Num comunicado divulgado esta quinta-feira, o grupo europeu que representa os adeptos afirmou que os preços dos bilhetes atribuídos às Associações Membro Participantes (PMA) – normalmente distribuídos através de clubes oficiais de adeptos ou programas de fidelização – atingiram níveis "astronómicos".
A FIFA não respondeu de imediato ao pedido de comentário.
A FSE referiu que, com base nas tabelas de preços que circularam discretamente pelas federações nacionais, um adepto que acompanhe a sua seleção desde o primeiro jogo da fase de grupos até à final, através do canal PMA, terá de pagar pelo menos 6.900 dólares, quase cinco vezes mais do que o valor equivalente no Mundial de 2022, no Catar.
A FSE acrescentou que os adeptos estão a ser obrigados a pagar a totalidade do valor logo no início de 2026 para garantir o direito de adquirir bilhetes até à final.
Para agravar a frustração dos adeptos, a FSE afirmou que a categoria de preço mais baixa – Categoria 4 – não será disponibilizada aos adeptos mais fiéis através das suas associações, ficando esses bilhetes reservados pela FIFA para venda ao público em geral e sujeitos a preços dinâmicos.
O grupo classificou esta decisão como uma "traição monumental" à tradição do Mundial e ao contributo dos adeptos itinerantes para o ambiente do torneio.
"Pelos preços que a FIFA apresentou, estamos um pouco estupefactos. Isto é um pequeno grupo de pessoas a tentar lucrar ao máximo com o torneio. E acreditamos que esta abordagem está a pôr em risco a própria essência do Mundial. Para a final, os bilhetes chegam a rondar os 4.000 dólares. São precisos adeptos, é preciso vida nas bancadas, cor, ambiente. Com estes preços, nada disto vai acontecer," afirmou o diretor executivo da FSE, Ronan Evain, à Reuters.
Pela primeira vez num Mundial, a FSE referiu que não haverá preços uniformes para todos os jogos da fase de grupos, com a FIFA a introduzir preços variáveis baseados em critérios pouco claros, como a "atratividade" do encontro.
Isto significa que adeptos de diferentes seleções poderão pagar valores distintos pelo mesmo tipo de bilhete na mesma fase, sem transparência sobre a forma como os preços são definidos. Evain afirmou que esta nova estrutura irá afastar muitos adeptos comuns, sobretudo famílias, para além das suas possibilidades financeiras.
"Muitas pessoas que hesitavam em viajar para os Estados Unidos agora dizem que têm de assumir um risco financeiro extraordinário, especialmente se forem famílias. Estamos a falar de cerca de 30.000 dólares para uma família de quatro pessoas. A esmagadora maioria dos adeptos de futebol não consegue suportar este valor. Nem mesmo na Europa", referiu.
A FSE apelou à FIFA para suspender a venda de bilhetes PMA e iniciar consultas com as federações, grupos de adeptos e outros intervenientes "até ser encontrada uma solução que respeite a tradição, a universalidade e a importância cultural do Mundial".
