Emoção até ao apito final
O futebol dá, o futebol tira. Neste fim de semana, nenhuma vantagem esteve segura na Eredivisie, numa fase que, no futebol americano, é conhecida como a hora das bruxas.
A Eredivisie precisou de pouquíssimo tempo para nos brindar com o primeiro momento de emoção – logo no segundo jogo do fim de semana, o Ajax marcou o golo do empate aos 90+7', num empate 3-3 no terreno do Sparta Roterdão.
Nessa mesma noite, o sc Heerenveen protagonizou uma reviravolta histórica graças a Dylan Vente, que converteu uma grande penalidade aos 89 minutos, e ao central Sam Kersten, que disparou um míssil aos 90+4' e marcou apenas o seu segundo golo como profissional, garantindo ao Heerenveen a primeira vitória de sempre após estar em desvantagem aos 89 minutos.
As peripécias tardias continuaram no domingo, quando o FC Twente decidiu o dérbi aos 83 minutos por intermédio de Thomas van den Belt, que marcou em jogos consecutivos da Eredivisie pela primeira vez na carreira. O cartão vermelho de Bart van Rooij logo após o recomeço quase estragou a festa do Twente, mas não alterou o desfecho final.
Os adeptos da Eredivisie ainda assistiram a mais emoção no jogo seguinte entre o Feyenoord e o FC Utrecht. Depois de Derry John Murkin ter feito o 2-2 para o Utrecht aos 83 minutos, o melhor marcador da Eredivisie, Ayase Ueda, castigou os visitantes com o golo da vitória aos 88 minutos, coroando uma excelente jogada coletiva.
O fim de semana terminou em grande quando o Go Ahead Eagles arrancou um ponto ao NEC graças a Gerrit Nauber, que cabeceou o empate aos 94 minutos na sequência de um canto, dando um final perfeito à semana dos Eagles, depois de terem garantido a primeira vitória de sempre na Liga Europa.
Na Eredivisie, nunca há dias aborrecidos.
FC Groningen está de volta
O FC Groningen não precisou de golos tardios para somar a quarta vitória em cinco jogos. O NAC Breda foi claramente inferior no seu próprio Rat Verlegh Stadion, sucumbindo aos golos de Tika de Jonge e Thom van Bergen numa derrota por 2-1.
O FC Groningen controlou totalmente o NAC Breda na primeira parte, não permitindo sequer um remate dos anfitriões antes do intervalo. O potente remate de Tika de Jonge fez a diferença nos primeiros 45 minutos, enquanto o guarda-redes Etienne Vaessen assistiu Thom van Bergen para este marcar o seu primeiro golo da época.
Um grande destaque para o Groningen foi o tão aguardado regresso de Brynjolfur Willumsson, que voltou de lesão aos 73 minutos e quase retomou o que tinha deixado em agosto, com um excelente remate ao poste mais distante, que Daniel Bielica conseguiu defender por pouco.
Willumsson começou a época com cinco golos em quatro jogos, antes de regressar da seleção lesionado. A produção ofensiva do Groningen diminuiu ligeiramente durante a ausência do avançado islandês, com três golos nos três jogos em que não participou, em contraste com os nove golos em quatro partidas com Willumsson em campo.
O Groningen é atualmente a segunda equipa em melhor forma da Eredivisie, apenas atrás do Feyenoord, tendo em conta os últimos cinco jogos, e tem um calendário favorável pela frente, com Sparta Roterdão e Fortuna Sittard como próximos adversários. Com os duelos frente a PSV e Feyenoord já disputados, resta apenas defrontar o Ajax, o mais frágil dos três grandes tradicionais, nos próximos meses. Estão na luta pelos lugares europeus.
PEC Zwolle tem muito a melhorar
O PEC Zwolle chegou a apresentar-se na Johan Cruyff Arena como um potencial desafio para o Ajax, após um início forte na Eredivisie. Os antigos vencedores da Taça venceram os dois primeiros jogos e não concederam golos em ambos, mas a época tem vindo a descambar desde então.
Nos encontros frente ao FC Utrecht, Ajax, Go Ahead Eagles, AZ, FC Volendam e PSV, o PEC Zwolle somou apenas um ponto e marcou quatro golos, tendo concedido 15. O avançado Koen Kostons tem sido uma das poucas notas positivas, tal como o jovem de 15 anos Jadiel Pereira da Gama, mas não tem chegado para o que se exige em Zwolle.
Ainda têm Excelsior e Heracles Almelo abaixo na tabela, mas o PEC terá de somar pontos a sério nas próximas semanas para manter o destino nas suas próprias mãos.

Terá Heitinga argumentos para se manter?
Sinceramente, não me recordo da última exibição aceitável do Ajax, mas sei que não foi sob o comando de Heitinga.
O Ajax teve muita sorte em conquistar um ponto frente ao Sparta, que desperdiçou uma vantagem de 3-1 após um golaço de Wout Weghorst e o empate aos 90+7 minutos de Oscar Gloukh. A equipa de Amesterdão sentiu muitas dificuldades perante um adversário que tinha concedido 12 golos nos quatro jogos anteriores e 19 desde o início da época.
Pode argumentar-se que, em comparação com Francesco Farioli, Heitinga faz menos com mais. O Ajax investiu 15 milhões de euros em Gloukh, que era uma jovem estrela em Salzburgo, e 11 milhões no tão desejado Raul Moro.
É verdade que faltam laterais de qualidade, mas o centro da defesa foi reforçado com Ko Itakura. Heitinga até conseguiu o médio defensivo que queria, o jovem talento do Liverpool James McConnell, que quase não utiliza e raramente coloca de início.
Ajax e Farioli separaram-se em maio, depois de não chegarem a acordo em questões como dar mais minutos aos jovens talentos. Farioli queria trazer mais jogadores de fora, enquanto o diretor técnico Alex Kroes pretendia apostar na formação. Tendo isto em conta, como pode justificar-se que Heitinga quase nunca olhe para Jorthy Mokio, Rayane Bounida, Sean Steur, Gerald Alders ou Lucas Jetten?
O Ajax contratou Fred Grim para aliviar a pressão sobre Heitinga, mas será isso um verdadeiro voto de confiança, como Kroes e companhia sugerem? A invencibilidade na Eredivisie assenta mais na sorte e na vontade dos jogadores do que na competência tática de Heitinga. Parece que a época do Ajax está a poucas semanas de ruir sem remédio.
Quão sustentável é o sucesso do Feyenoord?
O Feyenoord lidera a Eredivisie, mas, como já referi na semana passada, não me impressiona tanto quanto seria de esperar.
A equipa de Robin van Persie dominou a primeira parte frente ao Utrecht, mas viu esse domínio desaparecer quase de imediato após o intervalo, quando Gjivai Zechiel empatou com o segundo remate do Utrecht no jogo. Depois de Sem Steijn devolver a vantagem ao Feyenoord, o Utrecht voltou a empatar aos 82 minutos por Derry John Murkin.
Foi preciso um golo tardio de Ayase Ueda para o Feyenoord garantir a sétima vitória na Liga, e este padrão tem-se repetido. Dá a sensação de que o Feyenoord joga muitas vezes a meio gás, a julgar pelo triunfo minimalista por 1-0 frente ao FC Groningen, o empate 3-3 com o AZ e as vitórias anteriores sobre Heerenveen (1-0) e Excelsior (2-1).
O Feyenoord lidera, como seria de esperar pelo que apresenta no papel, mas é o que mostra dentro de campo que levanta dúvidas sobre esta equipa. Um grande teste aproxima-se rapidamente, com a visita do campeão PSV a Roterdão a 26 de outubro.
