"Dói-me como a qualquer mãe quando falam mal do seu filho injustamente. Respeito que o meu filho não goste dele como jogador de futebol, mas como pessoa não o admito, eles não o conhecem. Não o compreendemos e acho que é muito injusto", disse Susana Martín, mãe de Álvaro Morata, em declarações à televisão pública espanhola (TVE) no dia seguinte ao título europeu, enquanto os adeptos saltavam e entoavam cânticos à sua volta no meio dos festejos da La Roja na Plaza de Cibeles, em Madrid.
No palco, Morata terminou a noite rouco, enquanto atuava como mestre de cerimónias com os seus companheiros de equipa, de microfone na mão, encerrando uma noite de festa ao ritmo da canção "Potra salvaje", que para ele, pessoalmente, chegou depois de umas semanas difíceis.
Memes e cartazes
Porque se o Campeonato da Europa foi um sucesso coletivo para a Espanha, a nível individual não o foi para Morata, o avançado titular da equipa, que só conseguiu marcar um golo em todo o torneio, o seu primeiro na competição, na vitória inicial por 3-0 sobre a Croácia, no primeiro jogo da fase de grupos.
A partir daí, as suas constantes falhas e a sua falta de precisão deram origem a inúmeros memes nas redes sociais, colocando o então jogador do Atlético de Madrid no centro das atenções mediáticas, para seu pesar.
Mesmo no dia dos festejos, tornou-se viral uma imagem do jogador na carruagem descoberta do desfile por Madrid, na qual atirou um copo de plástico aparentemente na direção de um adepto que segurava uma faixa com um comentário contra ele.
O treinador Luis De la Fuente defendeu o seu jogador em várias ocasiões e voltou a fazê-lo no final de maio, quando anunciou a lista de convocados para as fases finais da Liga das Nações.
"Ele é de importância vital. Estamos muito emocionados, somos uma família e para nós ele é importante, quer jogue ou não. É sempre uma mais-valia, ele vai continuar a dar-nos muitas alegrias", garantiu.
Renascimento turco
Desde o momento em que ergueu o troféu europeu como capitão da Espanha, em Berlim, até esta semana decisiva da Liga das Nações, em que a Espanha defronta a França nas meias-finais, na quinta-feira, a vida de Morata, agora com 32 anos, mudou muito.
Dias depois do Campeonato da Europa, foi anunciado que regressaria ao AC Milan, mas a sua passagem por San Siro não convenceu e, em janeiro, foi emprestado ao Galatasaray, da Turquia, onde conseguiu reencontrar as boas sensações.
Para começar, com novos títulos, já que o emblemático clube de Istambul conquistou a dobradinha nacional, a Süperliga e a Taça da Turquia esta época. E, a nível pessoal, com bons números: seis golos e três assistências em doze jogos disputados.
O mesmo número de golos que tinha marcado pelo AC Milan na primeira parte da época, embora em mais do dobro dos jogos (25).
Depressão e ansiedade
Morata não só fez um ressurgimento desportivo nos últimos meses, mas também a um nível mais íntimo.
Um mês depois do Campeonato da Europa, foi anunciado que Morata e a sua mulher, a modelo e influencer italiana Alice Campello, mãe dos seus quatro filhos, se estavam a separar. Mas no início de 2025, a reconciliação foi confirmada.
"Peguei no telefone e disse à minha mulher, aos meus amigos, à minha família, aos meus treinadores e aos meus colegas de equipa que não estava bem, que tinha um problema muito grave e que não era capaz de continuar", explicou recentemente Morata, sobre os seus problemas de depressão e ansiedade, numa entrevista à televisão Movistar+, que no final deste mês vai lançar um documentário: "Morata: eles não sabem quem eu sou".
Mas antes disso, Morata quer falar dentro de campo para ajudar a Espanha a conquistar mais um título.