Recorde as incidências da partida

Estava tudo preparado para os Bleues na noite de sábado, em Zurique. Depois de a Inglaterra ter visto um golo anulado por um fora de jogo quase impercetível, mesmo após a intervenção do VAR, a seleção francesa entrou em ação e marcou dois golos em apenas três minutos. O resultado final fixou-se em 2-1 para a equipa francesa, que conquistou uma vitória de prestígio frente aos atuais campeões europeus, que se mostraram surpreendentemente apáticos.
Foi um triunfo muito importante para as Bleues, inseridas no grupo da morte, juntamente com as duas últimas seleções vencedoras da competição: Inglaterra e Países Baixos. A França ocupa provisoriamente o segundo lugar do Grupo D, depois das neerlandesas terem vencido o País de Gales por 0-3.
Três minutos para virar o jogo
No pontapé de saída, numa imagem rara, as Bleues iniciaram o jogo ajoelhando-se juntamente com a equipa inglesa, em sinal de apoio ao movimento Black Lives Matter. Lauren James tentou aproveitar logo no primeiro minuto, depois de Sakina Karchaoui ter perdido a posse de bola, mas o remate saiu por cima. A avançada do Chelsea, que esteve em dúvida para este primeiro jogo do Europeu devido a uma lesão na coxa sofrida em abril, voltou em campo e, aos 4 minutos, cruzou para Alessia Russo, que cabeceou para fora.
Apesar do maior domínio inglês dentro das quatro linhas, foi a França que começou a vencer nas bancadas, com os adeptos gauleses a superarem, em entusiasmo, os mais numerosos mas adormecidos adeptos britânicos. Com as bandeiras francesas a colorirem o céu de Zurique, Sandy Baltimore fez a primeira grande incursão pelo flanco esquerdo, mas o seu cruzamento não encontrou destinatário (5’). Pouco depois, Delphine Cascarino acelerou pela direita e serviu Baltimore na área, mas Leah Williamson conseguiu o corte (9’).
A defesa francesa começou a sentir dificuldades quando Alessia Russo introduziu a bola na baliza, após um remate de Lauren Hemp defendido por Pauline Peyraud-Magnin. No entanto, o lance acabou anulado por fora de jogo, graças ao posicionamento certeiro de Alice Sombath (16’). Um golpe psicológico para as inglesas, que começaram a perder controlo da partida. As Bleues aproveitaram e aproximaram-se com perigo da área adversária: primeiro, Oriane Jean-François tentou a sorte com um remate em arco (22’); depois, Sakina Karchaoui quase assinou o golo do torneio com um audacioso disparo de pé esquerdo de 30 metros, que saiu ligeiramente ao lado (25’).

O momento de inspiração chegaria por parte de Sandy Baltimore, a melhor marcadora da seleção francesa em 2025. Pela esquerda, acelerou, ultrapassou Jess Carter e cruzou atrasado. Logo a seguir, voltou a combinar com Selma Bacha, mas o remate em chapéu saiu fácil para a guarda-redes Hannah Hampton (29’).
A pressão francesa intensificou-se e, aos 36 minutos, o marcador foi finalmente inaugurado. Após um cruzamento de Elisa De Almeida, a bola foi rapidamente recuperada e centrada por Delphine Cascarino, encontrando Marie-Antoinette Katoto na marca de penálti, que não desperdiçou: 1-0 para a França.
Três minutos depois, a seleção francesa já tinha resolvido grande parte da partida. Numa abertura de Oriane Jean-François, que estava a assinar uma exibição de grande nível, Sandy Baltimore arrancou pela esquerda, passou por duas adversárias e beneficiou de um ressalto involuntário de uma defesa inglesa caída. Sem hesitar, rematou em arco para o fundo das redes, assinando o 2-0 (39’).
Uma revolta inglesa tarde demais
No regresso do intervalo, a França manteve a pressão e viu Elisa De Almeida ameaçar por duas vezes diante de Hampton, antes de, já na terceira tentativa, quase ampliar a vantagem com um remate colocado que acertou no poste mais distante (51’). Maëlle Lakrar esteve perto de complicar as contas para as Bleues ao falhar um cabeceamento, mas Alessia Russo não conseguiu dominar a bola e Alice Sombath voltou a afastar o perigo (52’). Contudo, a França perdeu o controlo do jogo quando Georgia Stanway recuperou a posse de bola e, após uma troca rápida entre Jean-François e Grace Geyoro, Hampton defendeu um remate potente à entrada da área (54’).
À passagem da hora de jogo, Laurent Bonadei optou por renovar por completo o ataque, lançando Kadidiatou Diani, Clara Mateo e Melvine Malard (62’). O novo trio ofensivo criou perigo imediato, com Hampton quase a cometer o seu segundo erro da noite, ao falhar a leitura de um cruzamento de Mateo para Malard, que, atrapalhada, não conseguiu finalizar com sucesso para o fundo das redes francesas (65’). Nas bancadas, os adeptos franceses puxavam pela equipa, com aplausos constantes, enquanto os britânicos mostravam-se em silêncio (70’).
A Inglaterra voltou a reagir. Após um remate de Ella Toone desviado para canto por Selma Bacha, surgiu o golo do empate, fruto de uma jogada de bola parada. Keira Walsh bateu o livre com precisão e, após um desvio da defesa francesa, a bola sobrou para a própria Walsh, que, à entrada da área, rematou colocado ao ângulo superior. Peyraud-Magnin ainda se lançou para o lado esquerdo, mas não conseguiu evitar o 2-1 (87’).
Nos instantes finais, a França manteve-se coesa face à pressão inglesa. Selma Bacha salvou em cima da linha um desvio traiçoeiro de uma adversária aos 90 minutos. Já em tempo de compensação, Melween N’Dongala protagonizou a derradeira intervenção defensiva, segurando a vantagem gaulesa.