Uma vitória por 1-2 em Angers, no domingo, colocou a equipa do norte um ponto acima dos campeões europeus Paris Saint-Germain e dois à frente do endinheirado Marselha, levando-os ao topo pela primeira vez desde agosto de 2004.
Ao contrário dessa liderança fugaz no início da época, há vinte anos, esta ascensão foi construída ao longo de meses, através de pressão coletiva, clareza tática e uma política de contratações criteriosa.
O treinador do Lens, Pierre Sage, tem sido o principal arquiteto deste sucesso.
Sem alterar a identidade do clube, aprimorou um jogo de pressão já exigente, baseado numa defesa a três, e fez reforços cuidadosamente escolhidos em vez de contratações sonantes.
"Ainda não atingimos o nosso teto em termos de futebol", afirmou Sage.
"Os resultados premeiam os jogadores, mas o desenvolvimento leva tempo. Ainda há margem para crescer", acrescentou.

Falar do título é prematuro
Falar do título continua a ser prematuro, mas até o antigo presidente e figura histórica do clube, Gervais Martel, que liderou a caminhada para o único título de campeão em 1998, não resistiu à tentação.
"Esta equipa é um rolo compressor", disse Martel ao diário desportivo francês L'Equipe. "Defendem avançando e pressionam os adversários até ao erro. Porque não sonhar em ser campeões?", questionou.
O contexto torna a posição do Lens ainda mais impressionante, pois há apenas alguns meses o debate centrava-se na contenção financeira.
Em vez de gastar em excesso, o clube procurou jogadores com o perfil certo para o sistema de Sage – o médio do Mali, Mamadou Sangare, o central Samson Baidoo e o guarda-redes Robin Risser, além do experiente vencedor do Mundial, Florian Thauvin.
Foi ele quem marcou os golos em Angers, com o seu primeiro bis na Ligue 1 desde 2019. Ambos os golos foram dedicados a Jonathan Gradit, afastado dos relvados por pelo menos quatro meses, após uma cirurgia a uma fratura na perna.
Gradit dirigiu-se mais tarde ao plantel a partir do hospital, por videochamada, sublinhando o espírito coletivo que tem sustentado a ascensão do Lens.
"O treinador, a equipa técnica e a direção fizeram um trabalho enorme", afirmou o avançado Florian Sotoca. "Todos estão alinhados e o nosso trabalho diário reflete-se em campo", acrescentou.
Até o capitão Adrien Thomasson admitiu que as expectativas internas foram superadas.
"No início, não imaginávamos estar aqui após 14 jornadas", disse Thomasson.
"Mas é o reconhecimento do que temos feito. Mantemos a humildade porque não somos mais fortes do que todos. Simplesmente merecemos estar onde estamos", assumiu.
O Lens lidera a elite francesa por mérito, graças à intensidade, união e coerência tática.
Se isso resultará numa luta prolongada pelo título ainda é incerto, mas para um clube que ainda se adapta a novas ambições, só o facto de estar acima de PSG e Marselha já é uma afirmação de que a garra do norte pode abalar a ordem estabelecida.
