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"Realmente uma pena, havia muita fé. Estávamos superilusionados, mas não se deu o resultado. Assim é o futebol e a Colômbia deu tudo", disse Alfredo Carmona, de 23 anos, ao abandonar a Plaza de la Juventud, em Caracas, onde viu o encontro num ecrã gigante.
A Vinotinto esteve perto de ficar com o bilhete para a repescagem, que a teria aproximado do seu primeiro Mundial de futebol, mas a derrota frente à Colômbia deu esse passe à Bolívia, que contra muitos prognósticos venceu o Brasil, de Carlo Ancelotti, por 1-0, na altitude de El Alto.

"Vínhamos com muita fé de um processo muito longo, temos muitas coisas a melhorar", acrescentou o jovem ao recordar que a extensa eliminatória sul-americana começou em setembro de 2023 e contou com 18 jornadas.
Havia uma verdadeira ilusão. Os venezuelanos apostavam na sua fé para obter o lugar na repescagem e o fervor foi sentido no início da partida frente aos Cafeteros, quando inauguraram o marcador em Maturín.
O primeiro golo teve o envolvimento do melhor marcador da história da Venezuela, Salomón Rondón, que ganhou as costas de Davinson Sánchez e cedeu a bola na área a Telasco Segovia, que rematou com um míssil que perfurou a rede do guarda-redes Kevin Mier.
"A minha fé vai estar sempre"
Os adeptos festejaram com sorrisos, saltos, pulos e abraços esse primeiro golo, mas no final da primeira parte, quando Venezuela já estava empatada com a Colômbia, a energia começou a esmorecer.
"Nãoooo!", gritavam cada vez que a equipa de James Rodríguez e Luis Díaz marcava um golo. Tapavam os olhos frustrados ou batiam com as mãos... e já ao quarto golo muitos abandonaram a praça desiludidos.
Um menino, vestido com a camisola do avançado Yeferson Soteldo, gritou frustrado e saiu a correr do local. O mesmo fez Wilmary Pérez, uma enfermeira de 32 anos que celebrou no início da partida, mas acabou a sair entre lágrimas.
"Vou-me embora porque sempre choro cada vez que os vejo perder. Claro, não é a primeira nem a última, mas é o meu país, e amo-o com toda a minha alma", disse Pérez. Apesar da desolação, não largou a mão da sua equipa: "a minha fé vai estar sempre".
Ana Valeria Colmenares, de 18 anos, rezou até ao último minuto para que a Venezuela tivesse mais uma chance de lutar para deixar de ser a única equipa da Conmebol que nunca disputou um Campeonato do Mundo.
"Por favor, por favor", dizia com as mãos juntas enquanto olhava para o enorme ecrã que transmitia o jogo.
A jovem também cobria a cabeça com a bandeira, mas o seu desejo não se cumpriu. Em parte pelos quatro golos que marcou o avançado colombiano Luis Suárez, grande figura da trágica noite dos pupilos de Fernando Batista.
Estou "bastante triste", disse. "Houve um momento em que comecei a rezar (...) porque eu realmente queria que ganhassem, porque ia ser emocionante para a Venezuela, ou seja, ganhar contra a Colômbia, que são nossos irmãos, ia ser uau!, mas as coisas aconteceram assim", continuou.
Um perdão que não consola
O selecionador ofereceu "desculpas ao povo da Venezuela" após a derrota. "Tentámos, fomos até ao fim, não se conseguiu", disse Batista, que não aceitou perguntas na conferência de imprensa depois do jogo.
"É um momento muito duro. Agradeço a este grupo de jogadores que tentámos até à última jornada", acrescentou. Além disso, enviou uma mensagem aos adeptos: "Quero pedir desculpas ao povo da Venezuela pelo sonho que tínhamos com todos estes jogadores de nos classificarmos para a repescagem".
A derrota em Maturín deixou a Venezuela na oitava posição da tabela, após a vitória por 1-0 da Bolívia sobre o Brasil.

O treinador argentino disse que nos próximos dias fará uma análise a frio do registo e não falou também de demissão. Batista assumiu o comando da seleção em março de 2023 após a saída repentina do seu compatriota José Pekerman, de quem era adjunto.
A Venezuela foi a primeira experiência ao comando de uma seleção absoluta para o irmão de Sergio Batista - campeão do mundo como futebolista ao lado de Diego Armando Maradona com a Argentina no México 1986 e ex-selecionador da Albiceleste.
Conquistou sete vitórias, oito empates e seis derrotas à frente da Vinotinto.