- O que é que o grande Dani Solsona está a fazer agora em 2024?
- A verdade é que agora estou a fazer uma pequena pausa porque estou a ficar mais velho. Mas continuo a estar presente em muitos meios de comunicação social, a analisar jogos, sobretudo do Espanhol, e em programas de entrevistas a falar de futebol, que é o que sempre fiz durante muitos anos.
- O que é que recorda e do que é que tem mais saudades dos seus tempos de jogador?
- Comecei a minha carreira muito jovem. Tive a sorte de me estrear na equipa principal aos 18 anos, na equipa onde estive toda a minha vida no futebol de formação, desde os 12 anos, que é o Espanhol de Barcelona. Quando tinha 18 anos, deram-me a oportunidade e estive oito épocas na equipa. Depois fui transferido para o Valência, estive cinco épocas e daí dei o salto para o futebol francês. Joguei no Bastia, na ilha da Córsega, depois no Racing de Paris, em Paris, e finalmente no Rennes, na Bretanha, que foi o fim da minha carreira. Embora mais tarde, quando cheguei a Barcelona, ainda passei mais três épocas a jogar numa equipa muito representativa, o Sant Andreu, da terceira divisão. Estava prestes a reformar-me, mas convenceram-me, não foi preciso muito para me convencerem. Disse logo que sim e acabei por terminar a minha carreira futebolística aos 39 anos, mais ou menos.
- Como vê o seu querido Espanhol nesta época de regresso à primeira divisão?
- Com muitas dificuldades, como não podia deixar de ser. Todos nós sabíamos ou sabemos, com o plantel que temos e tendo subido na época passada, que este ano ia ser um ano de sofrimento. E a verdade é que é assim, não começámos bem, a equipa está em sérias dificuldades, está na zona de despromoção. O Espanhol ainda tem seis jogos pela frente, porque há o jogo adiado com o Valência, e desses seis para terminar a primeira volta, a equipa, para não ter de sofrer mais do que o necessário na segunda volta, teria de ganhar pelo menos três e assim ficar com 19 ou 20 pontos. Agora tem 10 pontos e, por isso, na segunda volta, pode continuar a equilibrar-se com mais 20 pontos. Caso contrário, seria obrigado a fazer uma segunda volta tremenda e é complicado, é complicado. Temos de estar confiantes, temos de estar optimistas. Mas temos de continuar a ganhar, não há outra maneira.

- Quais são, na sua opinião, as principais falhas ou carências do Periquita?
- Encontrar o equilíbrio entre a defesa e o ataque é sempre a coisa mais complicada. É verdade que, se formos uma equipa em que o trabalho defensivo de todo o bloco é bom e não sofremos muitos golos, temos sempre a possibilidade de, em algumas ocasiões, marcar um golo e conquistar os três pontos, mesmo um ponto com um empate. Mas quando olhamos para as estatísticas até agora não é nada disso, porque somos uma das equipas que marca mais golos e somos também uma das que marca menos golos. Por isso, temos um défice bastante grande. No topo, os goleadores não se destacam neste momento, os três jogadores que chegaram para cumprir esta missão, que é marcar golos. Sabemos que é a coisa mais difícil de fazer, mas neste momento não está a acontecer. E, defensivamente, também não estamos muito bem, não estamos a fazer muito trabalho nem a fazê-lo bem, por isso o treinador tem de se recompor. Uma baliza limpa desde o início e depois ver se em algum momento temos um avançado como o Puado, que é o jogador que mais está a acertar, mas os outros têm de se juntar. Caso contrário, os números não vão aparecer no final da época.
- Depois do difícil clássico contra o Girona, há alguma receita para que o Espanhol tenha um desempenho especial fora de casa, já que em casa o clube tem conseguido vencer os jogos, mas fora de casa é onde mais sofre?
- Sim, porque também é verdade que jogámos contra equipas da metade superior da tabela e isso é sempre uma dificuldade acrescida. Mas, independentemente de tudo isso, os primeiros minutos da primeira parte, concretamente há três jogos, sabemos que são equipas muito fortes, mas os primeiros minutos têm sido terríveis. Contra o Athletic Club, à meia hora, a equipa já perdia por 3-0, contra o Barcelona, à meia hora, também perdia por 3-0 e, no outro dia, contra o Girona, à meia hora, já perdia por quatro. Portanto, se estamos a jogar contra equipas deste nível e meia hora depois estamos a perder por 3-0, não há muito a fazer. Penso que o treinador Manolo tem de voltar a começar, mesmo que digam que a equipa do Espanyol pode ou não parecer muito defensiva, a jogar desde o início, a estar bem agrupada, a manter as linhas juntas, a defender, é preciso defender.

E depois tentar chegar ao ataque, mesmo que seja com poucas oportunidades ou com duas ou três oportunidades. Mas a equipa tem de ser forte, pelo menos eu acho que sim, defensivamente, todo o grupo tem de trabalhar muito e dificultar as coisas ao adversário. Não se pode facilitar-lhes as coisas como tem acontecido, à exceção destes três, porque no primeiro jogo fomos a Valladolid e também não estivemos bem. E houve outros jogos em que a equipa também não esteve bem. Por isso, é preciso recomeçar, começar a defender como um grupo e esperar pelas oportunidades que possam surgir.
- A outra equipa da La Liga em que jogaste e de que já falámos, o Valência, também está em grandes dificuldades. Como os vês, achas que podem melhorar, especialmente depois daquela vitória muito emotiva contra o Betis, após o recomeço da competição depois da infeliz DANA?
- O Valência também está a atravessar um mau momento. O outro dia foi um resultado bastante expressivo, mas a isso junta-se o facto de os valencianos, os sócios, os adeptos, estarem todos muito zangados, sobretudo com o trabalho do seu responsável, Peter Lim, que também não está a reforçar a equipa com os elementos que, na minha opinião, deveria fazer para colocar o Valência de novo ao nível que todos desejamos. Ele tem uma equipa com jovens, alguns experientes e tem de fazer um trabalho brutal. Penso que no final também vão estar nestas posições de luta entre as oito ou nove equipas que vão lutar para evitar a despromoção, não há outra opção.
- Mencionou Peter Lim e isso também nos faz pensar que tanto o Espanhol como o Valência estão nas mãos de, digamos, magnatas asiáticos, que dificilmente passam pela cidade desportiva ou pelo estádio do clube. Ambos têm tido problemas a nível desportivo, algumas dificuldades institucionais, dificuldades na contratação de jogadores no verão passado.
R- Em princípio, tem funcionado bem, no caso do Espanhol. Quando o Sr. Chen adquiriu a totalidade das acções, fez um grande investimento. Mas ao longo das épocas, o que estamos a ver é que o que as pessoas querem é que os reforços cheguem mais ou menos ao nível que corresponde ao clube, para que não estejamos sempre nesta situação em que parece que estamos bem, parece que não, ora estamos a descer, ora estamos a subir. Portanto, ser uma equipa promovida é o que não gostamos e não fazemos esses reforços. Houve uma época, acho que foi na Segunda ou na Primera, não me lembro bem, que no mercado de inverno tiveram de fazer um esforço tremendo para contratar o Cabrera, o Calero, o Embarba e o Raúl de Tomás. Agora, acho que em dezembro a equipa deve ser reforçada. Mas, claro, onde é que se encontram jogadores que possam dar retorno imediato, que sejam acessíveis e que não queiram estar noutras equipas? É sempre muito complicado. E o Valência, três quartos da mesma coisa. Jovens jogadores saídos das camadas jovens que estão a ter bons resultados. Têm alguns jogadores que já têm alguma experiência, mas se quisermos lutar pelo meio da tabela, para não dizer pelo acesso à Europa, temos de ter os elementos certos.