Há cinco dias, Burn recebeu um telefonema do novo selecionador de Inglaterra, Thomas Tuchel, que o informou que ele fazia parte dos convocados para os jogos de qualificação para o Mundial contra a Albânia e a Letónia, em Wembley.
No domingo, o cabeceamento majestoso de Burn, o seu primeiro golo da época, abriu caminho para o primeiro troféu nacional do Newcastle em 70 anos, uma vitória por 2-1 na final da Taça da Liga contra o Liverpool.
Por isso, na terça-feira, ele era o homem com quem toda a gente queria falar no quartel-general de St George's Park, em Inglaterra.
"Já tive semanas piores", disse Burn aos jornalistas. "Quando eram seis da noite de quinta-feira e ainda não tinha ouvido nada, disse à minha mulher: 'Acho que não vai acontecer nada', e depois recebi uma mensagem a dizer: 'Ainda estás acordado?"
"Tuchel disse que estava a telefonar a todos os que não tinham sido convocados, por isso, mais uma vez, pensei que não ia ser convocado. Mas depois ele disse que só precisava de acabar o dia com uma boa nota e que me queria no plantel", contou.
A convocatória de Burn dá continuidade a uma história comovente de um jogador que teve de escalar para chegar até ao topo do futebol inglês.
Nascido em Blyth, perto de Newcastle, Burn começou a carreira no Blyth Spartans antes de se transferir para o Darlington. Passou cinco anos no Fulham, incluindo empréstimos ao Yeovil Town e ao Birmingham City, mas foi dispensado em 2016.
Após uma passagem pelo Wigan Athletic, a sua versatilidade atraiu o Brighton e, depois de se estabelecer como defesa da Premier League, o seu amado Newcastle bateu à porta em janeiro de 2022, pagando 15 milhões de euros para o levar para casa.
Herói popular
O papel de Burn no triunfo do Newcastle na Taça da Liga cimentou-o na história do clube, mas agora o seu objetivo é ainda mais ambicioso: a fase final do Mundial do próximo ano.
"Não quero ser apenas um líder para os adeptos, quero jogar", disse Burn aos jornalistas. "Quero causar a maior impressão possível e depois tentar chegar ao próximo estágio, mas, obviamente, o sonho de qualquer criança é jogar um Mundial".
"Por isso, saber que tenho essa oportunidade, se a aproveitar, é especial. Quando se é preterido em tantas partidas internacionais, aceita-se que o tempo passou, mas felizmente o novo técnico apostou em mim".
Burn, que mede 2 metros, já atuou em várias posições da defesa ao longo da carreira, inclusive como lateral-esquerdo, e disse que até jogaria a lateral-direito para entrar em campo, ainda que tenha sido como defesa-central que deixou a sua marca, como alguns dos seus novos companheiros de equipa ingleses lhe recordaram na segunda-feira.
"Lembro-me de ter esmagado Jared (Bowen) quando ele estava no West Ham e fui logo pedir-lhe desculpas", disse Burn, acrescentando que a sua carreira o tornou mais resistente.
"Sei no que sou bom e a única opinião que me interessa é a do Eddie Howe (técnico do Newcastle) e a dos treinadores", contou.
"Já duvidaram muito de mim ao longo da minha carreira. Acho que poucas pessoas que me viram jogar em Darlington teriam dito que eu estaria aqui sentado a dar uma conferência de imprensa pela Inglaterra, mas sinto que mereço estar aqui", finalizou o defesa.