Kgatlana marcou um golo aos 90+2 minutos diante da Itália, para dar à África do Sul a sua primeira vitória no Campeonato do Mundo e um lugar nos oitavos de final, onde vai defrontar contra os Países Baixos, este domingo, em Sidney.
Mas foi o que a capitã disse depois desse feito que fez ainda mais manchetes, revelando que três membros da família haviam falecido no espaço de apenas duas semanas.
"Poderia ter ido para casa, mas preferi ficar com as meninas, porque isso é muito importante", disse Kgatlana.
A avançada de 27 anos joga no Racing Louisville, dos Estados Unidos, mas sempre que estava na África do Sul era praticamente inseparável da tia Mamogolo.
A tia, de 62 anos, morreu pouco antes do início do Mundial na Austrália e na Nova Zelândia.
"Mamogolo pôs 200 rands (11 dólares) de lado para que pudessem almoçar juntas quando Thembi regressasse do Campeonato do Mundo", disse a mãe de Kgatlana ao jornal Sowetan.
"Isso é o que mais magoa a Thembi - ela nunca mais vai poder desfrutar de uma refeição com a sua querida tia", disse Koko Kgatlana.
"Mamogolo praticamente criou-a. Tinham uma ligação incrível. Ela estava sempre lá para a Thembi e elas faziam tudo juntas", conta.
A craque sul-africana também está de luto pela perda recente de duas outras tias.
Uma tinha 62 anos e a outra 100, e foi preciso todo o poder de persuasão dos pais para evitar que Kgatlana abandonasse o Mundial Feminino e voltasse para casa.
"Eu disse à Thembi para ser forte. Quando ela voltar, iremos com ela aos túmulos para que possa despedir-se", disse o pai, Matlhomola.
"Ferida brutal"
Kgatlana também quase viu o seu sonho de disputar o Mundial ser destruído por uma lesão, já que há um ano sofreu uma rutura do tendão de Aquiles que poderia ter acabado com a sua carreira.
Kgatlana sofreu a lesão durante a Taça Africana das Nações Feminina - que a África do Sul venceu pela primeira vez - e ficou 10 meses afastada.
"Voltei de uma lesão muito, muito brutal", disse a avançada, que também jogou na China, em Portugal e em Espanha, após a vitória sobre a Itália.
Kgatlana nasceu numa cidade a 50 quilómetros a oeste de Joanesburgo.
A sua mãe, uma antiga velocista, queria que Kgatlana jogasse netball.
Mas quando ela disse isso à jovem, Koko Kgatlana lembra-se de ela lhe ter respondido: "Mamã, o futebol vai ser o meu talento".
Kgatlana rapidamente deixou a sua marca como futebolista, jogando em competições de clubes sub-17 aos 13 anos e em torneios sub-20 um ano depois.
A África do Sul vai jogar de madrugada este domingo, mas os adeptos do futebol no seu país vão abandonar o calor das suas camas e enfrentar o frio do inverno para assistir ao jogo.
Os Países Baixos, vice-campeões do último Campeonato do Mundo, contra os Estados Unidos, surgem como grandes favoritos.
Mas as Banyana Banyana - rotuladas de "traidoras" por um dirigente do futebol masculino sul-africano após uma disputa salarial - e Kgatlana nunca sabem quando desistir.