Sob o comando do treinador português, a equipa do Rio de Janeiro qualificou-se para os oitavos de final a partir de um difícil Grupo B e deixou um momento inesquecível com uma vitória por 1-0 sobre o campeão europeu PSG. A derrota por 1-0 com o Atlético de Madrid, na segunda-feira, não teve importância, porque o objetivo de avançar foi alcançado.
"Se o Renato Paiva tivesse dito no Brasil (antes de viajar) que íamos passar neste grupo, teria sido alvo de piadas de toda a gente. Fizemos o que ninguém esperava e temos que valorizar isso. Os adeptos do Botafogo têm que ter orgulho da equipa e de todo o futebol brasileiro", comemorou o treinador em conferência de imprensa.
A reação de um campeão da América
Paiva assumiu o comando do Fogão no final de fevereiro, num momento em que os cariocas estavam longe do nível alcançado no ano passado, quando conquistaram uma dobradinha histórica com os títulos da Taça Libertadores e do Brasileirão sob o comando de outro técnico que chegou ao Brasil vindo de Portugal, Artur Jorge. Aos poucos, a equipa foi reencontrando o caminho e agora é destaque no Mundial de Clubes.
"Para quem só ia conhecer o Mickey, não é mau de todo", brincou o lateral Alex Telles aos microfones da plataforma desportiva DAZN.
"Gabriela, cravo e canela"
"O Brasil é um país enorme, com um futebol muito especial, com muitos bons jogadores (...). Sinto-me muito orgulhoso por representar o Brasil", disse Paiva após a qualificação.
É um país que o fascina. Em entrevista ao jornal O Globo, o treinador do Botafogo recordou a sua infância em Portugal, mais marcada pelo boom internacional das telenovelas brasileiras do que pelos desenhos animados da Disney do famoso Rato Mickey.
"Tem a ver com a minha cultura, com a minha infância. Passei a minha infância à espera de 'Gabriela, Cravo e Canela', às nove da noite, que foi a primeira grande telenovela a chegar a Portugal", recordou, referindo-se à telenovela de 1975 adaptada do conhecido livro de Jorge Amado, de 1958, protagonizada por Sónia Braga.
A música de artistas como Gal Costa, Rita Lee e Caetano Veloso também tocava em sua casa. Não admira, portanto, que a sua mulher, a psicóloga desportiva Michelle Rizkalla Melhem, seja brasileira. Paiva riu ao lembrar dela quando, após a vitória do Botafogo sobre o PSG, recebeu um beijo emocionado do dono do clube, John Textor, diante das câmeras de TV.
"Preferia um beijo da minha mulher, mas...", riu-se.
América
A carreira de treinador de Renato Paiva começou no Benfica, onde se dedicou à formação de jovens promissores nos escalões de formação. Apesar de ter subido à equipa principal como treinador interino entre julho de 2018 e janeiro de 2019, a sua consagração como treinador viria longe de casa, quando fez as malas para treinar o América, do México.
Campeão no Equador com o Independiente del Valle na temporada 2021/22, o seu trabalho continuou no México com León e Toluca, e no Brasil com Bahia e, agora, Botafogo.
Com estilo mordaz na sala de imprensa, Paiva ambiciona mais. A solidez defensiva da dupla de defesas formada por Jair Cunha e o impecável argentino naturalizado uruguaio Alexander Barboza, a capacidade de filtragem de passes do venezuelano Jefferson Savarino e a habilidade de Igor Jesus na marcação de golos são alguns dos motivos que o levaram a fazer isso.
Antes de enfrentar o PSG, avisou que "o cemitério do futebol está cheio de favoritos". Está a preparar-se para o próximo funeral, com o difícil Palmeiras do seu compatriota Abel Ferreira como adversário nos oitavos de final, no sábado.
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