"A única coisa que me falta é o ouro. Se ganharmos o ouro, será um final perfeito", afirmou a médio-ofensiva, que anunciou estar prestes a disputar o seu quinto e último Campeonato da Europa. A Suécia procura garantir um lugar nos quartos de final, frente à Polónia, esta terça-feira, em Lucerna.
Kosovare Asllani sonha em celebrar o seu 36.º aniversário, a 29 de julho, com o primeiro troféu da carreira com os Blågult (azuis e amarelos), apenas dois dias depois da final do Europeu feminino.
Exemplo de longevidade, "Kossé" colecionou duas medalhas de prata nos Jogos Olímpicos (2016 e 2021), bronze nos Mundiais de 2019 e 2023, e chegou às meias-finais no último Campeonato da Europa, em 2022.
Quando a Suécia, pioneira do futebol internacional de seleções, conquistou o seu único título, no primeiro Campeonato da Europa, em 1984, faltavam cinco anos para nascer.
As 200 internacionalizações: "Número mágico"
Esteve tão perto do título nos Jogos Olímpicos de Tóquio, onde a Suécia foi derrotada por um triz pelo Canadá (1-1, 3-2 nos penáltis). Nessa final, Asllani fez uma assistência crucial para Stina Blackstenius, mas falhou o seu penálti, o primeiro da decisão por pontapés da marca de grande penalidade, enviando a bola ao poste.
Em busca do tão desejado título, Asllani tem estado em grande forma neste Campeonato da Europa. Foi ela quem assinou a assistência decisiva, após uma jogada individual com Filippa Angeldahl, frente à Dinamarca (1-0), na jornada de abertura.
No final do encontro, foi homenageada pelas companheiras de equipa e pelos adeptos suecos, no estádio de Genebra, com uma camisola personalizada com o seu nome e o número 200, em alusão às suas internacionalizações.

"Estou muito orgulhosa. É um número mágico. Apenas duas jogadoras o alcançaram antes no futebol sueco", comemorou, referindo-se a Therese Sjögran (214 jogos) e Caroline Seger (240).
Natural de Kristianstad e filha de emigrantes kosovares, Kosovare Asllani estreou-se pela seleção nacional aos 19 anos, em 2008, numa vitória por 2-0 frente à Roménia.
Em 200 jogos, marcou 48 golos e teve um impacto profundo no jogo da Suécia.
Apesar de envergar o número 9, típico de avançada, Asllani é, acima de tudo, "perfeita no papel de número 10", afirmou à AFP Jocelyn Prêcheur, seu treinador no London City, equipa que acaba de chegar à primeira divisão inglesa.
"Tem um conhecimento profundo do futebol"
"A sua primeira grande qualidade é a inteligência de jogo. Tem um conhecimento profundo do futebol e está sempre bem posicionada, a encontrar os espaços livres", afirmou Jocelyn Prêcheur, antiga treinadora do PSG, que se juntou a Kosovare Asllani em 2024 no projeto das London City Lionesses, liderado por Michelle Kang, também presidente do Olympique Lyonnais.
"Não teríamos sido promovidas sem ela - isso é evidente - para não falar do impacto que tem no grupo", acrescentou Prêcheur.
"A segunda grande qualidade é a técnica: o primeiro toque, a qualidade do passe, dos remates, dos livres... Tem um toque muito fino", reforçou a treinadora francesa.
O selecionador sueco, Peter Gerhardsson, "fez um esforço para nos visitar várias vezes em Londres. Tive a sorte de trocar muitas impressões com ele", o que demonstra, segundo Jocelyn Prêcheur, "a grande importância da 'Kossé' para a seleção nacional".
Asllani, "que passou por grandes clubes" como PSG, Manchester City, Real Madrid e AC Milan, transmite também "a sua vasta experiência, a sua cultura de alto nível e a sua cultura de vitória", sublinha a treinadora francesa.
E agora, o Campeonato da Europa. Depois disso, "Kossé" pode não continuar na seleção: "Não sou a Seger, nunca vou chegar aos 240 jogos", avisou a médio sueca.