Com um remate de Thiago Almada no canto esquerdo de Sergio Rochet, a Argentina venceu por 0-1 em Montevidéu e acabou com o fervor da Celeste no Centenário, deixando a seleção argentina com 28 pontos na liderança da qualificação, seis pontos à frente do Equador e a cinco jogos do fim da campanha rumo a Canadá, Estados Unidos e México, em 2026.
O sucesso dos campeões mundiais do Catar-2022 no Centenário deixou cinco pontos-chave:
1 - A personalidade do campeão
Contra um adversário que os tinha derrotado em casa há um ano e meio, a Argentina resistiu ao ataque inicial dos Charrúas, assumiu o controlo total na segunda parte, marcou o golo da vitória e deixou no banco dos réus a equipa de Marcelo Bielsa, que não gerou qualquer perigo para Dibu Martínez.
Para este jogo, um dos mais importantes da fase de qualificação, a Argentina estava sem vários jogadores importantes, incluindo Lionel Messi, Lautaro Martinez e Rodrigo de Paul, mas mostrou caráter em cada encontro tenso, a capacidade de sofrer quando o Uruguai dominava e a serenidade para gerir o jogo quando os seus adversários lutavam pelo empate.

2 - A peça de reposição
Na ausência de Messi, a Albiceleste encontrou outros que se destacaram contra o Uruguai, com Thiago Almada (Lyon) a marcar o golo da vitória, mas também a ser lúcido na missão de ajudar a construir os ataques. "Ele joga o que a equipa quer e isso é o mais importante", disse Scaloni.
A defesa voltou a estar firme, com Cuti Romero, Otamendi e Tagliafico intransponíveis apesar das investidas da Celeste, e na ausência de De Paul, Leandro Paredes, Alexis Mac Allister e Enzo Fernandez formaram um meio-campo dinâmico, que ganhou várias transições e controlou a vertigem que as equipas de Bielsa costumam tentar impor.
Para além de Almada, Giuliano Simeone (Atlético de Madrid) também esteve bem e Exequiel Palacios (Bayer Leverkusen) jogou bem nos últimos 20 minutos do meio-campo, num bom teste para os jogadores que Lionel Scaloni está a testar como possíveis substitutos.

3 - Crédito de Scaloni
O treinador argentino tomou nota dos erros cometidos naquele jogo de novembro de 2023, e preparou a vingança contra Bielsa, o seu antigo mestre, com uma formação alternativa e um esquema com o qual segurou o Uruguai, fechou a porta dos corredores a Nández e Mathías Olivera e deixou os médios sem espaço de manobra.
Neste jogo de xadrez tático, o "Loco" Bielsa procurou mais dinâmica com a entrada de Nico de la Cruz para o lugar de De Arrascaeta, uma mudança que não deu frutos, e quando os médios argentinos tomaram as rédeas no início da segunda parte, tudo ficou nas mãos do líder, sem que o Uruguai encontrasse uma chave para evitar a derrota.
Scaloni acrescentou assim mais uma medalha à sua sala de troféus, pois é o único técnico - de qualquer país - a vencer o Brasil (0-1, no Maracanã) e o Uruguai fora de casa numa qualificação.
4 - Como jogar sem Messi
Em Montevidéu, a Argentina voltou a mostrar que pode ser uma equipa altamente competitiva sem o seu capitão e melhor marcador e assistentes da sua história. Para isso, mudou ligeiramente a sua formação e, na ausência dos toques mágicos do Rosarino, mostrou uma formação igualmente ambiciosa e arrumada, poderosa e unida na parte coletiva.
"Fizemos um jogo completo. Apesar de haver jogadores importantes que não estiveram em campo, temos os jogadores para sair e jogar com calma. A evolução pode ser diferente, mas a equipa está lá, para além dos nomes".

5 - O clássico com um olhar diferente
A vitória em Montevidéu deixou a Argentina a um passo da classificação, que pode ser alcançada se conseguir pelo menos um empate contra o Brasil na próxima terça-feira.
A Albiceleste terá menos obrigações para o clássico contra a Canarinha, que está em terceiro lugar no grupo de classificação, mas ainda não convenceu, apesar da agonizante vitória por 2-1 sobre a Colômbia.
"Contra o Brasil são jogos à parte", resumiu Nicolas Otamendi, capitão na ausência de Messi. "Temos de entrar com a mesma mentalidade, saber que vai ser um jogo difícil, deixar os nervos de lado e tentar jogar o nosso futebol, que é o que nos diferencia".