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No plano estatístico, o registo de Angel Gomes não é desastroso, mas está aquém das expectativas do staff e dos adeptos. Em 13 jogos da Ligue 1 esta época, o médio marcou 3 golos, mas ainda não fez qualquer assistência. Apesar da sua eficácia na finalização ser digna de nota, a falta de influência global na criação e dinamização ofensiva tem sido criticada. Aliás, foi substituído ao intervalo por Roberto De Zerbi no empate 2-2 frente ao Toulouse, um jogo crucial para o Marselha, que poderia ter assumido a liderança do campeonato em caso de vitória.
A dificuldade em encontrar um papel definido e adaptar-se ao modelo tático de De Zerbi levou mesmo a imprensa a falar numa possível má escolha de casting, colocando em risco o seu futuro em Marselha apenas seis meses após a chegada. No entanto, antes da vitória na Liga dos Campeões frente ao Newcastle (2-1), o médio de 25 anos garantia: "Sinto-me bem. Ainda estou em fase de adaptação, não ao campeonato, mas à equipa. Estou feliz, fazem-me sentir em casa."
Se ainda não encontrou o seu espaço tático em campo, pelo menos pode contar com o apoio dos colegas, como Timothy Weah, que também foi seu companheiro no Lille, e que saiu em sua defesa na conferência de imprensa de quinta-feira: "Angel Gomes? No futebol, há sempre altos e baixos. É um jogador de topo. É como um irmão para mim. Tento trazer alegria, boa disposição, apoiá-lo quando, por exemplo, sai ao intervalo."
Também não brilhou em Lille
O seu lado criativo não desapareceu totalmente a nível estatístico, já que é o segundo melhor driblador do campeonato entre os médios, com 75% de sucesso, apenas atrás de Vincent Marchetti, com 88%. Mas em jogos decisivos, como frente ao Newcastle na Liga dos Campeões na última terça-feira, em que o Marselha jogava a sobrevivência, Roberto De Zerbi preferiu apostar no belga Arthur Vermeeren ou no jovem Darryl Bakola.
Um insucesso que não surpreende verdadeiramente os adeptos do Lille, que sempre apontaram a sua falta de velocidade ou de físico para responder nos duelos da Liga 1. Pelo Lille, disputou 134 jogos, marcou 10 golos e fez 19 assistências. Contratado no verão de 2020 por Luis Campos, Angel Gomes era visto pelo antigo dirigente dos Dogues como uma promessa de futuro brilhante. "É um dos maiores talentos da Europa... Se tudo correr bem", dizia o português aquando da sua chegada.
Mas após três épocas no Lille e uma saída a custo zero no final do contrato, o tão falado prodígio inglês não teve muitas propostas e acabou por escolher um Marselha que lhe prometia Liga dos Campeões e ambientes escaldantes num Vélodrome praticamente sempre esgotado nas últimas duas temporadas.
Um perfil especial?
O paradoxo é que Gomes escolheu o Marselha precisamente por esse contexto de pressão intensa. No momento da assinatura, justificou a decisão com uma forte comparação à sua cidade natal: "A dimensão do clube, o estádio, os adeptos... Sabem, quando se é grande jogador, quer-se sempre jogar sob pressão. Adoro esta atmosfera, adoro os adeptos. Todos estão unidos em torno do clube. Tenho um passado algo semelhante em Manchester e acho que esta união à volta do clube é algo bonito."
Atualmente, o jogador parece longe de ter assimilado esta pressão acrescida dos adeptos, num Marselha onde qualquer reforço que não renda rapidamente é transferido para longe da cidade. Em declarações ao jornal La Provence, um dos seus antigos treinadores questiona-se sobre a posição que deve ocupar no sistema de De Zerbi: "Tinha mais perfil para o futebol praticado na época passada, não para o deste ano, que é mais direto. A bola circula mais rápido. Quando o ritmo é elevado, ele tem dificuldades em ser um verdadeiro box-to-box. Tem qualidades para jogar como organizador, mas perde-se na saída de bola."
O jogo frente ao Lille promete ser ainda mais difícil de gerir para o médio, pois reencontrará um ambiente que, embora familiar, não lhe é propriamente favorável, e o estilo de transições rápidas do Lille deverá obrigar o Marselha a jogar a alta velocidade. Mas é também um encontro decisivo para si, a duas jornadas da Liga 1 da pausa de inverno, continuando à procura de um jogo de referência após quatro meses passados na costa mediterrânica.

