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Entrevista Flashscore a Anouk Dekker: "Sarina é uma treinadora muito especial e honesta"

Rodrigo Coimbra
Sarina Wiegman esteve nas duas últimas finais de Europeus e duas finais de Mundial
Sarina Wiegman esteve nas duas últimas finais de Europeus e duas finais de MundialAFP
Anouk Dekker (36 anos) partilhou alguns dos melhores momentos da sua carreira com Sarina Wiegman. Sob o comando da atual selecionadora de Inglaterra, a antiga internacional neerlandesa conquistou o Europeu 2017, nos Países Baixos, e sagrou-se vice-campeã mundial em 2019, em França. Agora, enquanto espectadora, a central assiste com expectativa ao trabalho de Wiegman ao serviço das Lioness.
Inglaterra luta pelo título mundial com a Espanha
Inglaterra luta pelo título mundial com a EspanhaFlashscore

Acompanhe a final do Mundial no Flashscore

Sarina Wiegman é o nome do momento. A antiga internacional, com mais de 100 jogos ao serviço dos Países Baixos, tornou-se numa treinadora de enorme sucesso e um dos nomes mais badaladaos do futebol mundial. Após a conquista histórica do Euro-2017 e da medalha de prata no Mundial-2019 ao leme da seleção neerlandesa, Wiegman assumiu o cargo de selecionadora de Inglatera em 2021 e não deixou os créditos por mãos alheias: ouro no Euro-2022, finalista do Mundial-2023 e recordes de invencibilidade.

Contas feitas, a treinadora de 53 anos esteve nas últimas quatro finais dos dois maiores torneios a nível de seleções. Aliás, é a primeira vez que uma treinadora (masculino e feminino) conduz duas seleções distintas à final do Mundial. Mas, afinal, o que faz de Sarina Wiegman tão epecial? O Flashscore entrou em contacto com Anouk Dekker, uma das figuras mais importantes nas contas da treinadora neerlandesa durante o seu reinado nos Países Baixos.

Anouk Dekker foi treinada por Sarina Wiegman
Anouk Dekker foi treinada por Sarina WiegmanFlashscore

"A Sarina é uma treinadora muito especial e muito terra-a-terra. Uma treinadora que está preparada para tudo, para o que imaginares que possa acontecer num jogo ela tem a solução. Ela é tão focada, e dedica a maior parte do tempo a pensar em futebol, não quer que nada seja uma surpresa. Se o plano A não está a funcionar, ela e Veurink (adjunto) sempre tiveram um plano B e C", introduz a defesa, que nas duas últimas temporadas representou o SC Braga (Portugal).

"O que a torna tão bem-sucedida é que ela é honesta e clara. Cada jogadora sabe qual é o seu papel e o que é esperado de si. No começo pode ser difícil para as jogadoras conversarem com ela quando não partilham a mesma opinião, mas no final a equipa como um todo vai crescer e acho que essa clareza é a chave do sucesso", prosseguiu.

"Durante o Euro-2017 e o Mundial-2019 sabíamos exatamente o que precisávamos de fazer em todos os jogos. Estávamos preparadas ao pormenor, preparadas para tudo, jogo a jogo. Ela deu-nos muita confiança mantendo a calma, quando algo não dava certo, por exemplo, explicando as situações e o mais importante, dando soluções para essas situações", rematou.

Sarina Wiegman recebeu prémio 'The Best' de melhor treinadora em 2023
Sarina Wiegman recebeu prémio 'The Best' de melhor treinadora em 2023FIFA.com

"Poucos treinadores são tão claros como ela"

Se o tema é Sarina Wiegman, que deixou o ensino para dar asas ao sonho de ser treinadora, as boas memórias são rapidamente recuperadas por Anouk Dekker. A admiração por uma treinadora que chegou à primeira liga neerlandesa em 2007, então ao serviço do ADO Den Haag, e tem trilhado um percurso de inegável sucesso, está bem presente no discurso. "Honestidade" e "clareza" são algumas das marcas mais fortes da personalidade da treinadora de Inglaterra.

"Ela mantém uma boa relação com as jogadoras porque é muito clara ao dizer aquilo que espera de nós em termos individuais e coletivo. Poucos treinadores são tão diretos e claros. Fala sempre com muito respeito quando explica as suas decisões técnicas e táticas, dando a devida atenção a cada uma. Não é daquelas treinadoras que cria um grande fosso na ligação entre treinadora e jogadoras", explica Anouk, em conversa com o Flashscore.

Sem os Países Baixos no jogo das grandes decisões - a Inglaterra vai discutir o título mundial com a Espanha de Jorge Vilda -, a experiente central vai estar a torcer por Sarina: "Vou estar a torcer por Inglaterra. Acho que merecem ser campeãs do Mundo, sobretudo por tudo o que têm feito pelo futebol feminino em geral, e adorava ver a Sarina a escrever mais uma página de história. Ela merece muito".

Enquanto Lauren Hemp, Alex Greenwood, Alessia Russo e companhia procuram dar o primeiro título mundial a Inglaterra e a Sarina Wiegman, num jogo "muito especial" para qualquer jogadora, Anouk Dekker recorda as sensações de viver a final de um Campeonato do Mundo na primeira pessoa.

Os números de Wiegman no comando de Inglaterra
Os números de Wiegman no comando de InglaterraAFP

"É tão incrível jogar no maior palco do futebol", atira de pronto a defesa. "Para nós foi muito especial esse Mundial (2019), porque jogámos muito perto de casa e isso permitiu que tivéssemos muitos adeptos 'laranja' nos nossos jogos no norte de França. Aconteceu o mesmo com a Austrália este ano, o conceiro de '12.º jogador' é muito importante", concluiu.

"Austrália e Nova Zelândia fizeram um trabalho maravilhoso"

O futebol no feminino tem crescido de forma exponencial nos últimos anos. De 2017 a 2019 houve uma evolução tremenda e o caminho prosseguiu em trajeto ascendente sem retorno, sendo que o Mundial-2023 tem sido um certame de recordes de assistências e um marco na forma como o público olha para o futebol jogado por mulheres.

"Tem sido um Mundial surpreendente, com alguns dos principais países a caírem muito cedo, como a Alemanha, Brasil, Canadá e Estados Unidos. Em relação aos Países Baixos, parece-me que fez um bom trabalho neste Mundial, apesar da derrota nos quartos de final, onde a Espanha foi melhor equipa e mereceu a vitória", analisa Anouk Dekker ao Flashscore.

"A Inglaterra era a minha favorita antes do Campeonato do Mundo, mas acho que vai ser um jogo muito disputado contra a Espanha. O nível neste Mundial tem sido muito alto e as diferenças cada vez mais reduzidas. É muito bom ver esse desenvolvimento. (...) Austrália e Nova Zelândia fizeram um trabalho maravilhoso na organização neste Mundial com todos os recordes quebrados e como tudo foi vivido na Austrália é ótimo de ver", rematou.

Anouk Dekker com o troféu do Euro-2017
Anouk Dekker com o troféu do Euro-2017AFP

A nível pessoal, após dois anos no SC Braga, Anouk ainda "não sabe" qual o próximo passo na carreira. Para já, uma certeza: orgulho por tudo o que viveu e conquistou em quase 20 anos como profissional.

"Tenho muitas e boas memórias, sendo a mais especial, claro, a conquista do Europeu no meu país. Deixei a minha zona de conforto de oito anos no Twente para ir para o estrangeiro (Montpellier) e estou muito orgulhosa do passo que dei naquela época. Criei muitas memórias, fiz muitos amigos de todo o Mundo e ganhei inúmeras experiências de vida. Ganhei campeonatos, taças, disputei a Liga dos Campeões... Estou muito orgulhosa por ter feito parte desta evolução do futebol feminino!", recordou.