Em tempos, parecia uma relação perfeita. Vinícius Júnior chegou ao Real Madrid depois de uma transferência milionária do Brasil, passou pela equipa B e lutou até se tornar num dos melhores jogadores do mundo. Agora, tudo indica que a relação caminha para um desfecho amargo.
Em declarações à Bein Sports esta semana, a lenda do Arsenal Arsene Wenger partilhou a mesma opinião, afirmando: "Não estou totalmente convencido de que o futuro de Vinicius passa pelo Real Madrid."
Se o jogador de 25 anos sair da equipa de Xabi Alonso, será provavelmente uma das maiores vendas da história do futebol. Como chegámos aqui e o que se segue?
Longe de um acordo
O cerne do problema entre jogador e clube é o dinheiro. Vini pretende um contrato ao nível do de Kylian Mbappé, mas o Real Madrid não está disposto a pagar os alegados 600.962 euros por semana.
O contrato atual de Vinicius Jr com os merengues termina no verão de 2027. Vários relatos no início do ano sugeriam que o acordo estava praticamente fechado, mas o círculo do jogador negou, e tudo voltou à estaca zero.
Desde então, o silêncio tem sido absoluto, e episódios como o que aconteceu quando foi substituído na vitória por 2-1 no clássico não lhe têm trazido benefícios, com o BILD a reportar que o clube "está farto" e quer deixar claro que nenhum jogador está acima do clube.
Apesar de tudo, o Real Madrid está a fazer tudo para garantir que renova contrato, evitando repetir o que o PSG viveu com Mbappé. Ironicamente, não?
Quem pode realmente pagar?
Imaginemos que não renova e o Real Madrid o coloca à venda no próximo verão. Não só exigiriam provavelmente mais de 100 milhões de euros, como qualquer clube interessado teria de desembolsar quase o mesmo valor em salários ao longo do contrato.
Alguns clubes da Premier League poderiam avançar, como Chelsea, Manchester City, United e talvez Liverpool, mas estão a afastar-se de contratos astronómicos, preferindo acordos baseados em desempenho para garantir sustentabilidade a longo prazo.
O PSG talvez conseguisse, mas não precisa de um extremo-esquerdo e, além disso, abandonou o modelo de superestrelas, o que lhes permitiu finalmente conquistar a Liga dos Campeões na época passada.
Resta o "elefante na sala": a Arábia Saudita. Nos últimos tempos, Vini tem sido frequentemente associado a uma transferência que lhe renderia cerca de 1 milhar de milhão de euros em cinco anos, ou seja, aproximadamente 200 milhões por temporada.
Os clubes sauditas não estão sujeitos às mesmas regras financeiras que os europeus e, somando o facto de o país não ter imposto sobre o rendimento pessoal, a proposta é extremamente apelativa.
O dinheiro é um fator, mas a Liga Profissional Saudita não tem o mesmo nível das principais ligas europeias, o que levanta a questão: estará Vinicius Jr disposto a abdicar de uma carreira ao mais alto nível para aceitar tal oferta?
Quem pode substituir no Real Madrid?
De certa forma, a saída de Vinícius Júnior resolveria um grande dilema para o Real Madrid. Mbappé também prefere atuar pela esquerda, mas tem jogado como avançado para acomodar ambos no onze inicial.
Com o brasileiro fora, o francês ocuparia o seu lugar, ficando por decidir quem assumiria a posição de ponta-de-lança. A resposta óbvia é Erling Haaland, que tem sido associado a uma mudança para Espanha desde que chegou à Premier League.
No entanto, isso parece um sonho distante, independentemente do que a imprensa espanhola insista. O norueguês assinou recentemente um contrato de nove (!) anos com o Man City, e se o Real Madrid pensa que pode pressionar o City para conseguir um bom negócio, está enganado.
A verdade é que há uma escassez de avançados de topo, e a maioria mudou de clube este verão. Se ao menos o Real Madrid tivesse um jovem cheio de potencial à espera de minutos... ora, pois!
Tal como aconteceu com Vini, se ele sair, a melhor opção para Xabi Alonso e companhia será apostar em Endrick. Afinal, há uma razão para terem investido cerca de 60 milhões de euros nele.
Vini está numa situação delicada. As suas exigências salariais significam que sair do Real Madrid provavelmente ditaria o fim da sua carreira na Europa, e embora o clube não queira perdê-lo, neste momento não está a justificar tal salário em campo.
É de esperar que a mudança para a Arábia Saudita aconteça num futuro não muito distante.