O sorriso de Obed Vargas é contagiante. Depois de perder 1-3, pelo Seattle Sounders, contra o Atlético de Madrid, no segundo jogo da fase de grupos do Campeonato do Mundo de Clubes, o número 18 do clube americano ficou sem palavras quando conheceu Antoine Griezmann, o seu ídolo.
"É o meu jogador preferido, um ícone do Atleti, sigo-o desde miúdo", disse o jovem à DAZN.
Orgulhoso com uma camisola com o número 7 do clube colchonero, Obed Vargas está a realizar um sonho.
"Sou adepto do Atlético desde os 10 anos. Cresci muito longe da equipa, porque estava no Alasca, mas é uma grande honra jogar contra eles hoje. O Atlético é um clube de lutadores, que consegue resultados do nada, e eu identifico-me muito com isso", explicou.
E Obed Vargas sabe muito bem o que é começar do nada.
"Toda a gente me pergunta se vivo num iglu quando digo que sou do Alasca", ri-se.
Nascido em Anchorage, a cidade mais populosa do Alasca, rematou as bolas de futebol na sala de estar da casa da família, sem poder sair por causa do frio, e partiu algumas janelas de armários no processo. Para progredir como futebolista, o filho de dois imigrantes mexicanos não podia contar com o apoio de um centro de formação ou de uma equipa profissional. Foi o seu pai, Ober Sr., que jogava nas equipas jovens do Monarcas Morelia, no sul do México, que lhe deu sessões extra, para além das do seu clube, o Cook Inlet SC.
Uma infância sem referências
"Crescer a jogar futebol no Alasca é realmente único", explicou Obed Vargas num documentário produzido pela MLS.
"Não há tantas equipas, não há tantas competições. Há talvez quatro ou cinco equipas em todo o estado. E o nível no Alasca não é tão alto e competitivo como nos outros 48 estados", disse.
Nunca nenhuma equipa da MLS tentou estabelecer-se neste 49.º estado americano, isolado do resto do mundo e com uma população muito reduzida (733.406 habitantes em 2023).
"Éramos a melhor equipa do Alasca, tínhamos ganho a Taça do Estado quatro vezes, mas eu estava convencido de que, se jogássemos fora do Alasca, seríamos a pior equipa. Isso manteve-me de pé. Eu era o melhor jogador do estado, mas não tinha ideia de onde isso me levaria, porque nenhum jogador vem do Alasca", explicou o jovem de 19 anos, que agora é um exemplo para todos os jovens do Alasca.
Para chegar ao próximo nível, no entanto, Obed não teve escolha a não ser deixar o Alasca e a sua família unida para trás. Aos 14 anos, participou em provas a 3650 quilómetros de distância, em Seattle, no estado "mais próximo" a norte da Califórnia, e foi o único do seu grupo de três a ser imediatamente selecionado pelos treinadores.
"Quando lá cheguei, pensei que seria um jogador decente, talvez não suficientemente bom, mas apercebi-me que era melhor do que pensava", disse ao site do clube.

Terceiro mais jovem a estrear-se na MLS
E as coisas aconteceram muito rapidamente. Depois de se tornar capitão dos sub-15 dos Seattle Sounders, foi logo convocado para a seleção sub-15 dos EUA e assinou o seu primeiro contrato profissional a 7 de maio de 2021, apenas dois anos após a sua chegada à academia, com o Tacoma Defiance, a equipa de reservas dos Sounders. E dois meses depois, o impossível aconteceu: estreou-se na equipa principal da MLS, como titular, contra o Austin.
"O treinador tinha falado dar uma oportunidade aos novos jogadores, porque havia muitos lesionados. Ele olhou para mim e disse: 'Há um miúdo de 15 anos nesta sala. Ele vai ser titular amanhã', e eu era o único miúdo de 15 anos na sala", recordou.
Aos 15 anos e 351 dias, Obed Vargas tornou-se o terceiro jogador mais jovem da história da MLS, atrás de Freddy Adu e Alphonso Davies. Desde então, assinou um contrato de quatro anos com a equipa principal, estabeleceu-se como titular e conquistou a Liga dos Campeões da CONCACAF em 2022. Entretanto, mudou a sua nacionalidade desportiva, deixando os sub-23 dos EUA para jogar pelo México, a equipa com que o seu pai sempre sonhou jogar. Ironicamente, foi contra os Estados Unidos que fez a sua estreia pela El Tri, num particular no dia 16 de outubro de 2024. É, assim, o primeiro jogador nascido no Alasca a tornar-se internacional na história.
Aos 19 anos, já disputou 100 jogos pelo Seattle Sounders, o jogador mais jovem a atingir essa marca. A pepita do futebol americano está agora a sonhar com um futuro na Europa. E pretende aproveitar este último jogo, contra o PSG, no Campeonato do Mundo de Clube,s para mostrar aos olheiros o seu valor.
Mas o diretor-geral do Seattle Sounders, Craig Waibel, está bastante confiante quanto ao seu futuro: "Nesta fase, diria que não sei se há algum clube no mundo que não saiba quem ele é. Todos os que têm ferramentas de análise deram o alarme sobre ele".
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