Já ninguém se lembra, porque já passaram muitos anos, daqueles dias no início de novembro, durante os quais os dirigentes dos clubes eram obrigados a fechar apressadamente os seus negócios, na esperança de terem, dessa forma, reparado os erros de planeamento cometidos durante o verão ou os danos causados pela intervenção do azar (leia-se lesões). Não é por acaso que este pequeno interlúdio foi designado por "mercado de reparação".
Desde há alguns anos, como todos sabemos, já não é esse o caso. E não só porque a sessão passou para janeiro, mas também e sobretudo porque não dura apenas alguns dias, mas um mês inteiro. Sim, 31 dias (este ano de 2 de janeiro a 2 de fevereiro) de rumores, de especulações, de negócios de tostões, mas também de grandes contratações.

E sim, porque há sempre algum clube em crise, para o qual a época não está a correr como se imaginava em agosto e que, por isso, não pode deixar de intervir. Sobretudo se também tiver chegado um novo treinador, com as suas próprias ideias e a sua forma preferida, que muitas vezes não tem nada a ver com a do seu antecessor.
Os desejos de Amorim
É por esta razão que esperamos que o extravagante Manchester United de Ruben Amorim seja um dos grandes atores da sessão do mercado de futebol de inverno de 2025. Até porque os red devils não têm falta de recursos e, se decidiram apostar forte no talentoso treinador português, não podem deixar de tentar concretizar alguns dos seus desejos já em janeiro.
Viktor Gyökeres pode não chegar, mas esperamos que algo importante aconteça à sombra de Old Trafford, considerando que Marcus Rashford também já fez saber que pretende sair. Entre os outros clubes europeus de topo, o Paris Saint Germain (sobretudo na Europa), o AC Milan e a Juventus também não estão muito bem, enquanto os grandes de Espanha e da Alemanha não deverão provocar abalos sísmicos que possam perturbar o equilíbrio do ecossistema futebolístico europeu.

A sensação, da mesma forma, é que um dos protagonistas absolutos das sessões de mercado (de inverno ou de verão, pouco importa) não irá alterar o seu equilíbrio, até porque a cura Maresca parece estar a funcionar.
Um recorde "azul"
Referimo-nos ao Chelsea que, em janeiro de 2023, estabeleceu um recorde muito difícil de bater ao investir 329,5 milhões de euros, 121 dos quais acabaram nos cofres do Benfica por Enzo Fernández.
De um modo geral, não será fácil ver clubes dispostos a gastar tanto dinheiro em janeiro no futuro, mas nunca se deve dizer nunca, especialmente porque na Premier League há sempre alguém disposto a quebrar a banca.

Prova disso é que, nos últimos cinco mercados de inverno (cinco anos, de 2020 a 2024), os clubes ingleses gastaram tanto como os da Serie A, Ligue 1 e La Liga juntos: mais de 1,7 mil milhões de euros, metade dos quais no famigerado janeiro de 2023, quando, enquanto os clubes do outro lado do Canal da Mancha gastaram quase 850 milhões de euros, as equipas das outras quatro principais ligas do velho continente investiram um total de 270 milhões de euros.
O belo exemplo português
Em janeiro passado, por outro lado, foi o Paris Saint Germain (e os clubes da Ligue 1 em geral) que interveio decisivamente no seu plantel, gastando um total de 105 milhões, 65 milhões dos quais foram, mais uma vez, para os cofres do Benfica. E, já agora, não é de hoje que descobrimos a capacidade dos grandes clubes portugueses para saberem valorizar os seus jogadores, gerando generosas mais-valias. E é por isso que os adeptos do Sporting temem, com razão, que, se a proposta certa aparecer, o seu artilheiro sueco faça as malas.
A Juventus, por seu lado, realizou o maior roubo de 2022 ao comprar Dusan Vlahovic à Fiorentina por mais de 80 milhões, enquanto no ano anterior foi a Red Bull Factory que transferiu Dominik Szoboszlai do Salzburgo para o Leipzig por 36 milhões. Este foi o primeiro mercado de inverno pós-Covid e o mais austero, com apenas 346 milhões investidos pelos cinco principais torneios europeus.

Com exceção de janeiro de 2023, nenhuma das outras sessões de inverno pós-Covid gastou tanto como em 2020, quando foram investidos mais de mil milhões (o pico foi atingido pelo Manchester United, que levou Bruno Fernandes do Sporting por 65 milhões). Em 2022 e 2024 rondou os 700 milhões, um valor que teria rondado mesmo em 2023 sem as loucuras dos blues.
E, provavelmente, é precisamente num valor muito semelhante a este que se situará a despesa total das cinco principais ligas - mais ou menos uns cêntimos - até ao próximo mês de janeiro. A menos que o Manchester United e algum outro clube inglês particularmente desiludido com a sua primeira parte da época decidam o contrário. No resto do velho continente, de facto, o pote continua a chorar.
