Mas será que essa identidade própria pode realmente ser preservada num contexto em que o futebol feminino procura crescer e ganhar mais visibilidade? Essa é uma das questões que acompanhará o Campeonato da Europa Feminino, que decorrerá na Suíça nas próximas semanas.
Apesar do aumento significativo da atenção mediática, as jogadoras da seleção alemã, por exemplo, continuam a apresentar-se como simples e próximas do público. No entanto, o futebol feminino está a evoluir a um ritmo acelerado: os prémios monetários aumentaram de forma expressiva e espera-se um número recorde de espectadores na Suíça, embora a diferença em relação ao futebol masculino continue a ser enorme.
Um modelo a seguir?
Mas será que vale mesmo a pena imitar um sector que, há anos, se revela moralmente flexível em nome da maximização dos lucros? Num panorama onde o futebol masculino se rende ao poder financeiro da Arábia Saudita, onde os torneios são inflacionados e artificialmente promovidos, e onde a humildade outrora prometida não passa de palavras vazias, o Campeonato da Europa Feminino continua a ser, pelo menos para já, refrescantemente honesto.
Apesar de o torneio na Suíça representar um negócio deficitário para a UEFA, a FIFA, liderada por Gianni Infantino, já percebeu que o ritmo acelerado de crescimento do futebol feminino pode transformar esta modalidade numa nova mina de ouro no futuro.
A decisão de alargar o Campeonato do Mundo de Futebol Feminino para 48 equipas já foi tomada há muito tempo, e o organismo que rege o futebol mundial espera, no futuro, arrecadar mil milhões de dólares com a competição.
O progresso também traz riscos
Laura Freigang gostaria de "preservar um pouco o nosso próprio mundo". Por mais descontraído e autêntico que o Campeonato da Europa Feminino possa parecer neste momento, por maiores que sejam os benefícios do crescimento, esse progresso traz consigo riscos.
O torneio pode acabar por ser apenas um passo intermédio que acelera o desenvolvimento na direção "errada", com consequências que podem comprometer a identidade própria da modalidade. Quer Freigang o queira, quer não.