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ErediVision: Emoção até ao fim enquanto Groningen consolida lugar na luta europeia

Mats Seuntjens, do FC Groningen, mostra-se satisfeito após vencer o NAC Breda
Mats Seuntjens, do FC Groningen, mostra-se satisfeito após vencer o NAC BredaMarcel van Dorst / NurPhoto / NurPhoto via AFP

A Eredivisie neerlandesa deixa sempre muito por discutir, perguntar e questionar. No ErediVision, debatemos cinco questões e temas quentes que a Eredivisie nos deixa em cada fim de semana.

Emoção até ao apito final

O futebol dá, o futebol tira. Neste fim de semana, nenhuma vantagem esteve segura na Eredivisie, numa fase que, no futebol americano, é conhecida como a hora das bruxas.

A Eredivisie precisou de pouquíssimo tempo para nos brindar com o primeiro momento de emoção – logo no segundo jogo do fim de semana, o Ajax marcou o golo do empate aos 90+7', num empate 3-3 no terreno do Sparta Roterdão.

Nessa mesma noite, o sc Heerenveen protagonizou uma reviravolta histórica graças a Dylan Vente, que converteu uma grande penalidade aos 89 minutos, e ao central Sam Kersten, que disparou um míssil aos 90+4' e marcou apenas o seu segundo golo como profissional, garantindo ao Heerenveen a primeira vitória de sempre após estar em desvantagem aos 89 minutos.

As peripécias tardias continuaram no domingo, quando o FC Twente decidiu o dérbi aos 83 minutos por intermédio de Thomas van den Belt, que marcou em jogos consecutivos da Eredivisie pela primeira vez na carreira. O cartão vermelho de Bart van Rooij logo após o recomeço quase estragou a festa do Twente, mas não alterou o desfecho final.

Os adeptos da Eredivisie ainda assistiram a mais emoção no jogo seguinte entre o Feyenoord e o FC Utrecht. Depois de Derry John Murkin ter feito o 2-2 para o Utrecht aos 83 minutos, o melhor marcador da Eredivisie, Ayase Ueda, castigou os visitantes com o golo da vitória aos 88 minutos, coroando uma excelente jogada coletiva.

O fim de semana terminou em grande quando o Go Ahead Eagles arrancou um ponto ao NEC graças a Gerrit Nauber, que cabeceou o empate aos 94 minutos na sequência de um canto, dando um final perfeito à semana dos Eagles, depois de terem garantido a primeira vitória de sempre na Liga Europa.

Na Eredivisie, nunca há dias aborrecidos.

FC Groningen está de volta

O FC Groningen não precisou de golos tardios para somar a quarta vitória em cinco jogos. O NAC Breda foi claramente inferior no seu próprio Rat Verlegh Stadion, sucumbindo aos golos de Tika de Jonge e Thom van Bergen numa derrota por 2-1.

O FC Groningen controlou totalmente o NAC Breda na primeira parte, não permitindo sequer um remate dos anfitriões antes do intervalo. O potente remate de Tika de Jonge fez a diferença nos primeiros 45 minutos, enquanto o guarda-redes Etienne Vaessen assistiu Thom van Bergen para este marcar o seu primeiro golo da época.

Um grande destaque para o Groningen foi o tão aguardado regresso de Brynjolfur Willumsson, que voltou de lesão aos 73 minutos e quase retomou o que tinha deixado em agosto, com um excelente remate ao poste mais distante, que Daniel Bielica conseguiu defender por pouco.

Willumsson começou a época com cinco golos em quatro jogos, antes de regressar da seleção lesionado. A produção ofensiva do Groningen diminuiu ligeiramente durante a ausência do avançado islandês, com três golos nos três jogos em que não participou, em contraste com os nove golos em quatro partidas com Willumsson em campo.

O Groningen é atualmente a segunda equipa em melhor forma da Eredivisie, apenas atrás do Feyenoord, tendo em conta os últimos cinco jogos, e tem um calendário favorável pela frente, com Sparta Roterdão e Fortuna Sittard como próximos adversários. Com os duelos frente a PSV e Feyenoord já disputados, resta apenas defrontar o Ajax, o mais frágil dos três grandes tradicionais, nos próximos meses. Estão na luta pelos lugares europeus.

PEC Zwolle tem muito a melhorar

O PEC Zwolle chegou a apresentar-se na Johan Cruyff Arena como um potencial desafio para o Ajax, após um início forte na Eredivisie. Os antigos vencedores da Taça venceram os dois primeiros jogos e não concederam golos em ambos, mas a época tem vindo a descambar desde então.

Nos encontros frente ao FC Utrecht, Ajax, Go Ahead Eagles, AZ, FC Volendam e PSV, o PEC Zwolle somou apenas um ponto e marcou quatro golos, tendo concedido 15. O avançado Koen Kostons tem sido uma das poucas notas positivas, tal como o jovem de 15 anos Jadiel Pereira da Gama, mas não tem chegado para o que se exige em Zwolle.

Ainda têm Excelsior e Heracles Almelo abaixo na tabela, mas o PEC terá de somar pontos a sério nas próximas semanas para manter o destino nas suas próprias mãos.

PEC Zwolle tem passado dificuldades na Eredivisie
PEC Zwolle tem passado dificuldades na EredivisieFlashscore

Terá Heitinga argumentos para se manter?

Sinceramente, não me recordo da última exibição aceitável do Ajax, mas sei que não foi sob o comando de Heitinga.

O Ajax teve muita sorte em conquistar um ponto frente ao Sparta, que desperdiçou uma vantagem de 3-1 após um golaço de Wout Weghorst e o empate aos 90+7 minutos de Oscar Gloukh. A equipa de Amesterdão sentiu muitas dificuldades perante um adversário que tinha concedido 12 golos nos quatro jogos anteriores e 19 desde o início da época.

Pode argumentar-se que, em comparação com Francesco Farioli, Heitinga faz menos com mais. O Ajax investiu 15 milhões de euros em Gloukh, que era uma jovem estrela em Salzburgo, e 11 milhões no tão desejado Raul Moro.

É verdade que faltam laterais de qualidade, mas o centro da defesa foi reforçado com Ko Itakura. Heitinga até conseguiu o médio defensivo que queria, o jovem talento do Liverpool James McConnell, que quase não utiliza e raramente coloca de início.

Ajax e Farioli separaram-se em maio, depois de não chegarem a acordo em questões como dar mais minutos aos jovens talentos. Farioli queria trazer mais jogadores de fora, enquanto o diretor técnico Alex Kroes pretendia apostar na formação. Tendo isto em conta, como pode justificar-se que Heitinga quase nunca olhe para Jorthy Mokio, Rayane Bounida, Sean Steur, Gerald Alders ou Lucas Jetten?

O Ajax contratou Fred Grim para aliviar a pressão sobre Heitinga, mas será isso um verdadeiro voto de confiança, como Kroes e companhia sugerem? A invencibilidade na Eredivisie assenta mais na sorte e na vontade dos jogadores do que na competência tática de Heitinga. Parece que a época do Ajax está a poucas semanas de ruir sem remédio.

Quão sustentável é o sucesso do Feyenoord?

O Feyenoord lidera a Eredivisie, mas, como já referi na semana passada, não me impressiona tanto quanto seria de esperar.

A equipa de Robin van Persie dominou a primeira parte frente ao Utrecht, mas viu esse domínio desaparecer quase de imediato após o intervalo, quando Gjivai Zechiel empatou com o segundo remate do Utrecht no jogo. Depois de Sem Steijn devolver a vantagem ao Feyenoord, o Utrecht voltou a empatar aos 82 minutos por Derry John Murkin.

Foi preciso um golo tardio de Ayase Ueda para o Feyenoord garantir a sétima vitória na Liga, e este padrão tem-se repetido. Dá a sensação de que o Feyenoord joga muitas vezes a meio gás, a julgar pelo triunfo minimalista por 1-0 frente ao FC Groningen, o empate 3-3 com o AZ e as vitórias anteriores sobre Heerenveen (1-0) e Excelsior (2-1).

O Feyenoord lidera, como seria de esperar pelo que apresenta no papel, mas é o que mostra dentro de campo que levanta dúvidas sobre esta equipa. Um grande teste aproxima-se rapidamente, com a visita do campeão PSV a Roterdão a 26 de outubro.

Paul Winters
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