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Europeu Feminino: Bonmatí é um dos muitos pontos de interrogação para a Espanha

Aitana Bonmati ao serviço de Espanha
Aitana Bonmati ao serviço de EspanhaMiguel Vidal / Reuters
A Espanha parte como favorita à conquista do Campeonato da Europa feminino este verão, mas a doença da estrela Aitana Bonmatí, às vésperas do torneio, levanta mais um ponto de interrogação em torno de uma equipa que, apesar da sua qualidade inegável, está longe de ser imbatível.

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Tendo conquistado as duas últimas Bolas de Ouro, a média do Barcelona, Aitana Bonmatí, é atualmente a maior estrela do futebol feminino, pelo que a sua ausência nos últimos dias antes do arranque do Euro-2025 representa um duro revés para a seleção espanhola.

A jogadora de 27 anos apresentou febre durante um treino na semana passada e acabou por ser hospitalizada, tendo-lhe sido diagnosticada uma meningite viral.

Bonmatí recebeu alta hospitalar no domingo e voltou a integrar os trabalhos da equipa na segunda-feira, mas dificilmente estará apta para o primeiro jogo da Espanha, frente a Portugal, no próximo dia 3 de julho.

"Ela é muito importante para nós e vamos esperar por ela, aconteça o que acontecer, até ao fim", garantiu a selecionadora espanhola, Montse Tomé.

O episódio faz recordar a grave lesão no joelho de Alexia Putellas, também pouco antes do Euro-2022, onde a Espanha acabaria eliminada pela futura campeã, Inglaterra, nos quartos de final.

Putellas, que tal como Bonmatí venceu por duas vezes a Bola de Ouro, nunca mais voltou ao nível que apresentava antes da lesão, embora insista que o episódio a tornou mais forte. Ainda assim, a esperança espanhola mantém-se: Bonmatí poderá ainda ter um papel decisivo para "La Roja" na Suíça.

"Agora sou uma Alexia melhor. Conheço-me muito melhor hoje. Sei quais são as minhas qualidades e também o que preciso de melhorar. No final do dia, acredito que todo o sofrimento contribui para a nossa evolução, tanto como pessoa como como atleta. Agora sei gerir melhor os momentos difíceis e também aproveitar os bons", afirmou Alexia Putellas aos jornalistas, na semana passada.

Com Patri Guijarro, que ficou de fora da conquista espanhola no Mundial de 2023 em protesto, como parte da prolongada disputa entre várias jogadoras e a federação espanhola de futebol, a assumir a base do meio-campo, e Putellas e Bonmatí à sua frente, o trio central continua a ser o grande pilar da seleção espanhola.

Esta temporada, o Barcelona conquistou o título da Liga F e da Taça da Rainha, mas esteve longe do seu melhor nível e acabou por sucumbir de forma surpreendente frente ao Arsenal na final da Liga dos Campeões.

O grupo de Portugal no Euro
O grupo de Portugal no EuroFlashscore

A equipa orientada por Renée Slegers deu, assim, aos adversários de Espanha este verão um verdadeiro manual sobre como travar o trio do meio-campo espanhol. Mas se alguém conseguirá, de facto, replicar essa fórmula, é uma questão totalmente em aberto.

"Elas são as condutoras, o motor da equipa", explicou a treinadora holandesa do Arsenal, que sobrecarregou o meio-campo na final para impedir Bonmatí, Putellas e Guijarro de encontrarem o seu ritmo habitual.

O Arsenal preparou-se ao detalhe, replicando nos treinos os movimentos do trio espanhol e trabalhando intensamente em estratégias para as neutralizar.

"Estou realmente ansiosa"

Depois da recente desilusão na final da Liga dos Campeões e da grave lesão que sofreu em 2022, Alexia Putellas está determinada a virar essa página e deixar para trás esses momentos difíceis.

"Não vos vou mentir, este torneio está na minha cabeça desde que me lesionei na véspera do último Europeu. Estou mesmo ansiosa por este campeonato. Tenho-me preparado há muito tempo para este momento, mas, acima de tudo, quero desfrutar e competir para ganhar todos os jogos", garantiu Putellas.

No jogo particular frente ao Japão, a jovem promessa do Barcelona, Vicky López, de apenas 18 anos, entrou para o lugar de Bonmatí e deixou a sua marca ao apontar um dos golos na vitória espanhola por 3-1.

Apesar do domínio da posse de bola e do jogo por parte da Espanha, a equipa voltou a sofrer um golo, um padrão que se tem repetido nos últimos meses e que representa mais um desafio para Montse Tomé resolver.

A exibição de Vicky López, no entanto, deixou sinais positivos e poderá ser uma solução imediata para colmatar a ausência de Bonmatí.

"Ela é naturalmente talentosa, uma jogadora que pede mais minutos pela forma como se entrega ao jogo e pelo que demonstra em campo. Sempre confiámos nela. A Vicky esteve bem na pressão e ainda conseguiu marcar", destacou Tomé.

Foi o terceiro golo de López em 10 internacionalizações pela seleção espanhola, um registo que a jovem tem trabalhado arduamente para melhorar.

Ainda não é certo se estará pronta para corresponder num palco tão exigente como o Europeu, mas a resposta poderá chegar já nos próximos dias.