A guarda-redes Mary Earps e a média Fran Kirby retiraram-se da seleção inglesa em circunstâncias distintas, nas vésperas do Campeonato da Europa, que se realiza na Suíça.
Earps perdeu a corrida pela titularidade para Hannah Hampton, do Chelsea, e acabou por abdicar da seleção. Ainda assim, Sarina Wiegman, treinadora das Lionesses, não escondeu a sua frustração com a decisão da guardiã do Paris Saint-Germain.
Já Fran Kirby antecipou a sua retirada do futebol internacional depois de perceber que dificilmente integraria o lote final de 23 jogadoras.
Outra baixa de peso é Millie Bright, capitã da Inglaterra na final do Campeonato do Mundo de 2023, que também se afastou da seleção, justificando a decisão com o cansaço físico e mental acumulado.
"É preciso seguir em frente. Pela minha experiência, antes dos grandes torneios há sempre ruído. Estamos à espera desse barulho até ao início da competição. Não vejo isto como uma crise, de todo", comentou Wiegman no anúncio da convocatória.
Ainda assim, o momento da seleção inglesa não deixa de gerar algumas dúvidas, sobretudo tendo em conta o grupo complicado onde estão inseridas: os Países Baixos, campeões europeus em 2017, França, uma das seleções mais fortes da atualidade, e um duelo britânico frente ao estreante País de Gales.
A forma recente da equipa também levanta preocupações. A Inglaterra venceu apenas três dos seis jogos da Liga das Nações esta época, somando resultados inesperados diante de Portugal e Bélgica, o que acabou por custar a presença nas meias-finais da competição, em benefício da campeã mundial, Espanha.
Alvos nas nossas costas
Ainda assim, a seleção inglesa partiu para a Suíça moralizada, depois de golear a Jamaica por 7-0 num jogo particular, no domingo.
"Acho que não nos podemos relaxar no torneio, principalmente com o grupo que temos. Externamente, haverá sempre pressão sobre a Inglaterra, seja na equipa feminina ou masculina. Existe sempre pressão e todos querem derrotar-nos, ainda mais agora que somos as detentoras do título", alertou a avançada Alessia Russo, em declarações à AFP.
"Externamente, haverá sempre pressão sobre a Inglaterra, seja na equipa feminina ou masculina. Existe sempre pressão e todos querem derrotar-nos, ainda mais agora que somos as detentoras do título", acrescentou.
Apesar de uma preparação longe do ideal, as Lionesses continuam a ser apontadas como as principais favoritas a seguir à campeã mundial Espanha, na corrida pela conquista do Euro 2025.
Alessia Russo integra o plantel do Arsenal que surpreendeu o todo-poderoso Barcelona, equipa que serve de base ao sucesso da seleção espanhola, ao vencer a Liga dos Campeões em maio.
Leah Williamson, Beth Mead e Chloe Kelly, todas figuras de destaque no histórico título europeu de 2022, também integraram a equipa das Gunners que pôs fim ao domínio do Barça no futebol europeu de clubes.
Além disso, a Inglaterra e a sua treinadora, Sarina Wiegman, já se habituaram a atingir o pico de forma no momento certo, nos grandes torneios. Desde 2015, as Lionesses alcançaram pelo menos as meias-finais em todas as edições do Campeonato da Europa e do Mundial.
Sarina Wiegman, que orientou os Países Baixos nas finais do Euro 2017 e do Mundial 2019, e que agora lidera a seleção inglesa, atingiu a final em todos os quatro grandes torneios em que esteve no comando.
"A responsabilidade é nossa. Sabemos o quão boas somos e o quão boas podemos ser", afirmou Alessia Russo.
"Vimos isso no Euro 2022 e até no Mundial, mesmo tendo ficado muito perto do título. Estamos aqui para competir, queremos medir forças com as melhores. Acho que há imenso talento no futebol feminino atualmente, e nós somos claramente uma dessas equipas", atirou.
Sob o comando de Wiegman, a Inglaterra já demonstrou capacidade para lidar com a ausência de jogadoras-chave. Leah Williamson e Beth Mead falharam o Mundial devido a graves lesões nos ligamentos cruzados, enquanto Lauren James ficou de fora dos quartos de final e das meias-finais, depois de ser expulsa frente à Nigéria nos oitavos.
James, irmã do capitão do Chelsea, Reece James, regressou recentemente de uma lesão no tendão e teve impacto imediato, ao assinar uma assistência brilhante para Russo, no particular frente à Jamaica.
"Ela tem qualidade de Bola de Ouro", garantiu Karen Carney, antiga internacional inglesa.
Agora, a pressão recai sobre Lauren James e a nova geração das Lionesses, que procuram igualar o legado das campeãs do Euro-2022 e manter a Inglaterra no topo do futebol feminino mundial.