Principal destaque do 10.º classificado na edição recém−concluída do principal campeonato português, o médio, de 25 anos, sente−se pronto para uma transferência que lhe permita evoluir na carreira, mas também para permanecer no clube de Moreira de Cónegos, com o qual tem um vínculo que se estende até ao final da temporada 2025/26.
“Se continuar aqui (Moreirense), vou trabalhar da mesma forma dos últimos três anos. O que for para acontecer vai acontecer. Já ajudei muito o clube, mas também penso dar um salto na minha carreira. Agora vou pensar nas férias”, assume, em entrevista à Lusa.
Confiante no seu potencial para “jogar em qualquer equipa”, de qualquer campeonato, o brasileiro imagina−se a jogar no principal campeonato espanhol, por considerar que o futebol habitualmente praticado na LaLiga o favorece, mas sem mencionar equipas.
"Gostaria de jogar a LaLiga. É um campeonato em que as equipas jogam muito com a bola no chão e em que há muita transição. É um jogo que me favorece muito, mas o que tiver de ser vai ser”, afirma.

No rescaldo de uma temporada em que superou a marca dos 100 jogos oficiais pelo emblema do concelho de Guimarães, no triunfo caseiro sobre o Boavista (1−0), para a Liga, em 16 de março de 2025, Alanzinho realça que a bola o acompanha desde que tem memória, no lugar onde cresceu, entre família e amigos.
“Já brincava com a bola desde pequeno. Comecei em São Paulo, num campo de terra de um projeto social. Íamos para lá todos os dias. Se pudesse, ia de manhã, à tarde e à noite jogar. Isso encorajou−me a seguir a carreira”, recorda.
Formado no São Caetano, em 2013, e no Palmeiras, entre 2014 e 2019, o médio, de 1,65 metros, cresceu a idolatrar Ronaldinho Gaúcho, Lionel Messi, Andrés Iniesta e Neymar, num percurso que o guiou às seleções jovens do Brasil, onde conviveu com outro ídolo, Vinicius Júnior, atacante do Real Madrid.
Titular nos seis jogos disputados pelo escrete no Mundial de sub−17 organizado pela Índia, em 2017, o jogador do Moreirense apontou um dos golos que valeu o bronze, no jogo de atribuição do terceiro e quarto lugares, com o Mali (2−0).
O selecionador dessa equipa, Carlos Amadeu, que morreu em 2020, foi um dos treinadores que mais inspirou a carreira de Alanzinho, a par de Wesley Carvalho, técnico nos sub−20 do Palmeiras, e de Artur Itiro, nos sub−15 e nos sub−17 do verdão.
“O Artur sempre me cobrou bastante, até demasiado, mas foi o treinador que mais me ajudou na minha carreira. Foi um dos pilares do meu crescimento como atleta, assim como o Wesley Carvalho. Na seleção, tive o professor Amadeu, que infelizmente já não está mais connosco”, sublinha.

"Taticamente, consegui melhorar bastante no Moreirense"
O médio brasileiro Alanzinho crê que melhorou taticamente ao serviço do Moreirense, em três épocas com “bons números individuais”, nas quais contribuiu para os objetivos alcançados pelo clube da Liga portuguesa.
Contratado no verão de 2022, após nove anos de ligação ao Palmeiras, o jogador tornou−se protagonista no vértice mais adiantado do miolo na primeira temporada, que valeu o título da Liga 2, e manteve esse estatuto nos dois anos a competir na elite do futebol luso, marcados pelo progresso tático em relação à experiência prévia no Brasil.
“Na Europa, precisamos muito mais de ser melhores taticamente para ajudar a equipa. No Brasil, ainda se está a trabalhar nessas questões. Com os treinadores estrangeiros a irem para lá, estão a melhorar. Taticamente, consegui melhorar bastante no Moreirense. E evoluí o meu jogo individualmente”, disse, em entrevista à Lusa.

Utilizado em 107 jogos pela equipa da vila de Moreira de Cónegos, no concelho de Guimarães, o médio contabilizou oito golos e nove assistências na época 2022/23, quatro golos e cinco assistências em 2023/24 e oito golos e seis assistências na época recém−concluída, num trajeto que lhe permite atravessar a melhor fase da carreira.
“Sim, com certeza (estou na melhor fase). Desde que cheguei ao Moreirense, tenho bons números individualmente. Temos conseguido conquistar os objetivos do clube. Estou muito feliz por manter este nível nestes três anos. Agora, quero pensar em coisas maiores. Quero continuar a trabalhar para atingir os meus objetivos individualmente”, acrescenta.
Alanzinho reconhece que a época 2023/24, marcada pelo sexto lugar e pelo recorde absoluto de 55 pontos no historial dos cónegos, sob o comando do agora treinador do Sporting, Rui Borges, foi a “melhor coletivamente”, com um setor intermédio em que coabitou com Ofori e Gonçalo Franco.
“O meio−campo que coletivamente teve mais sucesso foi aquele em que estive dois anos junto com o (Gonçalo) Franco e o Ofori. Neste ano, joguei eu, o Rúben Ismael e o Ofori. E também estive com o Benny e com o Ivo (Rodrigues). Voltámos a ajudar bastante o Moreirense”, frisa.
Natural de São Paulo, a cidade mais populosa da América do Sul, com mais de 20 milhões de habitantes na área metropolitana, o jogador admite ter encontrado uma realidade “muito diferente” em Moreira de Cónegos, vila com perto de cinco mil pessoas, mas a adaptação foi “muito boa e rápida”, devido ao acolhimento de colegas e adeptos.

Habituado a encontrar “muitos adeptos” em todos os estádios onde jogava no Brasil, o criativo salienta que os adeptos do Moreirense são “muito mais respeitosos e acolhedores”, apesar do menor número, por comparação.
O Estádio Comendador Joaquim de Almeida Freitas teve uma média de 2.387 espetadores na edição 2024/25 da Liga portuguesa, a 16.ª entre os 18 clubes em prova.
“Aqui, há mais adeptos nos jogos com os grandes, mas a quantidade também não quer dizer nada. Em Moreira (de Cónegos), os adeptos são em pouca quantidade, mas muito respeitosos e têm um carinho grande por nós”, observa.