Leia abaixo as declarações do selecionador nacional, Roberto Martínez, durante a conferência de imprensa na qual divulgou a convocatória para a terceira e quarta jornada do Grupo F da qualificação para o Mundial-2026. No dia 11 de outubro, Portugal recebe a Irlanda e, no dia 14, a Hungria, ambos no Estádio José Alvalade.
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Matheus Nunes e ausência de Alberto Costa: "O Matheus Nunes é um jogador que já trabalhou connosco, conhece os nossos conceitos, está num momento de forma muito bom, tem uma polivalência muito importante. Temos o Nélson Semedo e o Diogo Dalot, que pode fazer os dois lados, mas é importante ter a polivalência de alguém que pode jogar a lateral direito e a médio. O Matheus estava num grupo de jogadores que acompanhamos como o Alberto, o André Silva, o Paulinho, o Tiago Santos, o Félix Correia... temos muitos jogadores e outros que não tiveram um bom início de época (Samu Costa, Fábio Silva...), mas contamos com todos esses jogadores que fazem parte da nossa seleção. E os outros jogadores que estão no processo dos sub-21 que para nós é muito importante, o Rodrigo Mora, Quenda, Mateus Fernandes que fez um estágio espetacular... mas para este estágio, são apenas 25 nomes que convocamos".
Explicação sobre dois jogos em Alvalde: "Para mim, o importante é jogar em Portugal para utilizar a força dos nossos adeptos. Temos a memória do apuramento na Liga das Nações em Alvalade, eu adoro jogar lá, foi o meu primeiro jogo. A decisão é da Federação, estamos com a oportunidade de trabalhar em Lisboa para dois jogos. O Estádio de Alvalade é sempre uma casa muito importante para a seleção".
Poder garantir qualificação em casa: "Já falei do formato deste apuramento, são seis jogos, não há margem de erro. Começamos bem em setembro, é um espaço que adoro para ter contacto com os jogadores, este período de setembro, outubro e novembro, precisamos de continuidade. Os resultados que tivemos contra a Arménia e Hungria fazem com que o foco seja total para ganhar os dois jogos diante dos nossos adeptos e dar o nosso melhor".
Em caso de apuramento, usar os últimos dois jogos para novos jogadores: "A nota deste estágio é de focar na Irlanda e Hungria. Não vou cometer o erro de pensar para a frente e em novembro. O importante é preparar o jogo com a Irlanda, continuar o que fizemos em setembro, vi o grupo muito comprometido, foi incrível ver o espírito. O estágio de junho e setembro foram, sem dúvida, o maior exemplo dos valores da equipa, resiliência e tudo o que a uma equipa precisa para ganhar. O foco é na Irlanda, que teve um mau estágio, esperamos uma equipa difícil. A Hungria é uma equipa bem equilibrada, com aspeto competitivo muito forte. O foco é nestes jogos, não vou cometer o erro de olhar para a frente".
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Ausência de Quenda e Mora significa que não contam para o Mundial?: "Não. O objetivo é acrescentar ao grupo, fizemos isso, utilizamos 32 jogadores durante a Liga das Nações, chamámos 36. Agora queremos continuar o trabalho de formação, jogadores como o Martim Fernandes, Mateus Fernandes, Rodrigo Mora, Quenda, não quer dizer que fiquem de fora. Para nós, precisam de mostrar responsabilidade e utilizar o palco sub-21 para entrar na seleção A. Aconteceu a primeira vez que vi o Francisco Conceição, João Neves, Renato Veiga, Nuno Tavares, Pedro Neto, foi nesse palco dos sub-21. Olhando para trás, acho que o estágio de setembro foi um sucesso para o Quenda, Mateus Fernandes e o Rodrigo Mora. São jogadores que respondem muito bem à responsabilidade e estão a demonstrar o que podem trazer à seleção. Mas estamos a falar de uma questão de números, estamos a falar de um plantel com muita qualidade e competitivo, o processo é muito claro".
Mourinho e o desejo da seleção: "O meu contrato termina em 2026. Percebo a questão. Mas para mim não é uma questão. O mister Mourinho é uma mais-valia para o futebol português, em três épocas nunca falei das situações internas dos clubes portuguesas e assim vou continuar. Posso falar do mister Mourinho porque já nos defrontamos várias vezes, mas agora estamos do mesmo lado da barricada, trabalhamos para o desenvolvimento do futebol português, estamos com o mesmo objetivo. O barulho de fora é para vocês, para mim o foco é no presente e na seleção jogamos a trabalhar com o presente e o passado. Tivemos 12 vitórias consecutivas entre a fase de apuramento do Europeu e o Mundial, nunca foi feito. Queremos a 13.ª e 14.ª vitórias, a pergunta para o selecionador de Portugal é sobre o presente. O futuro não é uma questão para mim, não ajuda os meus jogadores, os adeptos portugueses. O meu foco é total, quero lutar e continuar com vitórias".
Casa assaltada: "Está tudo bem, estamos todos bem e está tudo nas mãos da polícia. Estamos muito tranquilos, mas agradeço todas as demonstrações de apoio e mensagens".

Forma como a seleção reage à adversidade: "Havia dois aspectos que precisávamos de melhorar, desde os 10 primeiros jogos do apuramento para o Europeu: a resiliência - continuar com as ideias apesar de sofrer um golo e jogar olhos nos olhos com todas as seleções do mundo - e o outro era ter mais de 10 jogadores em campo para ganhar - a competitividade no balneário precisava de melhorar. Agora acho que melhorámos o grupo, no último estágio tivemos quatro jogadores lesionados, ninguém falou disso, continuámos a falar dos que podiam ajudar. Não é a qualidade individual, porque já percebemos que temos jogadores nos melhores balneários a nível mundial, é o aspeto de criar uma equipa com resiliência, valores e competitividade no balneário. Sofrer dois golos na Hungria, normalmente não dá para ganhar, mas mostrámos muito bem no último estágio em que ponto estamos".
Problemas físicos e Matheus Nunes no núcleo duro: "Já falei sobre o Matheus Nunes, é um jogador que conhece o balneário e os aspectos táticos. É importante ter mais de 23 jogadores, todos estão medicamente aptos, mas há alguns em que precisamos de trabalhar o aspecto físico. Temos dois jogos em casa, queria ter a oportunidade de ter o maior número de jogadores para fazer o que queremos fazer taticamente contra Irlanda e Hungria".
Ausência de Cancelo e Leonardo Lelo: "Gostamos muito do Lelo, faz parte do grupo que estamos a acompanhar, como o Flávio Nazinho. São jogadores diferentes, é importante trabalhar o grupo dentro do balneário e também acompanhar os jogadores fora do balneário para poder acrescentar o que somos enquanto seleção. O Ricardo Horta e o Leonardo Lelo ficam sempre perto da seleção, Portugal tem uma quantidade enorme de jogadores importantes".

Valorizar o que há em Portugal, mas líderes em assistências (Alberto, Lelo e Dinis Pinto) fora da convocatória: "Hipotecar as hipóteses de novos laterais na seleção é uma expressão muito forte. Acho que é o oposto. Se olharmos para a primeira convocatória, de março de 2023, e a de agora, há muitos jogadores. O que estamos a fazer é um processo profissional de responsabilidade para acompanhar todos os jogadores. Quando um jogador tem um bom jogo ou situação pontual, estamos à frente. A responsabilidade do selecionador e equipa técnica é criar uma equipa competitiva para ganhar jogos e abrir portas e valorizar o talento que temos. Mas estamos a falar de números de jogadores que são muito bons para uma equipa que está a ganhar e não mostra problemas no relvado. É importante criar competitividade e que seja difícil entrar, porque os jogadores que estão, merecem estar. Olhando aos jogadores que utilizamos nas últimas três épocas, o número é elevado".
Falou com Mourinho?: "Estivemos em contacto, faz parte da minha responsabilidade. Foi normal".
Alternativas à baliza?: "Há, claro. Lembra-se qual foi o primeiro guarda-redes em março de 2023? Rui Patrício. A questão não é boa, não são sempre os mesmos. Acompanhamos os guarda-redes, são muito bons, temos o José Sá, Rui Silva e Diogo Costa, que fizeram um estágio superlativo na Liga das Nações. Estamos num momento de continuidade. O Ricardo Velho tem um bom desafio na Turquia, temos guarda-redes jovens na Liga Portugal. Acompanhamos constantemente, mas é difícil tirar os jogadores que estão na convocatória".
Regresso a Portugal desde falecimento de Diogo Jota: "Acredito muito em sinais, o primeiro golo do estágio de setembro foi marcado no minuto 21 e, na Hungria, sofremos ao minuto 21. O Diogo está connosco e fez parte do que construímos para ganhar a Liga das Nações. O seu sonho era ganhar o Mundial, temos a responsabilidade de dar tudo pelo sonho dele, que é um sonho nosso".