O Brasil enfrenta a Jamaica em Melbourne no último jogo do grupo na quarta-feira, sabendo que precisa vencer para garantir que continua no Mundial na Austrália e na Nova Zelândia.
Marta, de 37 anos, apelidada de"Pelé de saia" pelo falecido craque do futebol, já disse que este será o seu último Mundial. É a melhor marcadora de sempre em Campeonatos do Mundo, masculinos ou femininos, e se aumentar a sua contagem de 17 golos, será a primeira futebolista da história a marcar em seis Campeonatos do Mundo.
"Sabem o que é bom? Quando comecei, não havia ídolos no futebol feminino", disse na véspera da partida contra a Jamaica, com lágrimas nos olhos: "Como poderia haver se não se mostrava o futebol feminino? Como é que eu podia perceber que ia chegar à seleção nacional e tornar-me uma referência? Agora vou para a rua e as pessoas param-me, os pais dizem-me: 'A minha filha adora-te, quer ser como tu'."

Marta passou uma vida inteira a ultrapassar obstáculos, desde uma infância de pobreza ao sexismo e, mais recentemente, à pior lesão da sua carreira.
"É lógico que estou feliz por ver tudo isto, porque há 20 anos, em 2003, ninguém conhecia a Marta", acrescentou, olhando para trás, para o caminho que o futebol feminino percorreu.
Não se sabe se a atacante, que nunca venceu o Mundial apesar de todas as suas conquistas, será titular contra a Jamaica. Mas pode ser chamada do banco de suplentes pela treinadora Pia Sundhage se o Brasil estiver em busca da vitória que tanto precisa para continuar na competição.

Arma letal
A Jamaica está em segundo lugar, atrás da líder do Grupo F, a França, e venceu a sua primeira partida na história de um Mundial feminio ao derrotar o Panamá por 1-0 na última jornada. Para esta partida vão voltar a ter Khadija Shaw, expulsa contra as gaulesas, ela que marcou 31 golos em 30 jogos pelo Manchester City na época passada e poderá ter uma palavra importante a dizer.
"Ela é uma arma letal, marca golos e é a melhor marcadora da Jamaica", disse o treinador Lorne Donaldson: "É uma líder muito boa e uma excelente jogadora de futebol."
Donaldson, cuja equipa está classificada em 43.º lugar no ranking mundial, contra oitavo do Brasil, disse que a sua equipa era a mais fraca, apesar de estar em melhor posição para passar do grupo.
Mas considerou ter jogadoras "resilientes", acrescentando: "Sabemos que o Brasil virá atrás de nós com tudo o que tem, mas temos de estar preparados. Queremos ficar um pouco mais."