Um ex-SC Braga e um campeão do mundo: Seis jogadores do Athletic que representaram outras seleções

Bixente Lizarazu, frente a Iván Helguera com Gaizka Mendieta em segundo plano, no França-Espanha do Euro 2000
Bixente Lizarazu, frente a Iván Helguera com Gaizka Mendieta em segundo plano, no França-Espanha do Euro 2000OLIVIER MORIN / AFP

A filosofia do clube determina que apenas podem vestir a camisola vermelha e branca futebolistas nascidos ou formados no País Basco e Navarra, assim como na zona de língua basca do sul de França. Contudo, os movimentos migratórios provocaram, tal como no resto do mundo, que o Athletic tenha contado nos últimos anos com jogadores de identidades múltiplas.

Sem ir mais longe, nos últimos anos chegaram à equipa principal futebolistas como Adama Boiro (nascido no Senegal, mas criado em Espanha desde os quatro anos) ou Selton Sánchez (nascido em Durango, filho de espanhol e brasileira, além de primo de Roberto Firmino).

Também há os casos de Malcom Adu Ares (nascido em Bilbau, filho de pai da Guiné-Bissau e mãe espanhola) ou, recuando mais no tempo, Vicente Biurrun (nascido no Brasil por motivos familiares, mas internacional pela seleção olímpica espanhola e pela principal, embora nunca tenha chegado a estrear-se por esta última).

No entanto, neste artigo vamos focar-nos nos jogadores que vestiram a camisola do Athletic e foram internacionais absolutos por uma seleção que não é a espanhola.

Bixente Lizarazu (França)

O lateral esquerdo de São João de Luz, campeão mundial em 1998 e europeu em 2000 com França, esteve uma época no Athletic, concretamente na temporada 96-97.

Lizarazu chegou a Bilbau vindo do Girondins de Bordéus, onde tinha sido vice-campeão da Taça UEFA ao lado de Zidane. Em San Mamés jogou uma época, na qual disputou 16 partidas de Liga e duas de Taça, acabando por transferir-se para o Bayern. Em Munique, entre muitos outros títulos, conquistou a Champions em 2001. Retirou-se no Olympique de Marselha.

Lizarazu é o segundo jogador do Athletic a ser internacional pela seleção francesa, mas o primeiro a fazê-lo tendo nascido em França. O outro foi Manuel Anatol entre 1929 e 1934. Este engenheiro e atleta nasceu em Irún e tinha dupla nacionalidade.

Fernando Amorebieta (Venezuela)

Um caso semelhante ao de Biurrun. Amorebieta nasceu na Venezuela porque a sua família, originária de Biscaia, emigrou para lá, já que o seu pai era jogador de cesta punta. O defesa-central foi internacional por Espanha nas categorias jovens e chegou a ser convocado para a seleção principal, para um amigável contra a Dinamarca em 2008, embora não tenha chegado a estrear-se.

Perante esta situação, decidiu representar a Vinotinto, com a qual disputou a Copa América 2015. Além disso, marcou um golo pela Venezuela frente à Argentina, na fase de qualificação para o Mundial do Brasil 2014.

Além do Athletic, Amorebieta jogou em vários clubes como Fulham, Middlesbrough, Sporting de Gijón, Independiente de Avellaneda e Cerro Porteño.

Iñaki Williams (Gana)

Nascido em Bilbau, filho de pais ganeses, Iñaki Williams, ao contrário do seu irmão Nico, que representa Espanha, escolheu o país dos seus antepassados.

No entanto, chegou a ser internacional sub-21 por Espanha e foi chamado à principal, pela qual se estreou em 2016 num amigável frente à Bósnia e Herzegovina, depois de Del Bosque ter apresentado uma lista alternativa. Também participou em treinos de preparação para o Mundial 2018 com a seleção nacional.

Contudo, perante a dificuldade de ser internacional absoluto por Espanha, em 2022 anunciou que iria representar Gana. Com a seleção africana disputou o Mundial do Catar 2022 e a Taça das Nações Africanas 2024.

Jonás Ramalho (Angola)

O lateral esquerdo estreou-se pelo Athletic no Sánchez Pizjuán a 20 de novembro de 2011, tornando-se o primeiro jogador negro a vestir a camisola do Athletic. Nascido em Baracaldo, filho de pai angolano e mãe espanhola, foi internacional pelas seleções jovens de Espanha.

No entanto, acabou por representar Angola. Em 2019 foi convocado para preparar a Taça das Nações Africanas, embora tenha ficado fora da lista final, e em 2020 estreou-se num amigável frente a Moçambique. Atualmente joga no Olympic Charleroi da Bélgica, depois de uma carreira por vários clubes espanhóis, da Arábia Saudita, Barém e Kuwait.

Maroane Sannadi (Marrocos)

O avançado nasceu em Vitória, mas é filho de pais marroquinos. Por esse motivo, foi convocado pela primeira vez por Walid Regragui em maio deste ano para disputar dois amigáveis com a seleção norte-africana.

A operação ao menisco, à qual foi submetido no início de novembro, impede-o de estar com Marrocos na Taça das Nações Africanas que decorre no seu país de origem, mas vai lutar por um lugar no Mundial.

Álvaro Djaló (Guiné-Bissau)

Nascido em Madrid, de ascendência guineense, e criado em Biscaia, Álvaro Djaló é primo de Malcom Adu Ares. Atualmente está emprestado ao Al Gharafa do Catar pelo Athletic, clube ao qual chegou vindo do Sporting de Braga.

Djaló optou por representar a Guiné-Bissau e em outubro estreou-se como internacional num jogo de qualificação para o Mundial 2026 frente ao Egito.

O caso inverso: Laporte, apesar de ter nascido em França, representa Espanha

No Athletic existe o caso inverso com Aymeric Laporte. O defesa-central nasceu em França, concretamente na localidade de Agen. Formado no clube basco, e emprestado antes de atingir a maioridade ao Aviron Bayonnais, decidiu representar Espanha apesar de ter jogado nas seleções jovens do país vizinho.

Agora de regresso a Bilbau, depois de ter passado pelo Manchester City e pelo Al Nassr, representou a seleção nacional em 43 ocasiões, tendo marcado dois golos. Participou nas Eurocopas de 2020 e da Alemanha 2024, conquistando o título nesta última e também no Mundial do Catar 2022. Além disso, ergueu a Nations League 2023 com Espanha.