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"Caso Olmo" alimenta cisão institucional no futebol espanhol

Joan Laporta, presidente do Barcelona
Joan Laporta, presidente do BarcelonaMatthieu Mirville / Matthieu Mirville / DPPI via AFP
A LaLiga e a Real Federação Espanhola de Futebol (RFEF) de um lado, o Barcelona do outro e o Governo espanhol como árbitro: a decisão do Conselho Superior de Desportos (CSD), de conceder ao clube azulgrana uma medida cautelar para poder registar Dani Olmo e Pau Víctor, pode acabar numa cisão institucional no futebol espanhol.

O presidente da LaLiga, Javier Tebas, descreveu o imbróglio regulamentar como uma "tragicomédia" com "muitas coisas" que "surpreendem": "Rapidez do processo", "esquecimento de resoluções anteriores", "profunda ignorância" do CDS sobre os "regulamentos de licenciamento", enumerou o dirigente da associação patronal numa longa mensagem publicada na rede social X.

"Ignorância" dos regulamentos

"Não há acordos prévios nestas instituições?", questionou o presidente, que precisou que o organismo "contradiz o que está escrito nas razões da Lei do Desporto, onde se elogia o controlo económico da LaLiga".

Confrontado pelo presidente do Real Madrid, Florentino Pérez, Tebas não perdeu a oportunidade de ironizar o papel assumido pelo clube merengue neste caso.

"O presidente do CSD parece dar ouvidos a uma única voz, que não representa o futebol profissional espanhol. Onde está agora a Real Madrid TV?", o órgão de comunicação do clube, que é muito beligerante noutras questões, como a arbitragem.

Durante a primeira meia-final da Supertaça de Espanha, na Arábia Saudita, entre o Barcelona e o Athletic Bilbao, que acabou por ser ganha por 2-0 pela equipa Culé, o novo presidente da RFEF, Rafael Louzán, disse à Movistar que a sua organização "trabalha de mãos dadas com a LaLiga".

"Vamos analisar o contexto e, a partir daí, daremos as devidas explicações a respeito", disse logo após o anúncio da decisão do CSD, minutos antes da partida.

Louzán, no entanto, lembrou que "há um regulamento que também é aprovado pelo CSD".

Laporta sem limites

A LaLiga cancelou as licenças de Olmo e do jovem Pau Víctor (as duas contratações do Barça para esta época) depois de o clube catalão não ter cumprido o fair play financeiro a 31 de dezembro.

Numa nova tentativa de inverter a situação, o Barça levou o caso ao CSD, que decidiu manter a medida, que tem "carácter provisório até à resolução definitiva do recurso apresentado pelo clube e pelos referidos jogadores".

Depois de ouvir a notícia, o dirigente do Barcelona reagiu com grande alegria. Imagens transmitidas pelo canal TV3 mostraram Laporta a entrar eufórico no estádio de Jeddah, fazendo uma "botifarra", um corte nas mangas, aos seus críticos.

Vários meios de comunicação social noticiaram também que o presidente do Barça chegou ao camarote proferindo insultos e batendo em diferentes objetos.

"As regras não são as mesmas para todos"

Laporta, que até ao momento não deu explicações, dará uma conferência de imprensa sobre o caso na próxima terça-feira, informaram os meios de comunicação catalães.

Num gesto pouco habitual, até os futebolistas se manifestaram para avaliar o caso. O mais enérgico foi o avançado do Athletic, Iñaki Williams. "Parece que as regras não são iguais para todos. Se decidiram isto por alguma razão, será por alguma coisa, mas nunca deixa de nos surpreender", disse após o jogo.

"A imagem do futebol pode estar um pouco manchada porque há muita divisão, muitas coisas não são compreendidas, temos de encerrar este capítulo para o bem do futebol espanhol", acrescentou, antes de mostrar a sua satisfação pelos seus companheiros de equipa.

"A única coisa que eles querem é jogar futebol, por isso estou feliz por eles", concluiu.

Apesar da decisão da CSD, o caso está longe de estar encerrado, especialmente se, como sugerem alguns meios de comunicação, vários clubes estiverem a considerar processar o Barcelona por alinhamento impróprio no caso de Olmo e Pau Victor jogarem, uma ação que, a confirmar-se, poderá ter graves consequências para o futebol espanhol.