Acompanhe as incidências da partida
Chegou a hora da verdade. O tudo ou nada. Portugal e República Checa discutem uma vaga entre as seleções com lugar garantido na fase final do Euro-2025. Tudo se decide num play-off a duas mãos, com o primeiro jogo a acontecer no imponente Estádio do Dragão, onde se espera que o recorde de assistência no feminino seja batido. Foi nesse mesmo local que, a 1 de setembro de 2024, a recém-criada equipa do FC Porto se apresentou perante um número recorde de 31.093 adeptos.
Já o recorde em jogos oficiais remonta a 26 de março de 2023 no dérbi lisboeta, entre Benfica e Sporting, que levou 27.221 pessoas ao Estádio da Luz. A expectativa é que os dois sejam batidos esta sexta-feira.
Luta pela história
Presente nas edições de 2017 e 2022, e ainda no Mundial de 2023, a formação comandada por Francisco Neto parte com favoritismo, face a uma formação colocada seis lugares abaixo no ranking FIFA e que nunca marcou presença numa fase final de uma grande competição de seleções.
Já este ano, em 21 de janeiro, Portugal superou as checas em casa por 3-1, num embate particular, com golos de Ana Capeta, Carolina Mendes e Joana Marchão, contra um de Michaela Khyrova, já a fechar, no Estoril. No entanto, o saldo é completamente desfavorável a Portugal em encontros oficiais: quatro derrotas em quatro jogos, entre 2003 e 2012. Mas a boa nova para a equipa das quinas é que a realidade em 2024 é completamente diferente da de 2012. Incomparável.
Nesta sua caminhada rumo ao Euro-2025, Portugal quase passeou na fase de apuramento, com cinco vitórias e um empate, no Grupo B3, que conquistou, enquanto a República Checa penou, ao ser quarta e última do Grupo A2, com um triunfo, uma igualdade e quatro desaires.
A gigante diferença é que a seleção das quinas esteve a atuar na segunda divisão, com Irlanda do Norte, Bósnia-Herzegovina e Malta como adversários, enquanto as checas disputaram a primeira, com Espanha, Dinamarca e Bélgica.
Face a adversários poderosos, a República Checa perdeu três jogos por dois golos de diferença e um por tangenciais 2-1, empatou na Bélgica e, de forma muito inesperada, venceu em casa a campeã mundial em título Espanha por 2-1. Um sério aviso do que é capaz.
Na sexta-feira, no Dragão, perante o esperado forte apoio do público português, a seleção portuguesa, que no primeiro play-off derrubou o Azerbaijão (4-1 fora e 4-0 em casa), precisa de ganhar vantagem para poder enfrentar com mais otimismo o embate de Teplice.
"Eu, sendo das mais antigas, lembro-me de como era impensável há uns anos (jogar no Dragão perante milhares de adeptos). Felizmente, isso já aconteceu, e estamos prestes a bater um recorde. É algo que nos deixa felizes", disse Carolina Mendes, em conferência de Imprensa.
"Pode ser um dia histórico, mais uma vez, um dia bonito para o futebol feminino português e vamos tentar normalizar a coisa e que aconteça cada vez mais", sublinhou Tatiana Pinto.
"Queremos muito mostrar qualidade e alcançar um bom resultado perante tanta gente", atirou Diana Silva.
"Este é um play-off muito importante para nós"
Com exceção da lesionada Lúcia Alves, jogadora do Benfica há muito lesionada, Francisco Neto tem ao seu dispor as principais armas da formação das quinas, que, em 2024, contabiliza nove vitórias e um empate, a zero, na Bósnia-Herzegovina, um percurso histórico e que dá força ao objetivo.
A seleção lusa já não perde desde 5 de dezembro de 2023, quando foi derrotada por 1-0 na receção à França, em jogo do Grupo A2 da Liga das Nações 2002/23, que fez Portugal cair da primeira divisão da prova, à qual já garantiu o regresso, com o triunfo no Grupo B2 de apuramento para o Campeonato da Europa de 2025.
"Este é um play-off muito importante para nós, para a instituição e para o futebol feminino português. Acreditamos que é possível, apesar das dificuldades. É uma ansiedade acompanhada de um grande compromisso, sustentada pela nossa capacidade de trabalho e pela identidade que nos une nestes momentos difíceis", disse a diretora Mónica Jorge, em exclusivo ao Flashscore.
"Pode ser um jogo marcante no que diz respeito a recordes, mas, acima de tudo, estamos focados na vitória para que tudo se torne perfeito", acrescentou.
Entre as eleitas de Francisco Neto, 11 jogadoras atuam no estrangeiro, algumas com preponderância em equipas que jogam nos melhores palcos do futebol mundial, como são os casos de Kika Nazareth (Barcelona), Tatiana Pinto (Atlético Madrid) ou Ana Seiça e Ana Dias (Tigres).
“É um jogo em que vamos ter de dar um passo em frente. Nos últimos jogos, tivemos muita preponderância com bola e muitos dos nossos problemas defensivos foram resolvidos na reação à perda. Este embate vai-nos obrigar a não ter bola, pois vamos defrontar uma equipa competitiva e bem organizada”, disse Francisco Neto, no dia do anuncio das 26 eleitas.
Nas checas, que têm como principal baixa a guarda-redes Olivie Lukasova (Roma), a grande maioria das futebolistas atua nos dois grandes de Praga (Slavia e Sparta), sendo exceções, no onze base, a média Klara Cahynova, colega de equipa de Andreia Jacinto na Real Sociedad, e as avançadas Andrea Staskova (Galatasaray) e Camila Dubcova (St. Polten).
“Portugal fez grandes progressos nos últimos anos, o que se refletiu na presença no derradeiro Europeu e igualmente no Mundial de 2023. Esperamos uma equipa de grande qualidade, com grande velocidade e técnica. Tem jogadores muito experientes e rápidas”, anteviu o selecionador Karel Rada.
O encontro entre Portugal e República Checa, da primeira mão do segundo play-off de apuramento para o Euro-2025 realiza-se na sexta-feira, pelas 19:45, no Estádio do Dragão, no Porto, com a segunda mão em Teplice, na terça-feira, pelas 16:45 (em Lisboa).
A formação vencedora da eliminatória qualifica-se para a fase final da 14.ª edição do Campeonato da Europa, que se realiza na Suíça, de 2 a 27 de julho de 2025.