A 10.ª edição do torneio evidenciou grandes diferenças em relação ao Europeu, cuja final colocará frente a frente Espanha e Inglaterra no domingo.
A seguir, três reivindicações surgidas na primeira fase do principal certame do futebol feminino da América do Sul.
1. Sem VAR
A chilena Yanara Aedo fez uma reclamação direta contra a Conmebol, responsável pela organização do certame, depois de sua seleção ter perdido por 2-1 para a Argentina em meio a protestos por um pênalti não assinalado para as australes.
"É uma falta de respeito gigante que não haja VAR nesta Copa América. É uma Copa América feminina, deve ser igual à dos homens", disse à imprensa.
A atacante comparou a situação com o Europeu feminino, em que o VAR foi aplicado desde o início. Na Copa América será utilizado a partir das meia-finais, em que a Argentina jogará com a Colômbia na segunda-feira e o Brasil com o Uruguai na terça-feira.
La Roja medirá forças com o Paraguai na segunda-feira pelo quinto lugar da classificação geral, que dá uma vaga para os Jogos Pan-Americanos de Lima em 2027.
"Há uma organização limitada nesta Copa América", comentou à AFP a analista desportiva equatoriana Martha Córdova.
Ligia Moreira, capitã da eliminada Equador, declarou à imprensa que a inclusão do VAR "poderia ter sido feita muito antes. Esperamos que para na qualificaçãos (para o Mundial) haja", apontou.
2. Cadeiras vazias
As bancadas dos estádios de Quito assustam. Não houve presença maciça de público nas partidas nem números oficiais de espectadores.
No Gonzalo Pozo Ripalda, com capacidade para 18.000 pessoas e onde foram disputadas as partidas do Grupo B, o Brasil da lendária Marta esteve acompanhado nas suas apresentações apenas por dezenas de adeptos.
A vice-campeã Colômbia e Venezuela, com importante população migrante no Equador, teve um pouco mais de apoio, embora a visão geral fosse de bancadas vazias.
A maior assistência foi para a estreia do anfitrião Equador, que conseguiu reunir cerca de 6.000 pessoas no estádio do clube Independiente del Valle, com capacidade para 12.000 espectadores.
"Falta crescer muito no futebol feminino e que as pessoas se aproximem, que se interessem em nos conhecer, conhecer o futebol feminino", disse à AFP a defesa argentina Adriana Sachs.
Ao contrário do que ocorre na Copa América, o Europeu 2025 registou uma assistência global recorde de mais de 623.000 espectadores, segundo a UEFA. Os bilhetes para 29 dos 31 jogos esgotaram.
A analista Martha Córdova considerou que "os estádios foram muito mal escolhidos e os horários não se prestaram para que escolas de futebol (...) assistissem às partidas para fomentar o futebol feminino".
Na sexta-feira, antes do duelo entre Brasil e Colômbia, um dos mais aguardados da competição, a adepta Rossi Torrealba reclamou que os organizadores colocaram à venda apenas uma parte.
"Dizem que querem apoiar o futebol feminino e só libertam uma parte (...) Deveriam libertar todo o estádio, quer encha ou não", disse à AFP esta jogadora de futsal de 31 anos.
3. "Condições básicas"
A capitã uruguaia Pamela González voltou a colocar na mesa a reivindicação das Celestes por melhores condições de trabalho para as jogadoras, que ganham muito menos do que os homens.
Antes do início do torneio, as charrúas decidiram faltar a um treino como forma de protesto.
"Não viemos com uma boa preparação para a Copa América. Pedimos condições básicas que não nos foram dadas", declarou González após a passagem às meias-finais.
Apesar disso, "entramos para a história do nosso futebol e tomara que nos valorizem como merecemos", insistiu.
As brasileiras Kerolin e Marta também questionaram o facto de terem que aquecer em locais pequenos para preservar os dois únicos campos da fase de grupos.
"Isso é futebol profissional? Se nos exigem alto rendimento, também temos direito de exigir um nível de organização à altura. Faz muitos anos que não disputo um torneio na América do Sul e essas situações entristecem-me profundamente", disse a lendária 10.
Após a reclamação, as seleções começaram a aquecer no campo dos estádios.