Euro-2024: Loïc Négo, o "francês" da Hungria
"Eu, um internacional húngaro? Tenho de ser honesto, nunca o imaginei", admitiu Nego numa conferência de imprensa na sexta-feira, um dia antes da estreia da Hungria no Euro-2024.
"A Hungria e eu já nos cruzámos. A vida é assim mesmo. Agradeço todos os dias aos meus compatriotas húngaros pelo acolhimento e pela alegria que me dão diariamente", assumiu.
Ao longo de uma carreira sinuosa, o francês, formado no FC Nantes e internacional nas camadas jovens com Antoine Griezmann, teve passagens sem sucesso pela AS Roma, Standard Liège e Charlton.
Mas foi finalmente na Hungria que Négo se destacou. Em 2014, foi atraído pelo presidente do Ujpest, o belga Roderick Duchâtelet, filho do então presidente do Standard, que também era proprietário do Charlton na altura.
No seu segundo clube húngaro, o Vidéoton, que mais tarde se tornou o Fehérvár e onde esteve nove épocas, de 2015 a 2023, conquistou um título de campeão e duas Taças da Hungria. Também se afirmou na cena europeia graças a 43 jogos nas competições da UEFA e um golo memorável contra o Chelsea, em 2018.
Os seus desempenhos e a sua longevidade na Hungria tornaram-no elegível para a seleção nacional, à qual se juntou finalmente em 2019, depois de se ter naturalizado.
"Dívida para a vida"
Com os "magiares", tem 27 internacionalizações e jogou no Euro-2021, onde empatou com a França (1-1) e a Alemanha (2-2), um feito que ele e os seus parceiros terão de repetir na quarta-feira, em Estugarda, contra o país anfitrião da edição de 2024.
A presença do lateral de 32 anos, que finalmente descobriu a Ligue 1 com o Le Havre na última temporada, não será demais.
Depois de ter sofrido uma lesão na coxa no jogo de preparação contra a Irlanda, não participou na derrota por 3-1 contra a Suíça no jogo de abertura do Euro-2024, em Colónia, no sábado.
A Hungria tem agora de responder em Estugarda, na quarta-feira, contra a Alemanha, que se tornou uma das favoritas do torneio desde a vitória por 5-1 sobre a Escócia no jogo de abertura em Munique, na sexta-feira, ou arrisca-se a uma eliminação precoce.
"Desafio qualquer pessoa a apostar um forint (moeda húngara) em nós. De momento, parece-me impossível", disse um italiano cauteloso, Marco Rossi, o treinador dos magiares, que também é húngaro naturalizado, e que está a contar com a reação do seu "francês".
"Não tenho palavras para descrever a importância de Loïc para o grupo", disse Rossi, quando questionado sobre Négo no início do Euro-2024.
Depois de regressar a França no início da temporada passada, o lateral do Le Havre está ciente da confiança depositada nele.
"Claro que sou francês, mas estarei sempre em dívida com a Hungria por tudo o que ela me deu e continuarei a defender as suas cores enquanto me for pedido", afirmou.