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Europeu Feminino: Sucesso "caótico" da Inglaterra é um momento de glória para a treinadora Sarina Wiegman

Sarina Wiegman, selecionadora de Inglaterra
Sarina Wiegman, selecionadora de InglaterraSEBASTIEN BOZON / AFP

O triunfo da Inglaterra no Euro-2025 pareceu improvável durante grande parte do torneio, mas sublinhou a mentalidade vencedora incutida na equipa por Sarina Wiegman.

A treinadora neerlandesa já se estabeleceu firmemente como uma das maiores do futebol feminino.

As leoas saíram atrás do marcador contra a Espanha, empatando 1-1 no prolongamento, e venceram a final de domingo por 3-1, nos penáltis, em Basileia, vingando-se da derrota na decisão do Mundial de 2023.

A Inglaterra não pode afirmar que foi a equipa mais bem sucedida do torneio, tendo começado por perder com a França por 2-1.

Seguiu-se um jogo nos quartos de final contra a Suécia, em que esteve a perder por 2-0 a 12 minutos do fim, antes de recuperar para empatar e acabar por vencer nos penáltis.

Depois veio a meia-final contra a Itália, quando a equipa de Wiegman precisou de um empate aos 90+6 minutos, por Michelle Agyemang, para forçar o prolongamento e Chloe Kelly marcou o golo da vitória quando se aproximava a decisão por pontapés da marca de grande penalidade.

A Inglaterra conquistou o troféu apesar de ter estado à frente do marcador durante um total de um minuto nas três eliminatórias.

"Este é o torneio mais caótico e ridículo que já disputámos. É claro que temos jogadoras com talento, e a união desta equipa é realmente incrível", afirmou Sarina Wiegman.

"As jogadoras pensam que podem ganhar de qualquer maneira, e nós nunca, nunca desistimos", acrescentou.

Independentemente da forma como o conseguiram, as Lionesses de Wiegman são a primeira equipa sénior inglesa, masculina ou feminina, a levantar um troféu importante em solo estrangeiro.

Três em sequência

No período que antecedeu o torneio, as inglesas foram afetadas pelas retiradas das guarda-redes Mary Earps e Fran Kirby, além da decisão da capitã do Chelsea, Millie Bright, de não estar disponível.

Mas o sucesso da Inglaterra foi alcançado em grande parte graças à sua força em profundidade, com a qualidade disponível para Wiegman no banco a ajudar a mudar o curso de vários jogos.

Se a Inglaterra não tem a mesma forma de jogar claramente definida que a Espanha de Aitana Bonmati, tem uma treinadora brilhante.

As Leoas nunca haviam vencido nenhum torneio importante antes da chegada de Wiegman em 2021, e agora venceram duas vezes o Euro e chegaram à primeira final do Mundial Feminino.

Raramente o conseguiram de forma fácil, com apenas três vitórias em nove jogos de eliminatórias de grandes torneios sob o comando da neerlandesa a chegarem dentro dos 90 minutos.

Mas a sua influência é óbvia, dada a forma como as jogadoras inglesas falam dela, e o currículo de Wiegman é notável.

A treinadora chegou a cinco finais consecutivas, entre Campeonatos da Europa e Mundiais, e ganhou três Euros seguidos, depois de ter conduzido os Países Baixos à vitória em 2017, antes de assumir o comando da Inglaterra.

"Ela é incrível. É uma mulher incrível", disse Kelly, que marcou o penálti da vitória contra a Espanha.

"Devíamos estar todas muito gratas pelo que ela fez por este país. Ela elevou o futebol feminino, não apenas em Inglaterra, mas em todo o futebol feminino, a outro nível", acrescentou.

Recorde de público

Em breve, as atenções estarão viradas para o futuro das vencedoras, e a Inglaterra vai concentrar-se no Campeonato do Mundo de 2027 no Brasil, com as eliminatórias a começarem no início do próximo ano.

Mark Bullingham, presidente da Federação Inglesa de Futebol, disse na semana passada que a Inglaterra estava determinada a manter Wiegman, cujo contrato vai até ao Campeonato do Mundo.

Se se qualificar, a Inglaterra espera estar entre os principais candidatos, juntamente com a Espanha e as campeãs olímpicas dos Estados Unidos, treinadas pela inglesa Emma Hayes.

De um modo geral, o torneio na Suíça confirmou a crescente popularidade do futebol feminino, com uma assistência total de 657.291 pessoas, a mais elevada de sempre num Campeonato da Europa - ainda mais do que em Inglaterra em 2022, apesar de mais de 87.000 terem assistido à final desse ano em Wembley.

O Campeonato Europeu de Futebol confirmou também a liderança de Inglaterra e Espanha, depois de o Arsenal ter derrotado o Barcelona na final da Liga dos Campeões feminina.

Mas houve muito drama ao longo de toda a competição e desempenhos impressionantes, nomeadamente da Itália, que chegou à sua primeira meia-final desde 1997.

Wiegman está otimista quanto ao impacto que a competição terá no crescimento do futebol feminino em todo o continente.

"A minha experiência com este torneio é que o nível voltou a subir, a intensidade dos jogos foi altíssima", disse a treinadora de 55 anos.

"Espero que isso impulsione ainda mais o futebol feminino, não apenas na Inglaterra, mas fora dela", acrescentou.