O Mamelodi Sundowns, uma equipa habituada a dominar a posse de bola, poderá ver o seu tempo com a bola consideravelmente reduzido no Campeonato do Mundo de Clubes, advertiu o treinador Miguel Cardoso.
O clube de Pretória é apontado como um dos outsiders no Grupo F, onde Fluminense e Borussia Dortmund partem como favoritos a garantir a passagem à fase a eliminar, nos Estados Unidos, em detrimento do Mamelodi Sundowns e da formação sul-coreana Ulsan.
"Estamos habituados a controlar os jogos no campeonato sul-africano", afirmou o treinador português de 53 anos, que recentemente conquistou o título nacional pela oitava vez consecutiva.
"A nossa posse de bola costuma rondar os 70%, por vezes até mais. Agora temos de nos preparar mentalmente para cenários em que serão os nossos adversários a dominar a posse. Duvido que consigamos controlar os jogos como fazemos regularmente na África do Sul", disse à imprensa sul-africana, antes de partir para a América do Norte com um plantel de 26 jogadores.
Cardoso apontou o Borussia Dortmund como uma equipa que representa um tipo de desafio muito distinto daquele a que o Mamelodi Sundowns está habituado nas competições sul-africanas e africanas.
"O Dortmund joga com um ritmo muito elevado e um estilo agressivo, típico do futebol alemão", afirmou o treinador português, que conta com passagens por Portugal, Ucrânia, França, Espanha e Grécia.
Cardoso transferiu-se para o continente africano em 2024, conquistando o título da liga tunisina com o Espérance e conduzindo o clube até à final da Liga dos Campeões da CAF, onde foi derrotado pelo Al Ahly do Egito.
O Sundowns, o Al Ahly, o Espérance e o Wydad Casablanca - clube marroquino com 20 títulos da Liga dos Campeões da CAF - são os representantes africanos na nova edição do Campeonato do Mundo de Clubes, que contará com 32 equipas a partir de 14 de junho.
O técnico português foi afastado do Espérance no ano passado, após uma campanha discreta no Campeonato Africano, tendo sido contratado pelo Sundowns depois da derrota frente ao Magesi na final da competição.
O "nosso" Lionel Messi
Cardoso conduziu o Mamelodi Sundowns à conquista do título nacional, mas uma surpreendente derrota nas meias-finais da Taça da África do Sul frente ao Kaizer Chiefs acabou por deitar por terra as aspirações de uma dobradinha doméstica.
A desilusão foi ainda maior na Liga dos Campeões da CAF. Depois de eliminar o Espérance e o Al Ahly, o Sundowns acabou por perder a final frente ao Pyramids, clube egípcio que disputava apenas a sua segunda participação na competição continental.
"A ideia de que os clubes africanos não têm organização, sobretudo a nível defensivo, é falsa", defende Cardoso.
No entanto, foi precisamente uma sucessão de erros defensivos, tanto em Pretória como no Cairo, que custou ao Sundowns a oportunidade de conquistar a Liga dos Campeões pela segunda vez, depois do histórico título alcançado em 2016.
Uma marcação permissiva permitiu ao Pyramids empatar o jogo nos descontos, na África do Sul, e novas falhas defensivas - com marcações mal feitas e ainda mais frouxas - resultaram nos golos que garantiram aos egípcios a vitória por 2-1 no jogo da segunda mão.
Para o Campeonato do Mundo de Clubes, Cardoso convocou um plantel composto por 20 jogadores sul-africanos, dois brasileiros, um chileno, um ugandês, um zimbabuano e um namibiano.
O guarda-redes suplente Denis Onyango, do Uganda, é o elemento mais experiente do grupo, com 40 anos, enquanto o extremo sul-africano Kutlwano Letlhaku, de apenas 19 anos, é o mais jovem do lote.
Ronwen Williams, guarda-redes titular do Sundowns, esteve em destaque ao defender quatro penáltis na disputa dos quartos de final da Taça das Nações Africanas de 2024, frente a Cabo Verde.
Khuliso Mudau é um lateral refinado, Teboho Mokoena um médio combativo com um remate poderoso, e o avançado brasileiro Lucas Ribeiro conquistou a Bota de Ouro da liga sul-africana na época passada, com 16 golos.
No entanto, grande parte da atenção dos adeptos sul-africanos no Campeonato do Mundo de Clubes estará centrada em Themba Zwane, médio criativo de 35 anos que não participou na final da Liga dos Campeões da CAF.
A sua ausência causou polémica. Joel Masilela, antigo jogador do Sundowns, não escondeu a revolta com a exclusão de Zwane:
"Ele é o nosso Lionel Messi e devia ter sido titular, ou pelo menos ter saído do banco. O Cardoso custou-nos um título da Liga dos Campeões", disparou Masilela.
"O Cardoso custou-nos um título da Liga dos Campeões."