Nicolò Tresoldi, filho de Emanuele, ex-jogador da Atalanta, está prestes a completar 21 anos. Agora, porém, o avançado nascido em Cagliari tem outras coisas em que pensar, como os quartos de final do campeonato sub-21 entre a Itália, seu país natal, e a Alemanha, onde joga como jogador naturalizado.
Em entrevista exclusiva ao Flashscore, o camisola 9 alemão exibe um sorriso jovial e sincero. E depois de uma saudação ensolarada, entrega-se, estritamente em italiano, a uma conversa agradável e interessante.
- Nicolò, Alemanha - Itália foi o jogo do seu destino...
- (risos) Sim, é de facto algo que eu esperava. Mas eu nasci em Itália e cresci lá. Por isso, vai ser um jogo muito emocionante para mim. Estou ansioso para jogar contra a Itália, será uma boa partida.
- O que acha da Azzurra?
- A Itália é sempre uma grande seleção, tem grandes jogadores. E todos os meus amigos vão estar a ver o jogo em casa, tanto na Alemanha como em Itália, por isso estou muito ansioso pelo jogo.
- Cuidado para não cantar os dois hinos juntos....
- (Risos) Vamos lá ver, vamos lá ver...

- Pode explicar como foi o processo de naturalização?
- Em 2017, fui com a minha mãe e o meu pai a Hannover e, ao fim de cinco anos, havia uma oportunidade de obter um passaporte alemão. Aceitei-o e imediatamente a seleção alemã chamou-me para a equipa de sub-19.
- Então a Itália nunca o procurou?
- Não, nunca.
- Mas qualquer pessoa é sempre muito ligada ao seu país de origem.
- É claro que volto lá muitas vezes para passar férias. Ainda tenho uma casa na Sardenha, os meus avós vivem em Itália e ainda tenho muitos amigos lá.
- Klose ou Inzaghi?
- Inzaghi! O Pippo é o meu maior ídolo. Depois, também sou um grande adepto do AC Milan. Aliás, até lhe digo que o meu sonho é um dia jogar no AC Milan...
- A paixão rossoneriana é culpa do pai?
- Não, o meu pai é adepto do Inter (risos). Na verdade, foi o meu avô que me transmitiu a paixão pelo AC Milan.
- Fale-me deste início do Euro Sub-21: em dois jogos como titular fez um golo e uma assistência, e nos últimos minutos da vitória sobre a Inglaterra entrou bem.
- Sim, estou lá. Tento sempre dar o meu melhor. Mas o importante nesses torneios é vencer. Mas se puder ajudar a equipa com assistências e golos, tudo bem, mas... O mais importante é ganhar, seguir em frente. Depois, temos uma grande equipa, podemos fazer muito bem, por isso...
- De Itália, o que é que viu que mais o agrada?
- Estão bem posicionados na defesa, só sofreram um golo. Têm jogadores de qualidade como Casadei, Fabbian, Baldanzi, Gnonto. Portanto, é uma boa equipa. Acima de tudo, como já disse, está bem posicionada na defesa. Um pouco ao estilo italiano, como sempre.
- Conhece pessoalmente algum dos Azzurrini?
- Fazzini. Conheci-o quando era miúdo, quando éramos adolescentes e treinávamos juntos com o AC Milan.
- Está pronto para os enfrentar?
- (Risos). Um bocadinho, sim.
- Não é um avançado centro muito alto para os padrões atuais (1,83 metros). Prefere jogar no apoio ou no ataque?
- Na verdade, gosto de fazer as duas coisas, até porque não sou muito rápido, por isso também gosto de jogar no apoio, ficar com a bola e lutar. Depois, é claro que a minha principal qualidade é afirmar-me na área.
- Como Pippo Inzaghi, em suma.
- Exatamente, acho que a minha principal qualidade é o faro de golo.
- O Pippo sabe que é o seu o ídolo?
- Eh, o meu pai jogou com o Pippo. Então ele disse-lhe. Espero... ou espero que ele leia esta entrevista!
- Fez uma boa época com o Hannover na segunda divisão alemã. Agora mudou-se para o Club Brugge, onde vai disputar as pré-eliminatórias da Liga dos Campeões.
- É um salto importante, porque jogar a nível internacional é diferente do que se faz na segunda divisão da Alemanha. Além disso, o Club Brugge aposta muito nos jovens, o que é uma das razões pelas quais eu quis me mudar para lá.
- Deixou Hannover ao fim de oito anos.
- Foi sem dúvida algo doloroso, mas acho que chegou a altura de dar aquele pequeno salto, o próximo passo. E acho que o Clube Brugge é a equipa perfeita para isso.
- Viveu em Itália até os 13 anos. Como é que a cultura do futebol italiano na Alemanha o beneficiou?
- Talvez por ter aquele desejo italiano, aquele entusiasmo italiano, aquele cazzimma italiano. Depois, como já disse, sou um avançado com faro de golo. Talvez não seja o arquétipo de um avançado muito moderno, mas inspiro-me mais em Inzaghi ou Bobo Vieri.