Acompanhe a final do Mundial no Flashscore
Sarina Wiegman é o nome do momento. A antiga internacional, com mais de 100 jogos ao serviço dos Países Baixos, tornou-se numa treinadora de enorme sucesso e um dos nomes mais badaladaos do futebol mundial. Após a conquista histórica do Euro-2017 e da medalha de prata no Mundial-2019 ao leme da seleção neerlandesa, Wiegman assumiu o cargo de selecionadora de Inglatera em 2021 e não deixou os créditos por mãos alheias: ouro no Euro-2022, finalista do Mundial-2023 e recordes de invencibilidade.
Contas feitas, a treinadora de 53 anos esteve nas últimas quatro finais dos dois maiores torneios a nível de seleções. Aliás, é a primeira vez que uma treinadora (masculino e feminino) conduz duas seleções distintas à final do Mundial. Mas, afinal, o que faz de Sarina Wiegman tão epecial? O Flashscore entrou em contacto com Anouk Dekker, uma das figuras mais importantes nas contas da treinadora neerlandesa durante o seu reinado nos Países Baixos.
"A Sarina é uma treinadora muito especial e muito terra-a-terra. Uma treinadora que está preparada para tudo, para o que imaginares que possa acontecer num jogo ela tem a solução. Ela é tão focada, e dedica a maior parte do tempo a pensar em futebol, não quer que nada seja uma surpresa. Se o plano A não está a funcionar, ela e Veurink (adjunto) sempre tiveram um plano B e C", introduz a defesa, que nas duas últimas temporadas representou o SC Braga (Portugal).
"O que a torna tão bem-sucedida é que ela é honesta e clara. Cada jogadora sabe qual é o seu papel e o que é esperado de si. No começo pode ser difícil para as jogadoras conversarem com ela quando não partilham a mesma opinião, mas no final a equipa como um todo vai crescer e acho que essa clareza é a chave do sucesso", prosseguiu.
"Durante o Euro-2017 e o Mundial-2019 sabíamos exatamente o que precisávamos de fazer em todos os jogos. Estávamos preparadas ao pormenor, preparadas para tudo, jogo a jogo. Ela deu-nos muita confiança mantendo a calma, quando algo não dava certo, por exemplo, explicando as situações e o mais importante, dando soluções para essas situações", rematou.
"Poucos treinadores são tão claros como ela"
Se o tema é Sarina Wiegman, que deixou o ensino para dar asas ao sonho de ser treinadora, as boas memórias são rapidamente recuperadas por Anouk Dekker. A admiração por uma treinadora que chegou à primeira liga neerlandesa em 2007, então ao serviço do ADO Den Haag, e tem trilhado um percurso de inegável sucesso, está bem presente no discurso. "Honestidade" e "clareza" são algumas das marcas mais fortes da personalidade da treinadora de Inglaterra.
"Ela mantém uma boa relação com as jogadoras porque é muito clara ao dizer aquilo que espera de nós em termos individuais e coletivo. Poucos treinadores são tão diretos e claros. Fala sempre com muito respeito quando explica as suas decisões técnicas e táticas, dando a devida atenção a cada uma. Não é daquelas treinadoras que cria um grande fosso na ligação entre treinadora e jogadoras", explica Anouk, em conversa com o Flashscore.
Sem os Países Baixos no jogo das grandes decisões - a Inglaterra vai discutir o título mundial com a Espanha de Jorge Vilda -, a experiente central vai estar a torcer por Sarina: "Vou estar a torcer por Inglaterra. Acho que merecem ser campeãs do Mundo, sobretudo por tudo o que têm feito pelo futebol feminino em geral, e adorava ver a Sarina a escrever mais uma página de história. Ela merece muito".
Enquanto Lauren Hemp, Alex Greenwood, Alessia Russo e companhia procuram dar o primeiro título mundial a Inglaterra e a Sarina Wiegman, num jogo "muito especial" para qualquer jogadora, Anouk Dekker recorda as sensações de viver a final de um Campeonato do Mundo na primeira pessoa.
"É tão incrível jogar no maior palco do futebol", atira de pronto a defesa. "Para nós foi muito especial esse Mundial (2019), porque jogámos muito perto de casa e isso permitiu que tivéssemos muitos adeptos 'laranja' nos nossos jogos no norte de França. Aconteceu o mesmo com a Austrália este ano, o conceiro de '12.º jogador' é muito importante", concluiu.
"Austrália e Nova Zelândia fizeram um trabalho maravilhoso"
O futebol no feminino tem crescido de forma exponencial nos últimos anos. De 2017 a 2019 houve uma evolução tremenda e o caminho prosseguiu em trajeto ascendente sem retorno, sendo que o Mundial-2023 tem sido um certame de recordes de assistências e um marco na forma como o público olha para o futebol jogado por mulheres.
"Tem sido um Mundial surpreendente, com alguns dos principais países a caírem muito cedo, como a Alemanha, Brasil, Canadá e Estados Unidos. Em relação aos Países Baixos, parece-me que fez um bom trabalho neste Mundial, apesar da derrota nos quartos de final, onde a Espanha foi melhor equipa e mereceu a vitória", analisa Anouk Dekker ao Flashscore.
"A Inglaterra era a minha favorita antes do Campeonato do Mundo, mas acho que vai ser um jogo muito disputado contra a Espanha. O nível neste Mundial tem sido muito alto e as diferenças cada vez mais reduzidas. É muito bom ver esse desenvolvimento. (...) Austrália e Nova Zelândia fizeram um trabalho maravilhoso na organização neste Mundial com todos os recordes quebrados e como tudo foi vivido na Austrália é ótimo de ver", rematou.
A nível pessoal, após dois anos no SC Braga, Anouk ainda "não sabe" qual o próximo passo na carreira. Para já, uma certeza: orgulho por tudo o que viveu e conquistou em quase 20 anos como profissional.
"Tenho muitas e boas memórias, sendo a mais especial, claro, a conquista do Europeu no meu país. Deixei a minha zona de conforto de oito anos no Twente para ir para o estrangeiro (Montpellier) e estou muito orgulhosa do passo que dei naquela época. Criei muitas memórias, fiz muitos amigos de todo o Mundo e ganhei inúmeras experiências de vida. Ganhei campeonatos, taças, disputei a Liga dos Campeões... Estou muito orgulhosa por ter feito parte desta evolução do futebol feminino!", recordou.