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Incansável. Combativa na defesa e letal no contra-ataque, ainda não marcou em 14 jogos, mas é uma ameaça constante, como demonstram as duas grandes oportunidades que teve no segundo jogo frente à Islândia (2-0). A jogar como lateral-direita numa linha de cinco defesas, destaca-se pela maturidade nas decisões, fruto da sua impressionante versatilidade para uma jogadora que completará 19 anos no próximo dia 23 de julho, precisamente um dia depois de a Suíça defrontar o vencedor do França-Alemanha nas meias-finais, caso ultrapasse a favorita Espanha no próximo duelo.
“Quando a lancei frente à Inglaterra (na derrota por 1-0, em dezembro), não vi ali a jovem de 18 anos que ainda joga no seu país. Estava perfeitamente à altura”, afirmou o selecionador ao Le Temps sobre Iman Beney. Pia Sundhage não hesita em utilizá-la em diferentes posições, tendo inclusivamente apostado nela no ataque durante a Liga das Nações. No entanto, é na defesa que mais precisa dela neste Europeu.
E a jovem tem-se adaptado rapidamente. “Pouco a pouco, estou a melhorar, mas sei que ainda tenho de evoluir a nível defensivo”, reconhece a própria sobre o seu novo papel.
"Hoje estou imparável"
Ela também impressiona pela sua capacidade física. “Acho que poderia ter corrido várias vezes”, sorriu, após a vitória frente à Islândia. “Sinceramente, é uma sensação fantástica, porque dizemos a nós próprias: ‘Hoje estou imparável’.” A jovem prodígio também se mostrou maravilhada com o apoio do público da casa. “Nem consigo acreditar que nos apoiam assim. Quando chegamos ao estádio, quase temos lágrimas nos olhos”, confessou.
Iman Beney está a saborear ainda mais este momento, depois de ter sofrido a rutura dos ligamentos do joelho apenas poucos dias antes de viajar para o Mundial de 2023, na Oceânia. Tem ainda uma carreira inteira pela frente.
O Manchester City também reconheceu o talento da “canivete suíço” da seleção e recrutou-a neste verão. A talentosa jogadora vai deixar o Young Boys de Berna, clube com o qual acaba de conquistar o campeonato suíço. “Estava na altura de descobrir novos desafios e sair para o estrangeiro (…) para continuar a minha evolução”, explicou.
Sundhage concorda. “O talento, por si só, não leva a lado nenhum. É preciso trabalhar para isso. Mas ter adultos que acreditam em nós e nos dão oportunidades pode ajudar”, sublinha a treinadora bicampeã olímpica pelos Estados Unidos. E como Beney é uma verdadeira criança da bola, os adultos da sua família também sabem dar bons conselhos.
"Ela saltava de alegria"
O seu pai, Nicolas, foi guarda-redes dos Espoirs suíços, derrotados nas meias-finais do Europeu de 2002 pela França de Mickaël Landreau. Com os olhos marejados de emoção, recordou à RTS (Radio Télévision Suisse) os primeiros passos da filha: “No dia em que recebeu a carta da Câmara Municipal para as crianças com idade para começar a frequentar a escola de futebol, saltou de alegria. Era mesmo isso que queria.”
A equipa da sua terra natal, Savièse, contava também com a sua grande amiga Naomi Luyet, que ainda recupera de uma lesão e é a única ausência no quinteto de jovens que representa o futuro do Nati, juntamente com Sydney Schertenleib, Noemi Ivelj e Leila Wandeler, a mais velha do grupo: a jovem de 19 anos do Lyon!
O irmão, Roméo Beney, acaba de assinar contrato profissional com o FC Basel, e a sua tia Noémie, gestora de talentos da ASF (Associação Suíça de Futebol), integra a equipa técnica do Nati. Apenas a mãe não trazia o gene do futebol: “Eu queria que ela fosse uma grande bailarina, mas não correu bem”, brincou Cléo Beney à RTS, que esteve a filmar toda a família num jogo de preparação disputado no Tourbillon, estádio do Sion, antes do Europeu.
Muitos dos adeptos presentes, rapazes e raparigas, pediam a Iman Beney selfies e autógrafos. “Apercebi-me do quanto ela é popular”, contou a mãe. E o sucesso ainda agora começou.