As lágrimas secaram quando a trágica heroína Ann-Katrin Berger e as suas colegas viraram as costas à chuvosa Zurique. Mas a frustração e a desilusão ainda prevaleciam entre as jogadoras.
Com uma fotografia como recordação das inesquecíveis semanas no Campeonato da Europa na bagagem, as jogadoras da Alemanha arrastaram-se até aos poucos adeptos em frente ao hotel, deram autógrafos e sorriram duramente para as fotografias, antes de se despedirem. Férias e descanso estão na agenda para digerir o fim de todos os sonhos de título contra a Espanha.
"Estamos todos completamente vazios", lamentou o técnico da seleção da Alemanha, Christian Wück. As jogadoras estiveram muito perto de chegar à final, com a derrota por 1-0 contra as campeãs do mundo, e a eliminação por um "golpe de génio" de Aitana Bonmatí (113') foi demasiado amarga. Agora precisa de "três, quatro, cinco dias", disse o treinador da Alemanha, "para voltar a pensar".
Recorde o Alemanha - Espanha
"Algo grande está a crescer em conjunto"
No meio das lágrimas e da tristeza, as mulheres da Alemanha puderam agarrar-se a uma esperança em particular. O fim do torneio deve ser apenas o começo para o "grupo jovem" (Berger), que teve de superar tantos contratempos na Suíça.
"A Alemanha pode olhar para o potencial de cada indivíduo", disse Berger e anunciou com convicção: "Vai ficar muito, muito maior - em qualquer caso." Rebecca Knaak também estava certa: "Algo grande está a crescer em conjunto".
Berger provavelmente só ficou um pouco animada com isso. A guarda-redes, que tinha sido festejada em todo o país após a sua atuação heróica contra a França, assumiu o golo que sofreu de cabeça erguida. "Lamento imenso. A culpa é minha", disse a guarda-redes de 34 anos, que buscou consolo nos braços do avô, que viajou espontaneamente para o país.
Wück fica
As companheiras de equipa não a censuraram e Wück também a isentou de culpa. No entanto, o selecionador nacional não foi poupado nas críticas ao público alemão.
"Recentemente, li que a Almanha estava a milhas de distância dos principais países e, três dias depois, li que 'nós' estamos nas meias-finais", disse Wück, de quem Bernd Neuendorf está "100%" convencido. Apesar da eliminação, o chefe da federação disse que este torneio "talvez tenha dado início a uma nova era".
No entanto, Wück expressou um desejo claro para o futuro. Precisamos de "muito mais" Carlotta Wamsers (21) e Franziska Ketts (20). O treinador disse que as jogadoras haviam "iniciado um desenvolvimento", mas: "Precisamos de melhorar, especialmente na próxima geração".
A associação e os clubes são desafiados. É preciso "tirar as conclusões certas para ter uma equipa que possa ganhar torneios como este em algum momento".
Espaço para melhorias
O que resta deste Campeonato Europeu, o primeiro grande torneio sob o comando de Wück? Muitos recordarão durante anos o drama memorável contra a França, uma equipa movida por uma determinação desenfreada, mas nem sempre convincente em termos futebolísticos.
Almuth Schult, ex-jogador da seleção alemã, advertiu que "em termos de jogo", apenas a vitória por 4-0 contra os Países Baixos, antes do torneio foi "um jogo realmente bom" sob o comando de Wück. Este deve "ser o padrão".
No entanto, Wück estava "orgulhoso" por a sua equipa ter "provocado tanta euforia" em casa, onde uma média de 14,26 milhões de pessoas sintonizaram na noite de quarta-feira, e nos estádios do Campeonato da Europa. Não apenas com vista ao Campeonato do Mundo de 2027 no Brasil, o objetivo é "construir sobre isto", se possível já no final de outubro, na meia-final da Liga das Nações contra a França, disse Wück: "É exatamente aí que vamos continuar".