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Caso Dani Olmo: Como o Barcelona chegou a este ponto?

Joan Laporta numa situação complicada
Joan Laporta numa situação complicadaMATTHIEU MIRVILL/Matthieu Mirville/DPPI via AFP
Depois de um início de época prometedor, o Barcelona, terceiro classificado da LaLiga e à beira dos oitavos de final da Liga dos Campeões, começou 2025 em polvorosa, com um imbróglio jurídico em torno do seu jogador Dani Olmo, que tem vindo a afetar o presidente Joan Laporta.

O Barça, ainda no vermelho financeiramente apesar de ter ativado várias alavancas para tentar cumprir as regras do fair play financeiro da La Liga, recorreu ao Conselho Superior dos Desportos (CSD) como último recurso para obter a reintegração do jogador, campeão europeu com a Roja e estrela do verão, bem como do jovem Pau Victor, cujas licenças temporárias expiraram.

O clube catalão aguarda agora uma decisão favorável deste organismo, que depende do Ministério da Educação e do Desporto, para que Dani Olmo e Pau Victor possam obter uma nova licença e voltar a jogar com a camisola blaugrana.

Os dois jogadores faziam parte da equipa do Barcelona que viajou para a Arábia Saudita para disputar a Supertaça de Espanha, mas não havia garantias de que pudessem jogar.

Como é que as coisas chegaram a este ponto?

A história remonta ao verão passado. Atolado em dívidas e com uma massa salarial ainda demasiado elevada para os seus recursos actuais, o Barcelona aproveitou a lesão do seu defesa Andreas Christensen para inscrever temporariamente Olmo, que tinha sido contratado por quase 60 milhões de euros depois de ter brilhado no Euro-2024 com a Espanha, bem como o jovem Pau Victor.

Com as suas licenças a expirar a 1 de janeiro, e sem garantias financeiras suficientes, a LaLiga retirou os dois espanhóis da lista de jogadores inscritos no plantel profissional catalão.

Depois de perder duas acções judiciais para obter novas licenças para Olmo e Victor na semana passada, o Barça tentou encontrar fundos e vendeu a exploração dos lugares VIP no Camp Nou, ainda em construção, por um valor estimado de 100 milhões de euros em 20 anos, a empresas do Catar e dos Emirados. No entanto, o clube não cumpriu o prazo estabelecido pela La Liga, que afirma ter recebido os documentos apenas a 3 de janeiro.

A La Liga confirmou então que o novo dinheiro tinha dado ao Barcelona garantias suficientes para cumprir o Fair Play Financeiro e poder funcionar normalmente, mas que as licenças de Olmo e Victor tinham efetivamente expirado, uma vez que os regulamentos actuais impedem os jogadoresde "obterem uma licença com o mesmo clube ao qual já estavam ligados" durante uma época.

De acordo com a imprensa espanhola, o Barcelona considera que esta regra é obsoleta e que deve ser autorizado a registar a dupla, uma vez que tem agora os fundos necessários e a janela de transferências está aberta. A ministra do Desporto, Pilar Alegria, revelou que o CSD está atualmente a analisar os argumentos do Barcelona.

Laporta sob pressão

A situação colocou o presidente do clube, Joan Laporta , numa posição delicada, com vários grupos de adeptos e figuras da oposição a pedirem a sua demissão na sequência de mais este embaraço para a imagem do gigante catalão, já manchada por anos de má gestão financeira.

Dez grupos de adeptos apelam mesmo a uma moção de censura, apesar de o seu mandato se prolongar até 2026.

Laporta assumiu o cargo em março de 2021, numa altura em que o Barça estava à beira do colapso e endividado em mais de mil milhões de euros. Desde então, empenhou-se em restaurar o prestígio do pentacampeão europeu e fez um exercício de equilíbrio para reduzir a massa salarial do clube, mantendo um plantel competitivo.

Vendeu as receitas futuras da televisão e uma série de activos, e contraiu empréstimos bancários para financiar as obras no Camp Nou. No entanto, alguns acusam o presidente do Barcelona de hipotecar o futuro do clube.

Além do impacto desportivo, o desfecho do caso Olmo pode ser decisivo para o presidente do Barcelona, que sonha em levar o Barça de volta ao topo da Europa, como fez durante o seu segundo mandato (2008-2010).