Acompanhe a estreia de Portugal no Euro Feminino
É o que se costuma chamar "dar com a língua nos dentes". Mal soou o apito final do Arsenal-Barcelona, Clàudia Pina recebeu o prémio de melhor marcadora da Liga dos Campeões, um troféu individual que contrastava com o amargo sabor da derrota, depois de ver o título europeu ser entregue ao Arsenal, em Londres. A catalã engoliu as lágrimas, mas era evidente que não estava satisfeita. Pina é conhecida pela ambição e pela fome de títulos, e um prémio individual, por mais prestigiante que seja, nunca substitui a glória coletiva.
O símbolo da maioridade
Internacional sub-16 com apenas 14 anos, Clàudia Pina integrou a primeira geração de jovens espanholas a começar a fazer ondas no futebol mundial. Foi terceira classificada no Campeonato do Mundo sub-17, antes de conquistar o título mundial em 2018, onde brilhou ao vencer a Bota de Ouro. No mesmo ano, foi finalista do Campeonato do Mundo sub-20 e finalista do Europeu sub-17.
A catalã estreou-se na equipa principal do Barcelona com apenas 16 anos, mas precisou de ganhar maturidade e rodagem competitiva, o que a levou a ser cedida ao Sevilha. A passagem pela Andaluzia foi um sucesso: Pina marcou dez golos e fez sete assistências em 32 jogos oficiais na época 2020/2021, deixando claro que estava pronta para voos mais altos.
10 jogadoras a ter em atenção no Europeu Feminino
De regresso ao Barça, Pina continuou a evoluir, mesmo num ataque altamente competitivo e num meio-campo recheado de talento, onde convivem duas vencedoras da Bola de Ouro. Nas últimas quatro temporadas, somou 48 golos em 102 jogos do campeonato, consolidando-se como uma das peças mais perigosas do ataque catalão.
Na verdade, desde adolescente que Clàudia Pina parece destinada ao sucesso. Só não conquistou o Campeonato do Mundo porque integrou o grupo das 15 jogadoras que exigiram mudanças e se recusaram a regressar à seleção sob o comando de Jorge Vilda. Agora, já de volta ao ambiente da Roja sob a liderança de Montse Tomé. Foi, aliás, uma das últimas a regressar a Las Rozas e apresenta-se em excelente forma.
Pina soma quatro golos na Liga das Nações, frente a Bélgica, Portugal e Inglaterra, incluindo dois tentos decisivos saindo do banco, e marcou o golo do empate na vitória por 3-1 sobre o Japão, num jogo de preparação para o Euro-2028 em Leganés. Com estes números e a confiança em alta, a atacante catalã é, atualmente, uma das maiores ameaças ofensivas da seleção espanhola.
Foi também na Liga dos Campeões que Pina se assumiu como referência do Barcelona, terminando a prova com 10 golos, incluindo um hat-trick em apenas 86 minutos da meia-final frente ao Chelsea. Na Liga F, marcou 12 golos, e apontou ainda dois na vitória por 2-0 sobre o Atlético de Madrid, na final da Taça da Rainha. Um registo impressionante que a coloca como uma das figuras a seguir neste Europeu.
Futuro ícone?
Chegada ao Barcelona em 2011, vinda do Espanhol, Clàudia Pina viveu em primeira mão a evolução de La Masia e o crescimento dos blaugrana no futebol feminino, tanto a nível nacional como internacional. De personalidade forte, Pina tornou-se, em 2023, embaixadora da Queen's League ao lado de XBuyer e da sua colega de equipa Patri Guijarro, além de se afirmar como uma referência no estilo urbano fora dos relvados.
Mas, acima de tudo, é adorada pela afición catalã pela sua assumida postura… anti-madridista. Uma rivalidade que a torna na figura ideal para equilibrar o protagonismo de Athenea del Castillo, símbolo do Real Madrid no futebol feminino.
Curiosamente, o orgulho familiar também se sente na aldeia natal de Pina, Moncada i Reixach, onde a mãe da jogadora é uma pequena celebridade local. Proprietária de um bar, criou a "Penya Barcelonista Claudia Pina", onde transmite todos os jogos da equipa feminina do Barça e serve sandes em nome da filha - uma homenagem que reforça o carinho da comunidade e o laço inquebrável entre Pina e o clube catalão.
No mínimo, a catalã poderá garantir um lugar no pódio da Bola de Ouro se ajudar a Espanha a conquistar o título europeu. E, porque não, até surpreender e superar a concorrência, incluindo a sua companheira de equipa Mariona Caldentey, que parte como favorita depois de ter levado a Liga dos Campeões para os Gunners.
Mas há algo que não deixa dúvidas: para Clàudia Pina, a equipa estará sempre acima das ambições individuais. Esse espírito coletivo, aliado ao talento e ao carisma, é precisamente o segredo da sua enorme popularidade, tanto no Barcelona como na seleção espanhola.