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De jogador a treinador: Menezes bicampeão com o Brasil na Venezuela, 34 anos depois

Ramon Menezes em Caracas.
Ramon Menezes em Caracas.EDISON GÁMEZ / AFP

Ramon Menezes sorri ao relembrar os velhos tempos. Ele conquistou o título de bicampeão sul-americano sub-20 como treinador do Brasil na Venezuela, onde há 34 anos venceu o mesmo torneio como jogador.

Na época, ele era um jovem médio de 18 anos que estava a carreira e integrava uma geração com jogadores como Roberto Carlos ou Giovane Elber. O Brasil foi campeão sul-americano na Venezuela 1991 e depois vice-campeão mundial da categoria, depois de perder a final nos penáltis contra o Portugal da famosa "Geração de Ouro", composta por estrelas do futebol como Luís Figo, Rui Costa e João Pinto.

"A oportunidade de vestir a camisola do Brasil é algo que fica para sempre", disse Menezes no domingo, depois de o Brasil ter conquistado o título. "É preciso dar-se, deixar a alma.... Isso deixa marca", disse ele.

O que o técnico Menezes diria para o jogador Menezes de 1991? "Aproveitar cada momento, porque tudo passa muito rápido. O tempo passa muito rápido", diz com um sorriso nostálgico.

O Brasil conquistou o título do Sul-Americano Sub-20 com uma vitória sobre o Chile na última jornada, com golos de Deivid Washington, Pedrinho e Ricardo Mathias. O resultado garantiu uma vaga no Mundial.

Argentina, Colômbia e Paraguai conquistaram as outras três vagas do torneio para o Campeonato do Mundo, que será disputada no Chile de 27 de setembro a 19 de outubro.

A seleção chilena, na qualidade de anfitriã do torneio, tinha um lugar garantido por antecipação.

"Toda a minha admiração"

Menezes repetiu como técnico na Venezuela o título sul-americano de 2025 da Colômbia 2023 e gosta do desafio de treinar jogadores que, como ele naquela época, estão a ter as suas primeiras oportunidades com a seleção.

O Brasil começou o torneio da pior maneira possível, sofrendo uma goleada da Argentina (6-0). No entanto, a canarinha recuperou.

"Este grupo de jogadores tem todo o meu respeito e toda a minha admiração. Lembrar-me-ei sempre deles. Este campeonato é deles, pelo seu esforço, pela sua dedicação, pelo seu profissionalismo mesmo depois daquela derrota", disse Menezes, que aplaudiu a classe dos jogadores por vestirem uma camisola "muito pesada".

Depois de ter jogado no escalão sub-20, Menezes demorou uma década a vestir a camisola da cnarinha pelo seleção sénior. O objetivo foi alcançado em 2001. Ele espera que seus pupilos possam fazer melhor do que ele.

Talentos como Pedrinho (Zenit), de facto, têm-se destacado. Autor de um golo na última jornada do Campeonato Sul-Americano Sub-20 de 2023, o jovem de 19 anos repetiu o feito dois anos mais tarde.

"Mais uma vez ele marca um golo numa final. Foi um golo decisivo, muito importante para nós", disse o treinador.

Tropeço olímpico

Nem tudo foi alegria para Menezes nas suas visitas à Venezuela. No ano passado, no Campeonato Pré-Olímpico Sul-Americano, ele comandou uma seleção brasileira sub-23 que não conseguiu atingir o objetivo de chegar a Paris-2024, apesar da presença do craque Endrick, do Real Madrid.

"Eu vinha (para o Sul-Americano) com uma responsabilidade muito grande nos ombros, por ter deixado a seleção fora dos Jogos Olímpicos, que é muito importante para nós no Brasil, vale muito", diz o treinador.

E foram os jogadores que tiraram esse peso dos seus ombros. Ele destaca o "poder de inspiração" que tiveram depois daquela derrota por 6-0 que ameaçou tudo.