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Como o PSG anulou o Atlético no Mundial de Clubes: os dados que contam a história do jogo

Doué tenta fugir da oposição dos adversários
Doué tenta fugir da oposição dos adversáriosAA/ABACA / Abaca Press / Profimedia
Não restam dúvidas de que o Paris Saint-Germain está a encarar o Mundial de Clubes com máxima seriedade.

Recorde as incidências da partida

Tradicionalmente um torneio de dimensão reduzida, antes da FIFA decidir voltar a encher o calendário com mais jogos, o Mundial de Clubes era quase sempre conquistado pelos campeões europeus, que regressavam ao continente com o troféu na bagagem.

PSG deu sinal de força

Desta vez, o PSG terá de ultrapassar todos os obstáculos se quiser sair vencedor do Mundial de Clubes e já deu um sério aviso ao golear o Atlético de Madrid por 4-0, numa exibição de autoridade.

Antes do aguardado duelo entre franceses e espanhóis, mais de 60 mil adeptos marcaram presença no jogo de abertura, que terminou com um empate sem golos entre Al Ahly e Inter Miami. Em contraste, o Bayern de Munique deixou claro o fosso de qualidade que existe neste torneio ao esmagar o Auckland City com uns expressivos e desequilibrados 10-0.

Enquanto espetáculo, nenhum dos dois jogos anteriores serviu como grande cartão de visita para o ambicioso projeto de Gianni Infantino. Felizmente, Atlético de Madrid e PSG ofereceram um verdadeiro espetáculo, digno de empolgar os adeptos e justificar as expectativas.

Antes da partida no histórico Rose Bowl, os colchoneros tinham razões para acreditar numa nova vitória, depois de terem batido a equipa de Luis Enrique na Liga dos Campeões durante a época 2024/25.

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O Atleti foi o primeiro a ser batido

Alexander Sørloth, autor de 20 golos na LaLiga, rivaliza em números com Ousmane Dembélé, que apontou 21 na Ligue 1 na época 2024/25. Ainda assim, nenhum dos dois foi titular neste encontro e, no caso de Dembélé, nem sequer foi incluído na lista de convocados devido a uma lesão sofrida ao serviço da seleção.

Como era de esperar, o PSG assumiu o controlo do jogo desde o apito inicial, registando impressionantes 82,2% de posse de bola nos primeiros 15 minutos.

Estatísticas do jogo Paris Saint-Germain vs Atlético de Madrid
Estatísticas do jogo Paris Saint-Germain vs Atlético de MadridOpta by Stats Perform

Antes mesmo de Fabián Ruiz abrir o marcador aos 18 minutos, na sequência de uma assistência de Khvicha Kvaratskhelia - o extremo georgiano já tinha protagonizado dois remates perigosos, um deles enquadrado. Gonçalo Ramos também ameaçou com um remate à baliza.

O avançado português voltou a tentar a sorte por mais duas vezes antes do intervalo. Só nos descontos da primeira parte é que Antoine Griezmann conseguiu fazer o primeiro remate enquadrado do Atlético.

Pouco depois, Kvaratskhelia voltou a ser decisivo: o seu passe encontrou Vitinha, que ultrapassou uma defesa do Atleti completamente estática e fez o segundo golo da noite.

818 passes feitos contam a história do jogo

A expulsão de Clement Lenglet, a 13 minutos do fim, acabou por selar qualquer esperança de reação por parte do Atlético. E embora os terceiro e quarto golos do PSG - apontados por Senny Mayulu e Lee Kang-in, aos 86 e 96 minutos - só tenham surgido nos instantes finais, a vitória já estava garantida há muito.

Os números falam por si: no final da partida, os campeões franceses somavam 818 passes completos, contra apenas 276 dos colchoneros.

A equipa de Diego Simeone foi, por vezes, um verdadeiro cordeiro levado ao matadouro, perante um PSG que parece apostado em manter a excelente forma exibida na temporada passada. Houve momentos em que aquilo que se viu em campo foi puro espetáculo.

A rede de passes do PSG contra o Atlético de Madrid
A rede de passes do PSG contra o Atlético de MadridOpta by Stats Perform

Com 11 remates enquadrados, o PSG evidenciou uma equipa virada para o ataque durante os 90 minutos, sem nunca descurar o equilíbrio defensivo. Prova disso é que o único remate à baliza do Atlético foi o de Griezmann, já nos descontos da primeira parte.

Mas o que impressionou verdadeiramente não foi apenas a fluidez ofensiva dos parisienses. Mesmo a jogar em alta rotação, a equipa manteve uma notável precisão de passe: 92,7%.

Apenas três jogadores do PSG terminaram abaixo dos 90% de eficácia no passe, precisamente o oposto do Atlético, que teve apenas três jogadores a superar essa marca.

Cansaço no jogo do Atleti

Apesar de o Atlético estar habituado a ceder a posse em certos jogos, como acontece frequentemente frente ao Barcelona - o encontro de domingo revelou-se particularmente desgastante para os colchoneros.

O PSG, por outro lado, apresentou-se com energia e frescura, e é difícil não pensar que os efeitos físicos deste torneio só se farão sentir mais tarde, provavelmente algumas semanas após o arranque da época 2025/26, quando o desgaste acumulado da ausência de férias no verão começar a pesar (mais uma vez).

Ainda assim, o cansaço evidente do Atleti não deve, de forma alguma, retirar mérito à exibição absolutamente dominadora do Paris Saint-Germain. Sob o comando de Luis Enrique, o clube parece estar a voar.

Antoine Griezmann, do Atlético de Madrid, durante o encontro
Antoine Griezmann, do Atlético de Madrid, durante o encontroAlize DALLY / Sipa Press / Profimedia

Apenas quatro jogadores do PSG, entre eles o guarda-redes Gianlugi Donnarumma e o suplente Warren Zaire-Emery - não tocaram na bola dentro da área adversária. Pelo menos cinco jogadores deram mais de quatro toques na área do Atlético, enquanto os espanhóis conseguiram, no total, apenas 11 toques na zona oposta.

Talvez o dado mais impressionante da noite tenha sido, contudo, a solidez defensiva e a consistência do meio-campo parisiense. A qualidade ofensiva do PSG é amplamente reconhecida, mas os seus atributos defensivos continuam a ser menos celebrados, apesar de desempenharem um papel crucial em exibições de domínio como esta.

PSG venceu o Atleti no seu próprio jogo

Frente a uma equipa como o Atlético de Madrid - conhecida pela sua abordagem física e combativa - o Paris Saint-Germain poderia ter sido travado. No entanto, foram os parisienses que, mais uma vez, ditaram o ritmo da partida.

Desire Doué, que tem vindo a destacar-se pelo seu brilhantismo ofensivo, foi também um dos jogadores mais intensos em campo: participou em 16 duelos ao longo do jogo, mais do que qualquer outro. Logo atrás surgiu Kvaratskhelia, com 13 duelos ganhos. Do lado do Atlético, o mais ativo nesse capítulo foi Marcos Llorente, com apenas nove.

Em praticamente todos os aspetos do jogo, a equipa espanhola foi inferior e Diego Simeone dificilmente poderá queixar-se do resultado final.

Ainda assim, o treinador argentino terá certamente refletido sobre como é que uma equipa que venceu apenas três dos dez desarmes tentados conseguiu, mesmo assim, dominar completamente o Atlético, com direito a 27 dribles bem-sucedidos frente a uma formação que se notabilizou precisamente por negar tempo e espaço aos adversários.

Fica matéria para reflexão antes da próxima jornada.

Análise de Jason Pettigrove
Análise de Jason PettigroveFlashscore