Público insatisfatório, mas muito bom ambiente nas bancadas
A falta de estádios cheios é, de longe, a maior mancha na imagem do Mundial de Clubes. Os belos estádios brilham no vazio, o que tira muito do charme do evento, mas esse facto foi agravado por uma série de fatores que a FIFA não percebeu - começando com os altos preços dos bilhetes no início das vendas e terminando com o péssimo marketing do evento. Vale lembrar que o duelo entre Pachuca e RB Salzburgo teve 5.000 espectadores nas bancadas de um estádio com capacidade para 25.000 pessoas.
Embora muitas vezes faltem adeptos nas bancadas, não se pode dizer que não haja entusiasmo e animação no público. Os adeptos dos clubes argentinos ou brasileiros, em particular, divertem-se muito nas bancadas e apoiam as suas equipas. O mesmo se pode dizer, por exemplo, dos adeptos do Urawa Red Diamonds. Podem não ter sido vários milhares nas bancadas no confronto com o River Plate, mas criaram um excelente ambiente, apresentando-se ao mundo como adeptos ferrenhos do futebol.
Resto do mundo não está a vergar-se perante a Europa
É certo que o Bayern de Munique esmagou o clube semi-profissional Auckland City, da Nova Zelândia, por 10-0, ou a Juventus derrotou sem problemas o Al-Ain por 5-0, mas a Europa não dominou os seus rivais na primeira ronda, como foi anunciado antes do início do torneio.
Embora nenhuma equipa da Europa tenha perdido um jogo contra um representante de outro continente (o Atlético sucumbiu perante o PSG no único confronto europeu), o maior domínio do Velho Continente sobre os outros era definitivamente esperado. Dos 10 duelos entre Europa e Resto do Mundo, apenas metade terminou com vitórias dos primeiros.
Grandes clubes europeus como o FC Porto, o Benfica, o Borussia Dortmund, o Inter e o Real Madrid não encontraram forma de derrotar clubes de outros continentes. As três primeiras equipas empataram com clubes da América do Sul, a equipa italiana dividiu pontos com o Monterrey do México e o Real não conseguiu vencer o Al Hilal.
Inovações tecnológicas e mudanças nas regras e na cobertura televisiva
O Mundial de Clubes constituiu uma oportunidade para a FIFA testar várias inovações que ajudam os árbitros e dissipam as dúvidas dos adeptos nas bancadas. A primeira delas é a comunicação dos árbitros após a análise do VAR. Os árbitros, depois de se afastarem do monitor, comunicam através de um microfone em que se basearam para tomar uma determinada decisão, o que esclarece os adeptos muitas vezes confusos nas bancadas, mas também os que estão em frente aos televisores, sobre a razão pela qual decidiram desta forma e não daquela e, ao contrário dos receios anteriores, não demora muito tempo.
Outra inovação que está a ser testada é o refinado sistema semi-automático de fora de jogo. Os árbitros assistentes recebem informações praticamente em tempo real sobre se um jogador estava ou não atrás da linha defensiva no momento do passe. Isto elimina os recentes casos frequentes de deixar seguir o jogo, apesar de o jogador estar fora de jogo, para completar a ação e, mais tarde, verificar se o jogador estava em posição irregular. Agora, os árbitros reagem muito mais rapidamente, o que acelera o jogo e reduz o risco de lesões no calor da batalha.
Também nova é a regra dos oito segundos para os guarda-redes. Neste caso, se o guarda-redes segurar a bola sem iniciar o jogo durante mais tempo do que o permitido, é atribuído um pontapé de canto à equipa adversária. O primeiro árbitro a aplicar esta regra foi Clement Turpin, durante o jogo do Mamelodi Sundowsns contra o Ulsan HD, quando o guarda-redes da equipa sul-africana segurou a bola durante demasiado tempo. Também o vimos durante o jogo do Al Hilal contra o Real Madrid, no final do jogo, quando, depois de Bono ter segurado a bola nas mãos durante demasiado tempo, a equipa espanhola começou o jogo a partir de um canto do campo.
Outra "novidade" em relação aos jogos "normais" é a saída dos jogadores para o relvado. As equipas não saem juntas para a área de jogo, como acontece nos jogos normais. Aqui, cada jogador é apresentado individualmente e, depois de ser chamado pelo locutor, dirige-se para o relvado, dando a cada um dos onze jogadores iniciais os seus "cinco minutos de fama" perante os adeptos.
Outra característica interessante para os adeptos em frente à televisão é o painel de substitução. Acima deste, é apresentado o número de substituições que faltam para o treinador. Isto facilita a perceção do espetáculo e garante que não é necessário perguntar quantas opções de rotação uma equipa ainda tem, uma vez que tudo é claramente mostrado acima do resultado do jogo.
Problemas com as condições climatéricas
Durante a primeira ronda de jogos, dois jogos sofreram com as condições climatéricas. O confronto entre Ulsan e Mamelodi foi adiado por uma hora e o duelo entre Pachuca e RB Salzburgo foi interrompido por cerca de uma hora e meia. Tudo isto se deveu ao facto de as condições meteorológicas adversas terem pregado partidas aos organizadores. Nos EUA, existem regras de segurança que não permitem a realização de eventos desportivos se houver relâmpagos num raio de 13 km do local do evento. Assim, mesmo que não esteja a chover, os jogos ou outras atividades são interrompidos por razões de saúde dos atletas e dos espectadores.
Não são apenas as chuvas, as trovoadas e os furacões, mas também o calor e a hora dos jogos que incomodam os futebolistas. Na quarta-feira, por exemplo, durante o jogo entre o Al Hilal e o Real Madrid, disputado em Miami, a temperatura do ar era de 31 graus à sombra e o jogo foi disputado em pleno sol, pois começou às 15:00, o que afetou a forma e a saúde dos futebolistas. Xabi Alonso contou, após o jogo, que "Vinicius teve o tornozelo ligado porque começou a sentir cãibras devido à temperatura e ao relvado" e, na conferência, acrescentou: "Não é a melhor temperatura, condições ou hora para jogar futebol. No entanto, sabemos que não é apenas uma decisão desportiva jogar a esta hora".
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