O avançado Raphinha, do Barcelona, inflamou os ânimos antes do clássico ao afirmar que era preciso dar "porrada" nos argentinos.
No entanto, dentro de campo, no Estádio Monumental, em Buenos Aires, a seleção canarinha protagonizou uma exibição dececionante e teve de ouvir os gritos de "olé" vindos das bancadas desde os primeiros minutos do jogo.
Julián Alvarez, Enzo Fernández, Alexis Mac Allister e Giuliano Simeone marcaram para a Argentina, enquanto Matheus Cunha descontou para o Brasil, que não contou com Neymar, mais uma vez lesionado.
"Depois desta vergonha, é preciso mudar tudo, começando por Dorival. Não pode continuar como selecionador do Brasil, porque já não sabe o que fazer. Foi um massacre", escreveu o comentador Walter Casagrande.
As declarações de Raphinha entusiasmaram alguns adeptos brasileiros, mas, após a goleada em Buenos Aires – que deixou a canarinha na quarta posição das Eliminatórias, a 10 pontos da líder Argentina –, as palavras do avançado acabaram por se virar contra ele.
"O Raphinha entrou em campo? O falador foi o pior jogador da primeira parte", continuou Casagrande. "Além de se esconder do jogo, errou tudo, porque claramente sentiu a pressão e não sustentou o que disse."
Dorival pede desculpas
"Peço aqui até desculpas ao adepto brasileiro(...) É uma derrota marcante", admitiu Dorival na conferência de imprensa após o jogo em Buenos Aires.
"Em todos os anos e vivência dentro do futebol, talvez seja o momento mais delicado", acrescentou o treinador.
Dorival Júnior assumiu a Seleção em janeiro de 2024, após a breve passagem de Fernando Diniz e uma tentativa frustrada de contratar o italiano Carlo Ancelotti, técnico do Real Madrid.
Com os rumores sobre a sua possível demissão e o nome de Ancelotti de volta aos holofotes, Dorival reiterou que "encontrará um caminho" para levantar a equipa.
Na próxima jornada dupla das Eliminatórias, no início de junho, o Brasil visita o Equador e recebe o Paraguai.
Embora a qualificação para o Mundial-2026 não esteja propriamente em risco, o tempo está a escassear para que a seleção canarinha volte aos trilhos e apresente um desempenho à altura da sua história.
Por enquanto, Dorival mantém o apoio dos seus jogadores. "É difícil falar apenas do Dorival, todos nós podemos fazer melhor. Temos de dividir a culpa e, daqui para frente, fazer mais e melhorar", afirmou o capitão Marquinhos após a derrota.
"Tristeza" presidencial
A derrota da seleção brasileira ultrapassou o âmbito desportivo e teve repercussões até do outro lado do mundo, no Japão, onde o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se declarou "triste" pela goleada sofrida durante a sua visita de Estado.
Por outro lado, a ausência do recém-reeleito presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, no Estádio Monumental gerou especulações sobre um possível "distanciamento" entre a direção do futebol brasileiro e Dorival.
"Em nenhum momento ele (Ednaldo) deixou de estar presente, de nos apoiar (...) Teve naturalmente este processo eleitoral agora", mas "em nenhum momento ele faltou, no sentido geral", afirmou o treinador.