Mais

Drenthe critica Mourinho: "Não teve coragem de me dizer as coisas"

Royston Drenthe era um dos prodígios do futebol mundial
Royston Drenthe era um dos prodígios do futebol mundialMarcel van Dorst / NurPhoto / NurPhoto via AFP
O carismático antigo futebolista neerlandês visitou o podcast "The Wild Project", apresentado pelo famoso YouTuber espanhol Jordi Wild.

Chegou ao Real Madrid em 2007 com o troféu de melhor jogador do Campeonato da Europa de Sub-21 desse mesmo ano como carta de apresentação. Pouco depois de ter ganho esse prémio, emocionou o Bernabéu com um golo de mais de 30 metros na segunda mão da Supertaça de Espanha. No entanto, Royston Drenthe acabou por deixar a capital espanhola em 2011 pela porta das traseiras, depois de ter sido descartado por José Mourinho.

"No início, estávamos bem, mas quando regressei do Hércules.... Havia quatro jogadores no balneário que não podiam treinar com a equipa por causa de um disparate. A razão deles era o que eu tinha feito no Hércules, não ir treinar por dinheiro. Muito 'blá, blá, blá'", recorda.

"Já não podia trabalhar com ele. No início estava tudo bem, fomos fazer a pré-época a Los Angeles e eu e o Marcelo estávamos a jogar. Depois o Marcelo lesionou-se e eu tive de jogar a pré-época toda, estava tudo bem. Não sei porque é que contrataram o Coentrão, porque ele disse-me que se eu continuasse a treinar e a jogar assim não tinha de me preocupar", continuou.

No entanto, os planos da direção desportiva eram outros: "Depois, nos últimos três dias, o Valdano veio ter comigo para me dizer que era melhor eu ser emprestado. Não foi o treinador, foi o Valdano. Perguntei ao treinador, mas ele não teve coragem de me dizer as coisas. Disse-me que eram as pessoas de cima, o Valdano, etc., que ele não tinha nada a ver com isso", explicou.

O racismo de Messi?

Durante um duelo entre o Barcelona e o Hércules, Drenthe teve um confronto bastante aceso com Leo Messi. "Chocámos frente a frente porque ele me chamou 'preto de m...'", contou ao The Wild Project: "Eu estava habituado ao facto de os jogadores argentinos, como o Garay, por exemplo, lhe chamarem sempre 'preto'. Para eles era normal dizerem isso, mas é preciso perceber que um tipo como eu, ou mesmo o Mahamadou Diarra, não gostavam disso. Ele (Diarra) é africano e tem a sua própria cultura, e não gostou", disse.

"Depois disso, não falámos mais sobre isso (com Messi) e o assunto passou. Tenho muito respeito por ele, porque tem sido um dos melhores jogadores do mundo", acrescentou, tirando um pouco do calor do incidente com o internacional argentino.

Depois disso, o neerlandês avaliou a situação atual do racismo nos campos de futebol:"Eu próprio não passei por isso, mas ainda há muito racismo. No meu caso, se não vierem dizê-lo na minha cara, não me importo. Nasci nos Países Baixos, tenho um passaporte neerlandês e não sofri muito racismo, mas sinto-o, especialmente com os meus filhos. A minha filha mais nova está muito preocupada com esta questão", afirmou.

Rejeição do Barcelona

Para gáudio dos adeptos madrilenos, Roy explicou que, quando assinou pelo Real Madrid, teve a oportunidade de ir para o Barcelona, mas preferiu vestir de branco: "A lenda Ronaldo, que jogava no Real Madrid nos últimos anos, era um homem gordo, mas continuava a ser um rei. Para mim, era como se dissesse 'quero jogar naquele clube onde ele esteve, onde Beckham, Roberto Carlos, Zidane estiveram'", disse sobre as razões que o levaram a escolher a capital espanhola.

"Até hoje, posso dizer que nos Países Baixos, no meu bairro, me chamam 'lenda', porque sabem o que é o Real Madrid", disse o jogador a um interessado Jordi Wild.

Os seus últimos momentos no futebol espanhol foram vividos em Múrcia. "Em Múrcia, vive-se e come-se bem, e as festas locais são muito boas", afirmou.

Os números de Drenthe
Os números de DrentheFlashscore