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Evasão ou vitória: o desafio de Endrick para 2025

Endrick vai querer jogar mais em 2025
Endrick vai querer jogar mais em 2025Alberto Gardin / NurPhoto / NurPhoto via AFP
O jovem avançado brasileiro jogou apenas 160 minutos em todas as competições e começa o novo ano com a necessidade de melhorar o seu jogo ou de procurar uma saída no mercado de verão. O primeiro teste chegará, como se de um presente se tratasse, no dia de Reis (18:00) contra o Deportiva Minera, para a Taça do Rei.

Acompanhe aqui as incidências do encontro

Quando decidiu explorar a sua faceta de ator, Pelé participou no filme "Evasão ou Vitória", de 1981, ao lado de Sylvester Stallone e Bobby Moore, entre outros. Nele, o lendário futebolista brasileiro ajuda os seus companheiros de prisão num campo de concentração nazi a fugir através de um jogo de futebol organizado por um comandante alemão que, antes da guerra, tinha sido futebolista profissional e chegou a fazer parte da seleção alemã.

Uma história de luta e de sobrevivência em que um dos melhores jogadores de todos os tempos mostrou a sua capacidade de sair vitorioso numa situação comprometedora. Fora da ficção, agora, em pleno 2025, há um garoto de Taguatinga, que já foi comparado ao mítico "10" do Santos e da Seleção, que, mantendo a distância, passa por situação semelhante no Real Madrid.

Estatísticas de Endrick
Estatísticas de EndrickFlashscore

O jovem é ninguém menos que o promissor Endrick (18). Com atuações sensacionais pelo Palmeiras desde os 16 anos e um visual que lembra o falecido (em 2022) craque mineiro, o atacante merengue conquistou rapidamente uma passagem para a Europa. No entanto, na capital espanhola, encontrou uma dura realidade, a de ter de competir todos os dias com estrelas mundiais por um lugar, que o fez praticamente desaparecer do mapa.

A pouca participação do camisola 16 até ao momento nesta época já o levou a perder o lugar que tinha conquistado na seleção principal do Brasil. E, se não quiser continuar a cair no poço, tem duas opções: lutar para aumentar o protagonismo no Bernabéu ou começar a procurar um novo destino (por empréstimo) para a época 2025/26.

Preso por Ancelotti

Carlo Ancelotti quase nunca o leva a campo, mas confirmou recentemente que o quer no plantel: "Endrick fica, Güler também. Talvez precisem de mais minutos, mas não tenho preconceitos contra ninguém", disse o italiano a 09 de dezembro, antes do jogo contra a Atalanta, em Bérgamo.

Uma contradição em que o seu companheiro de equipa turco vive desde a chegada a Madrid, no verão de 2023, embora o otomano tenha assumido um estado de espírito completamente diferente do brasileiro. Pelo menos é isso que ambos transmitem com a sua linguagem não-verbal.

A impressão é que Guler decidiu desde o início mostrar garra e aproveitar ao máximo cada momento à sua disposição. Isso levou-o a ser relevante no final da campanha de 2023/24, com seis golos em 12 jogos. Mas o avançado sul-americano, quando voltou a ficar sem jogar contra o Sevilha, parecia cabisbaixo e sem esperança de sair do túnel escuro que atravessa.

Já não há nada, pelo menos na aparência, do tipo entusiasmante que entusiasmou os adeptos madridistas com golos na estreia na LaLiga e na Liga dos Campeões. Agora, vagueia desorientado entre o banco de suplentes e os 42 minutos que Carletto lhe concedeu nos últimos 10 jogos do campeonato.

Na esteira de Güler

Como já dissemos, está próximo do exemplo de Arda Güler (19 anos), que é incapaz de desistir. O médio tem trabalhado sem reclamar, o que lhe valeu 21 jogos esta época, um golo e três assistências.

A realidade é que Endrick, com dois golos e uma assistência em 160 minutos (uma contribuição a cada 53,34'), demonstrou com argumentos que tem capacidade mais do que suficiente para singrar no melhor clube do mundo. Para o fazer, no entanto, terá de melhorar a sua atitude e motivação. "Trabalhar e trabalhar", publicou no seu Instagram a 29 de dezembro, dizendo que não tenciona desistir em 2025.

O roteiro é claro: evasão ou vitória, como Pelé. A segunda opção é, sem dúvida, mais atrativa do que a primeira. Dentro de seis meses, saberemos se o talentoso futebolista brasileiro superou o desafio imposto por Ancelotti ou se será obrigado a procurar uma presença no Campeonato do Mundo de 2026 com outras cores que não as do Real Madrid.