Melchie Dumornay, o prodígio haitiano que desafia todas as probabilidades

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Melchie Dumornay, o prodígio haitiano que desafia todas as probabilidades

Dumornay leva o Haiti ao seu primeiro Mundial
Dumornay leva o Haiti ao seu primeiro MundialTwitter
A seleção do Haiti está longe de ser o centro das atenções no Campeonato do Mundo Feminino, mas há um nome que merece ser seguido com atenção: Melchie Daelle Dumornay (19 anos), que recentemente viu confirmada a sua mudança para o todo-poderoso Lyon.

A média acaba de juntar-se ao seu clube de sonho, o Lyon, e vai poder jogar ao lado das referências Wendie RenardAda Hegerberg - a primeira vencedora da Bola de Ouro Feminina da história em 2018 - e outras. O seu sucesso está longe de ser um fogacho e vem sendo construído há alguns anos. Dumornay estava no radar de muitos dos grandes clubes desde os 14 anos. Segundo os seus representantes, mais de 50 clubes mostraram interesse na sua contratação.

Apesar da sua tenra idade, já arrecadou vários prémios individuais: Bota de Ouro Sub-20, prémio de Melhor Jogadora Jovem da CONCACAF, NXGN do Goal e, mais recentemente, o prémio de "Revelação da Época" da Divisão 1 Feminina de França.

Isto pode parecer o início da sua história, tendo em conta a sua idade, mas o seu conto de fadas começou muito antes de chegar a França.

Dumornay foi criada por uma mãe solteira, vivendo com dois irmãos e três primos. Apelidada de "Pitti", ou seja, pequena, pela diferença ao nível da estatura em comparação com as jogadoras da sua idade, sempre demonstrou uma paixão enorme pelo jogo e era conhecida como a rapariga que jogava futebol com os rapazes mais velhos da sua comunidade, e esse tipo de resiliência levou-a a lugares de destaque.

"Estava muito acima das outras"

No Campeonato do Mundo de Sub-20, foi a estrela da sua equipa, com apenas 15 anos, e foi aí que chamou a atenção da treinadora do Reims, Amandine Miquel, que andava à procura de novos talentos para recrutar. Apesar de jogar contra uma equipa alemã cheia de promessas, os olhos de Miquel estavam fixados na jovem haitiana.

"Ela estava muito acima das outras jogadoras. Percebemos imediatamente que precisávamos daquela jogadora", admitiu Miquel.

O interesse pela vencedora do Prémio de Melhor Jogadora Jovem da CWC de 2022 tornou-se cada vez mais sério, uma vez que ela fez um teste bem-sucedido no Lyon, mas o seu estatuto de menor de idade e de não pertencer à UE proibiu-a de se juntar ao histórico emblema gaulês.

A situação acabou por correr bem, já que Dumornay acabou por assinar pelo Reims em setembro de 2021, um clube conhecido pelo desenvolvimento e formação de jovens jogadores. Na sua estreia contra o Montpellier, Dumornay saiu do banco e fez duas assistências, o que levou Miquel a pensar: "Meu Deus, imaginem o que ela pode fazer num jogo completo! Nem que seja nesse curto espaço de tempo, ela pode fazer tanta coisa boa".

Dumornay teve uma passagem impressionante pelo Reims, marcando 11 golos e dando seis assistências em 18 jogos, contribuindo para quase metade dos golos marcados pela sua equipa ao longo da época, e na campanha anterior esteve envolvida em 12 golos em 15 jogos do campeonato.

A nível de clubes, os números e a sua recente transferência para o Lyon, sete vezes campeão europeu, falam por si. A média levou o Haiti ao desígnio de ser o primeiro país do Caribe a qualificar-se para o Mundial sub-20 e agora é titular da seleção que disputará o seu primeiro Mundial.

Ela foi decisiva ao marcar dois gols contra o Chile na final da repescagem intercontinental, levando a seleção ao seu mais recente feito histórico.

"Eu sabia que tinha muitas responsabilidades, apesar de ainda ser muito jovem. Não tive problemas em assumi-las e fiz a diferença em campo. Queria ajudar as minhas companheiras quando as coisas ficavam difíceis", disse Dumornay, uma das sete jogadoras com menos de 20 anos do elenco que o Haiti levou para a repescagem.

O grupo do Haiti no Mundial
O grupo do Haiti no MundialFlashscore

"Ter Melchie é fundamental"

A maturidade e a importância de Dumornay para o grupo não passam despercebidas ao técnico Nicolas Delepine: "Ter a Melchie é fundamental. Há outras estrelas na equipa ao lado dela que podem aparecer e dar-lhe a bola, para que ela possa ser a diferença. É um prazer (trabalhar com Melchie), não apenas nos jogos, mas todos os dias, porque ela é uma pessoa extraordinária, além de uma grande jogadora".

"Queremos que ela vá e se divirta, porque quando está feliz e realizada em campo, acontece sempre alguma coisa. É também uma daquelas jogadoras que faz com que as suas colegas de equipa joguem melhor e isso é importante. É também uma ameaça adicional para os nossos adversários", acrescentou o selecionador do Haiti.

O Haiti está no Grupo D e estreia contra a Inglaterra, antes de enfrentar a China e a Dinamarca.