Recorde as incidências da partida

A Suíça tinha um encontro marcado com a história esta quarta-feira, no St. Jakob Park, em Basileia, onde inaugurou o Campeonato da Europa Feminino de 2025. Naturalmente, a equipa anfitriã sonhava com um desfecho diferente daquele que acabou por viver: uma derrota por 2-1 frente à Noruega, depois de ter estado em vantagem logo aos quatro minutos.
O cenário parecia perfeito. Sol, estádio cheio e os adeptos suíços a entoarem cada palavra dos cânticos, num ambiente de celebração que pretendia ser o cartão de visita do "seu" Euro. Até a cerimónia de abertura, com estruturas metálicas imponentes, destacou o simbolismo de um torneio pensado para ser "de aço".
Durante 45 minutos, a Suíça surpreendeu pela intensidade e pela atitude, algo que não se tinha visto nas exibições recentes da equipa orientada por Pia Sundhage. Mas, na segunda parte, a equipa anfitriã caiu fisicamente e acabou por ser traída pelo talento individual da Noruega, que, sem deslumbrar coletivamente, soube ser eficaz.
Foi uma lição de realismo e mais um passo no processo de aprendizagem de um jovem grupo suíço, que, apesar do desaire, ainda mantém intacta a esperança de alcançar os quartos de final. Para isso, será essencial o apoio incondicional dos adeptos helvéticos e um bom resultado frente à Islândia e à Finlândia nas próximas jornadas do Grupo A.

Reuteler e Riesen empurram a equipa
O St. Jakob Park, em Basileia, já estava completamente lotado quando a Suíça conquistou o seu primeiro pontapé de canto. O lance não teve consequências, mas isso pouco importou: os cânticos de "Nati, Nati" ecoavam nas bancadas atrás da baliza norueguesa, transformando aquele setor numa verdadeira "curva suíça".
A equipa da casa começou a pressionar cedo. Nadine Riesen iniciou uma jogada ofensiva e Geraldine Reuteler esteve muito perto de marcar dentro da área, logo aos 4 minutos. A Noruega respondeu, mas não conseguiu criar perigo, e o contra-ataque de Riola Xhemaili acabou por ser inofensivo aos 7 minutos. Pouco depois, Maanum tentou aproveitar um ressalto na área suíça, mas o remate foi inconsequente.
A Noruega só conseguiu enquadrar o primeiro remate à baliza aos 12 minutos, através de uma iniciativa individual de Caroline Graham Hansen. A Suíça respondeu logo de seguida: Lia Wälti tentou a sua sorte de longe, após um lançamento de Iman Beney, que Reuteler não conseguiu dominar (15’). A camisola 6 da Suíça voltou a tentar a sua sorte pouco depois e, com um remate de pé esquerdo, esteve muito perto de surpreender a guarda-redes Cecilie Fiskerstrand (17’).
Empurrada pelos adeptos e com os sinos tradicionais suíços a marcar o ritmo, a equipa da casa esteve novamente perto do golo aos 23 minutos, quando Riesen cruzou para Xhemaili, que falhou o alvo.
Logo a seguir, Geraldine Reuteler acertou na trave com um remate em arco, após uma saída rápida da Noruega (24’). A pressão suíça acabou por ser recompensada aos 28 minutos: Riesen insistiu no corredor esquerdo e, de primeira, rematou cruzado para o fundo das redes, inaugurando o marcador.
Ainda antes do intervalo, Iman Beney quase dilatou a vantagem num cruzamento para Reuteler, que voltou a desperdiçar (35’). Já perto do descanso, Reuteler cobrou um canto com intenção directa à baliza e obrigou Fiskerstrand a uma defesa apertada (40’).
Reviravolta em quatro minutos
Ovacionadas ao intervalo, as jogadoras de Pia Sundhage regressaram dos balneários com a mesma determinação e intensidade. Contudo, contra todas as expectativas, foi a Noruega quem chegou ao empate.
Na sequência de um canto batido por Vilde Boe Risa, Ada Hegerberg surgiu isolada e, de cabeça, fez o 1-1, assinando o seu 50.º golo ao serviço da seleção norueguesa (54’).
A capitã Lia Wälti tentou responder de imediato, conduzindo um contra-ataque que Iman Beney ampliou pelo flanco, mas o cruzamento acabou por não criar perigo.
A reviravolta norueguesa consumou-se pouco depois. Caroline Graham Hansen desmarcou-se pela esquerda e cruzou para a área, onde a infeliz Julia Stierli desviou para o interior da própria baliza, estabelecendo o 1-2 (58’).
A Noruega podia ter dilatado a vantagem logo no minuto seguinte, novamente por intermédio de Hegerberg, mas a guarda-redes suíça brilhou com uma saída arrojada. Aos 63 minutos, a Suíça voltou a tentar reagir, com Reuteler a rematar forte da entrada da área, mas Fiskerstrand respondeu com uma boa defesa (66’). Pouco depois, a Noruega beneficiou de uma grande penalidade, assinalada após um contacto na área, mas Ada Hegerberg desperdiçou, atirando por cima da baliza helvética (70’), para alegria dos adeptos suíços.
A euforia nas bancadas foi ainda maior quando, no lance seguinte, a árbitra assinalou um penálti favorável à Suíça. Contudo, o VAR viria a anular a decisão por fora de jogo (72’).
Apesar da desvantagem, os adeptos suíços não baixaram os braços e mantiveram o apoio incondicional à equipa. Alayah Pilgrim quase empatou aos 79 minutos e, pouco depois, Reuteler, isolada após um cruzamento, cabeceou por cima, alimentando as esperanças de uma recta final intensa (83’).
Iman Beney ainda semeou o perigo com uma jogada individual pela direita, mas o seu cruzamento não encontrou ninguém em zona de finalização (90’).
Apesar de todos os esforços e dos incentivos vindos das bancadas, com o clássico "Hop Switzerland", a equipa helvética não conseguiu evitar a derrota no jogo de estreia.