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Diana Gomes: "Estamos a trabalhar para voltar a fazer história por Portugal"

Diana Gomes ao serviço de Portugal
Diana Gomes ao serviço de PortugalGetty Images via AFP, Flashscore
Aos 26 anos, Diana Gomes é já um dos pilares do eixo defensivo da Seleção Nacional. A central portuguesa integra a lista final de Francisco Neto para o Campeonato da Europa, naquela que será a sua quinta fase final ao serviço da equipa das quinas. Um marco importante para uma jogadora que deixou a sua marca ao longo das últimas três temporadas no Sevilha.

Acompanhe a estreia de Portugal no Euro Feminino

Depois de três épocas ao serviço do Sevilha, onde cresceu como jogadora e como pessoa, a internacional portuguesa despediu-se de Espanha antes de se juntar à Seleção Nacional, que vai disputar o próximo Campeonato da Europa, na Suíça. Na bagagem, leva um conjunto de sonhos e a ambição de fazer história por Portugal.

Diana Gomes confiante para o Euro
Diana Gomes confiante para o EuroOpta by Stats Perform, FPF

"O grupo virou a página após a Liga das Nações"

- A Diana já esteve presente em cinco fases finais. Para alguém ainda tão jovem, como é que têm sido todas estas conquistas ao longo do tempo?

- É um orgulho ver que todo o trabalho da jogadora portuguesa está a ser reconhecido e a refletir-se dentro de campo. É por isso que começamos a estar cada vez mais presentes nas fases finais.

- O que podemos esperar de Portugal neste Campeonato da Europa?

- Portugal vai dar tudo. Sabemos que é um grupo difícil, com adversários complicados, mas estamos a trabalhar todos os dias para conseguir bons resultados e fazer grandes exibições.

O grupo de Portugal no Euro
O grupo de Portugal no EuroFlashscore

- Infelizmente, a Diana não esteve no último estágio e os resultados não correram bem. Isso acabou por abalar um pouco aquilo que vinham a construir. Agora, vão reencontrar as mesmas seleções, a Bélgica e a Espanha. Como é que encontrou o grupo?

- Viemos focadas, com a mentalidade de que o que passou, passou. O que podemos retirar desses jogos que não correram tão bem é precisamente a oportunidade de voltarmos a defrontar a Bélgica e a Espanha e corrigirmos aquilo que fizemos menos bem. Senti que o grupo já virou a página e agora o foco está totalmente no trabalho, para que os jogos que vamos disputar na Suíça possam correr muito melhor e possamos fazer uma boa prestação.

Portugal quer fazer história na Suíça
Portugal quer fazer história na SuíçaAndré Sanano / FPF

"O nosso foco é passar a fase de grupos"

- Há uma seleção no grupo de Portugal que, acredito eu, é um pouco mais especial para si, que é a Espanha, onde passou as últimas temporadas. É especial defrontar algumas caras conhecidas?

- Sim, é especial, mas ao mesmo tempo dá vontade de querer fazer melhor a cada jogo. Já conhecemos as características de cada jogadora, são atletas de topo mundial, e pensamos: "Ok, vamos tentar fazer melhor." Sabemos que são jogadoras de altíssimo nível, mas também acreditamos que podemos enfrentá-las de igual para igual e fazer com que não pareçam assim tão superiores.

- Acredita que é possível darem mais um passo em frente na afirmação da Seleção e conseguirem passar a fase de grupos?

- O nosso foco é esse, é passar a fase de grupos, mas como digo sempre, é pensar jogo a jogo. Sabemos que temos adversários difíceis, mas estamos a trabalhar para que possamos, mais uma vez, fazer história por Portugal e garantir a passagem à fase seguinte.

- Há muitos emigrantes na Suíça. O que é que você pode dizer aos portugueses?

- Que venham apoiar-nos, que acreditem em nós, porque nós vamos dar tudo para fazer história por Portugal e para arrancar sorrisos a todos eles.

- Então, e se eu lhe pedisse para completar esta frase: 'Portugal, no Europeu, vai... vai ser o quê?

- Equipa que trabalha em silêncio.

Diana Gomes passou três temporadas no Sevilha
Diana Gomes passou três temporadas no SevilhaSevilla FC Femenino

"Fiquei com muita pena de deixar o Sevilha"

- Queria perguntar-lhe como é que foram estes anos em Espanha. Terminou agora a sua passagem pelo Sevilha… O que é que há a dizer sobre essa experiência?

- Saí super contente e, ao longo desses três anos, senti que cresci muito, tanto como jogadora como enquanto pessoa. Só tenho coisas boas a dizer do clube e da Liga, que é super competitiva e onde se aprende imenso, a nível de agressividade, de competitividade e também de técnica. Custou-me muito sair, mas é assim... o futebol é mesmo assim, faz parte. Agora, que venha o que tiver de vir e que seja coisa boa.

Diana Gomes com o jornalista do Flashscore, Rodrigo Coimbra
Diana Gomes com o jornalista do Flashscore, Rodrigo CoimbraFlashscore

- O que é que sente que mudou, que a tornou diferente depois desta experiência em Espanha e na Liga F? A Diana andou constantemente a defrontar algumas das melhores jogadoras do Mundo.

- É verdade, lembro-me perfeitamente… No meu primeiro jogo pelo Sevilha levei logo um cartão vermelho, porque já estava farta de correr atrás da Ludmila! Foi a experiência… E, sim, foi o meu primeiro cartão vermelho direto desde que jogo futebol.

Mas é isso, é aprender todos os dias. A partir daí comecei a encarar os jogos de outra forma, com mais inteligência. Antes deixava-me levar mais pelo coração do que pela cabeça. E essa experiência ajudou-me a perceber que é preciso equilibrar as duas coisas: jogar com o coração, mas também com a cabeça. E cresci muito, sem dúvida, cresci como jogadora e como pessoa.

- Na sua opinião, em que é que a Liga portuguesa ainda pode crescer em comparação com a Liga espanhola? Onde é que sente que ainda há margem para evoluir?

- Mais apoio, mais visibilidade por parte das pessoas, e também uma aposta ainda maior dos clubes, principalmente dos grandes clubes aqui em Portugal. Acho que deviam dar esse passo, olhar mais para o futebol feminino e dizer: "Ok, podemos apostar nelas, isto tem futuro."

- A Diana já teve oportunidade de deixar algumas palavras aos adeptos do Sevilha, mas o que é que gostaria ainda de lhes dizer mais? Há alguma mensagem especial que queira deixar?

- Quero agradecer por tudo, por todo o apoio que me deram nestes três anos e por me terem feito sentir em casa. Como costumo dizer, Sevilha é a minha segunda casa. Já disse à minha mãe que, de certeza absoluta, um dia vou viver lá. Fui tratada como parte da família e acho que isso é o mais importante.

- Deixou muitas amizades?

- Sim, muitas...

Entrevista de Rodrigo Coimbra
Entrevista de Rodrigo CoimbraFlashscore