A despedida de Mateu Alemany: Barcelona perde o "Messi dos gabinetes"

Saída de Mateu Alemany será muito difícil de colmatar para Laporta
Saída de Mateu Alemany será muito difícil de colmatar para LaportaFC Barcelona

Não marca golos em campo, não faz defesas milagrosas nem dá assistências, mas Mateu Alemany (60 anos) é, a nível de clube, tão importante como qualquer uma das estrelas que jogam sob as ordens de Xavi Hernández. Alemany, brilhante nas suas aptidões e exemplar na sua atitude, foi absolutamente vital na constituição do atual plantel e para evitar todos os obstáculos decorrentes da situação económica crítica que o clube atravessa. O anúncio da sua saída é um rude golpe a nível institucional.

Se Joan Laporta fosse obrigado a prescindir de um activo essencial do clube e tivesse de escolher entre Pedri, Gavi, Araújo e Mateu Alemany, é muito provável que optasse por um dos jogadores.

É esta a importância da figura do director de futebol do Barcelona, um homem discreto, um negociador implacável, um conhecedor do mercado como poucos, um elo de ligação com a LaLiga e outras instituições desportivas importantes, e um "cirurgião económico" para equilibrar orçamentos complexos. O seu papel no organigrama do clube é absolutamente estelar. É o "Messi dos gabinetes".

Mateu ainda tem um ano de contrato, mas pediu a Laporta que o libertasse porque decidiu ir para o Aston Villa. As razões são várias: uma proposta financeira astronómica dos ingleses, decisões pessoais do presidente sem o consultar, ou ignorando a sua opinião enquanto profissional qualificado, a insistência no regresso de Lionel Messi, apesar da necessidade de encaixar 200 milhões de euros para cumprir o Fair Play Financeiro, renovações duvidosas como a de Sergi Roberto, e fugas de informação sobre possíveis contratações ou tentativas de aproximação a jogadores. É uma decisão pessoal de Alemany, que levará consigo alguns dos seus colaboradores. Jordi Cruyff (49 anos), diretor desportivo, também está a ponderar a sua saída.

Alemany, com Laporta, na apresentação de Lewandowski
Alemany, com Laporta, na apresentação de Lewandowski@FCBarcelona_es

O estilo presidencial de Laporta e algumas decisões polémicas já levaram a várias demissões desde o seu regresso à presidência. Ferrán Reverter, o diretor-geral, que deveria ser a alma mater da recuperação económica, saiu assim que chegou, tal como Jaume Giró, diretor financeiro, e Jordi Llauradó, responsável pelo Espai Barça. Agora, Mateu Alemany está de partida, possivelmente a saída mais sensível de todas.

Florentino queria contratá-lo para o Real Madrid

O conhecimento da profissão de Alemany é tão grande que Florentino Pérez, seu amigo pessoal, já tinha entrado em conversações com ele há vários anos para o levar para o Real Madrid como diretor-geral, proposta que foi rejeitada devido à sua fidelidade ao Maiorca, o seu clube de origem, onde trabalhava.

O executivo balear foi responsável por fechar todas as operações de transferências do clube, negociador e mediador com a LaLiga e com a Federação. O Barcelona perde uma super-estrela, apesar do seu perfil discreto, e substituí-lo por alguém do mesmo nível será quase impossível. Laporta vai ganhar uma liga, é certo, mas os seus problemas estão a aumentar.