O técnico italiano tentou dissipar as dúvidas: "Neymar teve um pequeno problema de lesão e não precisamos de testá-lo". Uma justificação que, no entanto, foi prontamente contestada pelo próprio jogador. Num movimento que incendiou a polémica, Neymar disparou: "Acho que me deixaram de fora por razões técnicas. Não acho que tenha algo a ver com minha condição física".
Desde o conturbado Mundial-2022, a presença de Neymar no Brasil tem sido um capítulo de escassez. De 27 partidas possíveis, esteve em campo em apenas quatro. Um contraste gritante com o passado, quando o craque ostentava uma média de 73,37% de presença em 124 das 169 partidas, desde a estreia.
Mesmo ausente, o brilho intenso
Apesar da diminuição drástica de oportunidades, Neymar ainda conseguiu deixar sua marca nos poucos minutos em que esteve em campo:
9 de setembro de 2023: Brasil 5-1 Bolívia (2 golos, 1 assistência, 1 penálti falhado)
13 de setembro de 2023: Peru 0-1 Brasil (1 assistência)
13 de outubro de 2023: Brasil 1-1 Venezuela (1 assistência).
18 de outubro de 2023: Uruguai 2-0 Brasil (o fatídico dia da grave lesão no joelho).
A dependência do camisola 10 pelos pentacampeões mundiais é inegável nos números. Sem ele, o Brasil anotou 34 golos em 23 jogos, desde o Mundial, uma média de 1,48 por partida. Com Neymar em campo, essa média salta para impressionantes 2,20 golos por jogo, totalizando 281 tentos em suas 128 atuações pela Seleção. Um abismo estatístico que revela o impacto do craque.
O recorde que resiste
Neymar carrega em seus ombros a oportunidade de gravar o nome para sempre como o jogador com mais partidas na história do Brasil. Com 128 jogos, ele está a apenas 14 de se igualar à lenda Cafu (142). No entanto, a realidade recente, somada à idade (33 anos) e ao histórico de lesões, lança uma sombra de dúvida sobre essa conquista.

A trajetória do ex-astro do Barcelona sempre foi marcada por um talento inquestionável, mas também por um fantasma constante: as lesões. Esse azar crónico impediu de alcançar voos ainda maiores e quebrar recordes que pareciam ao seu alcance, um roteiro que se repete dolorosamente na carreira pela Seleção.
É um facto amargo que, sem a grave lesão no joelho sofrida no Al-Hilal, Neymar podia ter disputado todas as 23 partidas pós-Catar e já tinha batido o recorde.
Com 33 anos e um calendário de seleções cada vez mais longo, um Neymar já não tão fresco precisva de cerca de dois anos para alcançar esse feito histórico, supondo, claro, que Ancelotti (ou o próximo técnico) continue a contar com ele e que o corpo permita. Mas há uma cartada final, um derradeiro trunfo nas mãos do craque que pode não apenas selar o recorde de Cafu, mas coroar sua carreira na Seleção: o Mundial-2026.
Se o Brasil brilhar no Campeonato do Mundo a ser realizada nos EUA, México e Canadá, e avançar até as fases finais, Neymar pode ter a possibilidade de disputar até oito partidas cruciais. Um desfecho dramático aguarda a saga de um dos maiores talentos do futebol brasileiro.