kroos", disse o escritor desportivo Tim Vickery no seu podcast "Brazilian Shirt Name".
Ancelotti chamou o antigo parceiro de meio-campo de Kroos no Real Madrid, Casemiro, embora o jogador de 33 anos, agora no Manchester United, seja principalmente um jogador defensivo para adicionar, disse o treinador, "carisma, personalidade e talento".
4. Encontrar laterais
A oferta de laterais de grande qualidade, como Carlos Alberto, Cafu e Roberto Carlos - outra marca das grandes equipas brasileiras - também se esgotou.
Ancelotti convocou Carlos Augusto, que fez parte da equipe do Inter esmagada na final da Liga dos Campeões, e escolheu a dupla do Flamengo Wesley Franca e Alex Sandro depois de vê-los jogar na semana passada na vitória por 1-0 sobre o Deportivo Tachira, da Venezuela, para a Libertadores.
5. Reconquistar os adeptos
Ancelotti precisa de reconstruir a ligação entre a seleção e o público. Parte do problema está no facto de, após vencer cinco Mundiais a praticar, na maioria das vezes, o "jogo bonito", os adeptos terem hoje pouca paciência para mediocridade.
Mas muitos também se afastaram da seleção devido à apropriação do icónico equipamento amarelo pelos apoiantes do ex-presidente de extrema-direita Jair Bolsonaro.
"Essa questão da extrema-direita apropriar-se da camisola afastou uma parte do país", afirmou Kfouri, acrescentando que Ancelotti apelou aos adeptos logo que assumiu o cargo: "Espero ter o apoio e a ajuda do país".