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As Lionesses chegam à Suíça como feras feridas, mas com as garras afiadas, prontas para iniciar a sua campanha no Europeu frente à França, este sábado, em Zurique. Apesar de Sarina Wiegman garantir que está "tudo bem, ou quase", a treinadora atravessa o momento mais delicado do seu percurso ao leme da seleção inglesa, iniciado em 2021 e coroado com o título europeu em 2022, após a vitória sobre a Alemanha (2-1, após prolongamento) perante 87 mil espectadores em Wembley.
A equipa manteve o nível até agosto de 2023, altura em que perdeu a final do Campeonato do Mundo por 1-0 frente à Espanha, em Sydney. Até esse momento, Wiegman apenas tinha conhecido uma derrota como selecionadora da Inglaterra, num particular frente à Austrália (2-0). Desde então, somou seis derrotas em 19 jogos e falhou o apuramento para os Jogos Olímpicos de Paris, entre outros desaires.
O caso Mary Earps: onda de choque
As dificuldades desportivas vieram acompanhadas de tempestades internas, a mais mediática das quais envolve Mary Earps. A guarda-redes, de 32 anos e com 53 internacionalizações, abandonou a seleção no início do estágio de preparação, em maio, após ser informada de que deixaria de ser a primeira opção na baliza. "Tomei a difícil decisão de interromper a minha carreira internacional", anunciou Earps nas redes sociais, sem revelar os detalhes das "múltiplas razões" que motivaram a sua escolha.
A imprensa britânica, como o The Telegraph, criticou a decisão, classificando-a de "egoísta", enquanto Wiegman não escondeu a sua desilusão: "Estou triste, estou desiludida", admitiu a neerlandesa. A treinadora viu ainda a avançada Fran Kirby (77 jogos) colocar um ponto final na carreira internacional, depois de não ter garantido lugar no Europeu, e perdeu Millie Bright (88 jogos), capitã em 2023, que decidiu fazer uma pausa por exaustão física e mental.
"Não sentimos crise"
Apesar do contexto conturbado, Wiegman mantém os pés assentes na terra: "Temos de seguir em frente. Não sentimos qualquer crise. Há sempre barulho antes dos grandes torneios", sublinhou.
A mesma serenidade foi transmitida por Alessia Russo, avançada do Arsenal: "Há sempre pressão e expectativas sobre nós, principalmente sendo as campeãs em título. Mas acredito que o talento no futebol feminino está num patamar muito elevado e nós fazemos parte disso."
Russo foi uma das protagonistas do Arsenal que conquistou a Liga dos Campeões em maio, ao lado de Beth Mead, Chloe Kelly e Leah Williamson, esta última nomeada capitã da Inglaterra para o Europeu. Na Suíça, as Lionesses contam ainda com um forte contingente do Chelsea, atual campeão inglês, onde se destacam a guarda-redes Hannah Hampton, a defesa Lucy Bronze, a médio Keira Walsh e a camisola 10 Lauren James, que regressa após uma longa paragem por lesão.
As Bleues poderão também ter de enfrentar Michelle Agyemang, jovem avançada do Arsenal, que brilhou na última temporada ao serviço do Brighton e marcou logo aos 41 segundos na sua estreia pela seleção inglesa, em abril.
A seleção inglesa apresenta-se, assim, entre pontos fortes e fragilidades, resta saber que versão das Lionesses se revelará ao longo da competição.