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Europeu feminino: Ser mãe e profissional de futebol já não é uma exceção

Amel Majri é mãe há três anos
Amel Majri é mãe há três anosSEBASTIEN BOZON / AFP
Raros há alguns anos no futebol feminino, os casos de gravidez durante a carreira de uma jogadora são cada vez mais frequentes, apesar de a proteção social ainda ser incompleta em alguns países.

Na semana passada, a filha de três anos da médio francês Amel Majri e a filha de um ano da guarda-redes Constance Picaud foram vistas em Clairefontaine a observar as mães a treinar ao longe. Estes exemplos são cada vez mais frequentes, uma vez que muitas federações estão a criar condições que facilitam a conciliação entre a vida profissional e a maternidade.

"No caso das Bleues, toda a logística é assegurada pela FFF: transporte, alojamento, alimentação da criança e do acompanhante", explica uma fonte próxima da federação. Mas o salário do acompanhante não é coberto.

Durante o Euro, as duas jogadoras poderão ver as suas filhas sempre que desejarem, fora dos momentos obrigatórios do grupo, como refeições, reuniões e treinos.

Em maio de 2024, a FIFA aprovou um reforço das medidas de proteção da maternidade no futebol, incentivando os países a facilitar o equilíbrio entre a vida profissional e a vida pessoal. Apenas 2% das jogadoras afirmaram ter um filho em 2017, data do último inquérito sobre o assunto realizado pelo sindicato mundial de jogadores (Fifpro), entre as 3.500 jogadoras das principais ligas inquiridas. E apenas 8% delas tinham recebido subsídio de maternidade do seu clube ou federação.

"O mais flexível possível"

Desde 2021, a FIFA introduziu um novo quadro regulamentar com"um período mínimo de 14 semanas de licença remunerada, das quais pelo menos oito devem ser gozadas após o nascimento da criança", combinado com a obrigação de pagar à jogadora"pelo menos dois terços" do seu salário.

"Durante um Campeonato do Mundo (ou torneio continental), as jogadoras estão longe das suas famílias durante cinco ou seis semanas. Isto pode causar sérios danos psicológicos às atletas e aos filhos. Incentivar as federações membros a permitir que as mães e os pais levem os seus filhos para os campos de treino é uma medida muito importante", afirmou Sarai Bareman, Diretora de Futebol Feminino da FIFA.

Em janeiro de 2023, a islandesa Sara Bjork Gunnarsdottir revelou que tinha sofrido uma redução salarial durante a gravidez, quando jogava no OL, o que também não a ajudou a regressar ao futebol de competição. Sara Bjork Gunnarsdtir ganhou o caso contra o clube francês no Tribunal de Futebol da FIFA e recuperou a parte não paga do seu salário.

"Os torneios são uma montra maior, o que dá grande visibilidade. É uma boa maneira de mostrar se progredimos em comparação com outros países", disse à AFP Amanda Gutiérrez, presidente do sindicato espanhol de futebolistas FutPro.

"Tenho sorte porque a minha família está comigo em todo o lado. Ela vai estar na Suíça e isso dá-me paz e força, estou feliz", disse à AFP a capitã espanhola Irene Paredes. O filho já esteve ao seu lado no Campeonato do Mundo de 2023, na Nova Zelândia e na Austrália.

Na Suécia e na Islândia, o apoio financeiro inclui o pagamento de uma ama ou babysitter."Tentamos ser o mais flexíveis possível para atender às necessidades das mães com filhos, o que pode incluir apoio com a logística da viagem da família, alojamento durante o torneio e cuidados infantis", disse a Associação Islandesa de Futebol (KSI) à AFP.

A Dinamarca, que também "cobre os custos" da criança e do acompanhante da mãe, disse à AFP que a filha da futebolista Rikke Marie Madsen, Frida, e o seu companheiro Martin estão "no centro de treinos" da equipa nacional.

A Alemanha, campeã europeia oito vezes em 13 edições, também está a cobrir"as despesas de hotel, alimentação e viagem das crianças e dos adultos que as acompanham".

A Inglaterra , atual campeã europeia, por outro lado, não tem mães no seu plantel.