O treinador espanhol colocou água na fervura em relação ao teme quente da retirada de João Mário e da possível presença do jovem João Neves, sem fugir à ausência de Pedro Gonçalves, que justificou com as características necessárias para os dois jogos.
João Mário
"O nosso estágio em março foi muito bom. O ambiente foi positivo. Temos de respeitar o João Mário. É de um profissionalismo exemplar. É uma decisão pessoal. Temos de respeitar e guardar as memórias do João Mário. Ele foi campeão europeu, fez 56 partidas com a seleção A. Temos uma boa relação com o Benfica, ligou aos nossos diretores. Não falei com ele, ainda, mas vou falar com ele de uma forma natural. Vou agradecer-lhe. É uma situação natural e cordial", explicou.
Na imprensa surgiram relatos de um possível mau-estar do médio pelos poucos minutos com a camisola das quinas e que o mesmo terá atingido o seu limite em março, algo que o selecionador negou.
"O João Mário está totalmente convencido, não é pelo que aconteceu em março, é normal todos os jogadores quererem jogar todos os minutos. Eu não quero um jogador que esteja contente por não jogar. Isso é normal. Temos um ambiente de alto rendimento e a competitividade é muito alta. Não é uma discussão ou debate, temos de aceitar", sublinhou.
Mais à frente, voltou ao assunto para o encerrar definitivamente: "O jogador é uma pessoa e as pessoas devem achar e pensar o seu futuro de quando devem jogar pela seleção, mudar de experiência e jogar no estrangeiro, há muitas facetas para um jogador pensar com a família. O futebol europeu precisa de muita energia e força para jogar com o clube e pela seleção, é normal. É o tempo moderno, pela minha experiência nos últimos sete anos como selecionador, esta é uma situação normal. Temos que respeitar os jogadores que são muito profisionais pela seleção", vincou.
Toti Gomes
Quer seja por ser o sexto defesa central na lista ou pela primeira chamada, a inclusão de Toti Gomes apanhou grande parte de surpresa grande parte dos jornalistas na conferência de imprensa. Martínez explicou a escolha do defesa central de 24 anos que este ano fez 20 jogos e apontou um golo pela alcateia lusitana do Wolves.
"É um jogador muito interessante. Tem diferentes valências. Distintas dos outros centrais. É físico, muito forte, um jogador canhoto. As suas exibições foram muito boas no Wolverhampton. Não é uma situação de excluir jogadores, é decidir por diferentes valências. Precisamos de jogar com capacidades diferentes e penso que o Toti oferece isso".
Ausência de Pote
Pedro Gonçalves continua de fora das escolhas da seleção portuguesa, mas isso não significa que a porta esteja fechada. O selecionador explicou que o criativo do Sporting é um jogador que marca a diferença, mas que esta lista foi feita a pensar nas características necessárias para enfrentar a Bósnia e a Irlanda.
"Gosto muito do Pote, é um jogador que marca a diferença no Sporting. Eu e a minha equipa técnica não excluímos ninguém, procuramos jogadores de capacidades específicas para estes jogos com a Bósnia e a Islândia, temos muitos jogadores e muitas decisões a tomar com base nisso".
Feedback dos jogadores e corredores laterais
No seguimento, Martínez vincou que tem uma relação muito aberta com os atuais e antigos jogadores da seleção, com os quais gosta de trocar ideias:
"As nossas portas estão sempre abertas para os jogadores, gosto de trocar ideias com todos. Nesta convocatória vi o Nélson Semedo como um jogador que jogou muito bem, consistente durante seis meses. O Nélson e o Diogo (Dalot) vão jogar pela direita, o João Cancelo e o (Raphael) Guerreiro vão jogar à esquerda. O Cancelo pode jogar aí, fez os últimos dois jogos pelo Bayern nessa posição e é uma boa oportunidade para procurar ligações com os jogadores de ataque".
"Temos muitos jogadores nessa posição (laterais), o Buta e o Mário Rui fizeram boas épocas, mas para este estágio é essa a razão. Vou falar com o João (Cancelo) quando tudo estiver mais tranquilo, porque gosto de falar com os jogadores e trocar ideias, mas não é um conflito ou problema".
João Neves
A imprensa apontava à possível chamada de João Neves, o jovem médio que assumiu preponderância no meio-campo dos campeões nacionais nesta reta final da época, mas a equipa técnica de Martínez decidiu não convocar o atleta apesar da chuva de elogios feita pelo selecionador nacional.
"É um jogador de presente e é um presente para a vista, gosto dele. Temos uma responsabilidade de não queimar etapas no desenvolvimento dos jogadores, o João foi importante para a nossa equipa sub-19 e agora foi importante para a equipa campeã nacional. É um presente para nós, mas temos de ter a responsabilidade de lhe dar o que precisa".
O "difícil" estágio de junho e a convocatória antecipada
Questionado pela convocatória feita antes do habitual, o treinador espanhol refletiu na importância de avisar os jogadores com antecedência visto que se trata do final da época e há um desgaste acumulado. Desta forma, os convocados podem limpar a cabeça durante a semana, antes de voltarem à carga ao serviço da equipa das quinas.
"Junho é um estágio muito difícil por essa razão (final dos campeonatos), mas é o mesmo com a Bósnia que tem o Dzeko na final da Champions. É normal, os nossos jogadores estão preparados para fazer um descanso de sete dias e depois individualmente uma preparação para chegar ao estágio com frescura mental e física. É importante que os jogadores estejam preparados mentalmente, na minha experiência o estágio de junho é complicado. Por isso é que a convocatória tem 25 jogadores e vamos preparar os jogos da melhor forma possível".
"É importante em junho os jogadores conhecerem a convocatória para prepararem os próximos dias. Precisamos de fazer a convocatória depois do último jogo do campeoanto português, nas outras ligas há quem tenha mais uma jornada, mas agora podemos dar descanso aos jogadores e têm uma semana para preparar o que precisamos para o estágio. Em setembro, voltamos à mesma estrutura da convocatória na quinta ou sexta-feira antes do estágio".
Análise à Bósnia-Herzegovina
Os bósnios são os primeiros adversários neste duplo compromisso e, teoricamente, o adversário mais complicado da fase de grupos, apesar da sua inconsistência no arranque da qualificação - venceram a Islândia (3-0) e perderam com a Eslováquia (2-0).
"A Bósnia joga com muito espírito. Defrontei-os no Mundial-2014, no Brasil, e essa seleção tem um espírito muito competitivo. Têm um treinador novo, com uma estrutura tática muito boa para jogadores-chaves como o Dzeko ou Krunic, joga muito claramente. O jogo contra a Islândia foi ao nível dessa equipa e a partida contra a Eslováquia não foi ao mesmo nível. É um jogo importante e precisamos de estar ao mais alto nível".
Veja aqui a convocatória da seleção portuguesa:
Guarda-redes: Diogo Costa (FC Porto), Rui Patrício (AS Roma) e José Sá (Wolves).
Defesas: João Cancelo (Bayern de Munique), Diogo Dalot (Man. United), Pepe (FC Porto), António Silva (Benfica), Rúben Dias (Man. City), Danilo Pereira (PSG), Gonçalo Inácio (Sporting), Raphael Guerreiro (Bor. Dortmund), Nelson Semedo (Wolves), Toti Gomes (Wolves).
Médios: Rúben Neves (Wolves), João Palhinha (Fulham), Bruno Fernandes (Man. United), Vitinha (PSG), Otávio (FC Porto), Bernardo Silva (Man. City), Renato Sanches (PSG).
Avançados: Cristiano Ronaldo (Al-Nassr), João Félix (Chelsea), Diogo Jota (Liverpool), Rafael Leão (AC Milan), Gonçalo Ramos (Benfica), Ricardo Horta (SC Braga).